Navio dos EUA ataca embarcação pesqueira dos Emirados Árabes
Um navio que transportava mantimentos da Marinha americana atacou na última segunda-feira (16) um barco de pesqueiro dos Emirados Árabes Unidos, nas águas do Golfo Pérsico, num indício da tensão que envolve a área. Segundo nota divulgada pela agência estatal dos EAU, a embarcação de pequeno porte estava sendo guiada por quatro indianos. Um deles foi morto e outros três estão feridos em estado grave. Ainda não está claro o motivo de a embarcação ter ignorado os alertas do USNS Rappahannock, que atirou após o barco ter se aproximado demais do perímetro de segurança do navio.
O incidente aconteceu a menos de 20 quilômetros de Dubai, que, segundo a imprensa estatal dos Emirados Árabes, seria o destino do barco, supostamente pesqueiro e tripulado por indianos. A Marinha americana diz ter operado de acordo com os procedimentos padrões de defesa: a 1 quilômetro, o USNS Rappahannock, um navio de abastecimento, lançou uma advertência verbal; ignorado, fez um disparo de alerta para, depois, abrir fogo com metralhadoras calibre 50.
“De acordo com os procedimentos de proteção da Marinha, os soldados do USNS Rappahannock aplicaram uma série de respostas planejadas, não letais, para alertar a embarcação antes de recorrer ao uso da força letal. A tripulação tentou repetidas vezes advertir os operadores da embarcação que se afastassem, dada sua aproximação deliberada”, disse em comunicado Greg Raelson, porta-voz da Marinha americana.
Raelson não confirmou se o caso foi apenas um mal-entendido ou se tinha relação com terrorismo ou iranianos. Segundo ele, o incidente está sob investigação. Apesar dos tiros, o barco não naufragou. Ele teria menos de 10 metros, tamanho similar ao de embarcações rápidas usadas pela Guarda Revolucionária iraniana para monitorar áreas do Golfo.
O Golfo Pérsico é cenário de constantes atritos devido à presença contínua dos EUA, intensificada nos últimos meses. O número de navios de guerra passou de quatro para oito — todos com capacidade para detectar minas, ou seja, reabrir o Estreito de Ormuz em caso de bloqueio pelo Irã.
De acordo com fontes do Pentágono, a embarcação pesqueira ignorou os alertas emitidos pelos americanos. O barco parecia se dirigir ao porto de Dubai, mas se aproximou em demasia do navio. Os militares tentaram avisar os passageiros da outra embarcação por rádio, quando estavam a apenas um quilômetro de distância. Ao ver que o barco ignorava os alertas, o navio americano deu um tiro de advertência. Como não houve resposta ao aviso, os militares abriram fogo. A Marinha americana argumenta que agiu sob os procedimentos de segurança.
Tarek al-Hedan, um porta-voz do ministério do Exterior dos Emirados Árabes, disse que o incidente será investigado pelas autoridades do país. A Marinha dos EUA também reforçou que abriu um inquérito que irá apurar o acontecido. O barco atacado tinha cerca de nove metros, três motores de popa e não apresentava sinais de armamentos, segundo fontes do “Washington Post”.
Tais características são comuns em barcos pesqueiros da região, mas também se assemelham com as embarcações da Guarda Revolucionária do Irã. Em 2008, o então presidente dos EUA, George W. Bush, acusou Teerã de realizar um “ato provocativo” depois que cinco barcos iranianos se aproximaram do navio de guerra USS Hopper Destroyer e navegaram fazendo barulho.
Tensões no Golfo Pérsico
Nesta segunda-feira, um grupo de deputados iranianos defendeu no Parlamento o fechamento do estreito, no que seria uma retaliação ao Ocidente. O bloqueio, que valeria até o fim de todas as sanções, incluiria uma taxa de 3% sobre a carga transportada por cada navio. Estima-se que 20% do petróleo consumido no mundo passem pelo Estreito de Ormuz.
As tensões na região estão altas desde que o Irã ameaçou fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa grande parte do transporte por águas do comércio de petróleo no mundo, em resposta às sanções ao seu programa nuclear. Os EUA reforçaram a presença militar no local, enviando mais navios e caças F-22 e F-15C a duas bases do Golfo Pérsico. Eles podem ser usados em ações de defesa como também em ataques na costa ou a regiões no interior do Irã, segundo os americanos.
A Marinha dos EUA também reforçou o engajamento no projeto “Ponce” de construção de infraestrutura de transporte e estaleiros. Quando finalizado, o “Ponce” será a primeira estação flutuante do Pentágono para operações militares e assistência humanitária no local.
Na verdade, o USS Ponce, um antigo LPD que teria sido descomissionado este ano, 2012, já foi reclassificado e sofreu modificações como “estação flutuante” ou AFSB(I) Afloat Forward Staging Base (Interim), já encontra-se no local, desde o dia 6 de julho.
O USS Ponce cumprirá esta função até por volta de 2016, até ser finalmente retirado de serviço e substituido por construções novas e mais adequadas a função.
Caro daltonl
Há um parágrafo sobre o Ponce no post acima sobre o Stennis
Os caras estão com medo da própria sombra!
O que aconteceu ao USS Cole é um bom e real motivo motivo para se ter medo.
Pois é… acho que têm que ter medo, mesmo. E, prover a segurança do meio como foi feito, é coisa que só faz quem tem como garantir o ato. O barco avançou o perímetro de segurança da embarção norteamericana e repondeu pela imprudência. Ou queria o quê? outro USS Cole?