Após o fim do embargo de exportação de armamentos pelo Japão, abriu-se a possibilidade de exportação também de submarinos – para jornal australiano, essa opção para renovação da frota da Marinha da Austrália precisaria considerar a construção local, em Adelaide

Segundo o jornal australiano Adelaide Now, houve comentários por parte do chefe-executivo do “Defence Teaming Centre” da Austrália, Chris Burns, de que a cúpula do programa do futuro submarino australiano está indo ao Japão neste mês para analisar a classe Soryu de submarinos. O jornal defende que, caso esse projeto seja escolhido, é fundamental que as embarcações sejam construídas na Austrália, para manter o dinheiro do contribuinte e os empregos no próprio país.

Segundo Burns, “se pudermos receber o projeto japonês, adaptá-lo às necessidades da Austrália, e então fabricá-lo aqui, isso é um investimento em empregos, inovação e na defesa australiana, visando o futuro. Mas essa é uma opção a se pensar, porque a compra de um submarino japonês ‘de prateleira’ seria mandar dinheiro do contribuinte  e empregos australianos para fora do país”.

A visita ao Japão, para conhecer a classe Soryu em serviço na Marinha Japonesa, deverá contar com o almirante Rowan Moffit e o cientista da área de defesa Dr Alexander Zelinsky. A classe Soryu entrou em serviço no Japão há três anos, e o acesso à sua tecnologia foi discutido em visita do chefe da Marinha Japonesa à Austrália no mês passado. Foi apenas em dezembro do ano passado que o Japão levantou um embargo pós-Segunda Guerra Mundial em exportações de defesa (nota do editor: essa iniciativa coincide com a escolha do caça F-35, na medida em que o fim do embargo permite ao Japão fabricar partes do caça e enviá-las para montagem fora do país – veja mais no último link da lista abaixo)

A classe Soryu, com 4.200 toneladas de deslocamento, é a única de novos submarinos convencionais que atende às características de tamanho e capacidades delineadas no livro branco de defesa do Governo Australiano em 2009, que planeja a aquisição de 12 novos submarinos para subistituir a atual classe Collins. Uma decisão final sobre o projeto está marcada para 2017, para que a construção possa ser então iniciada. Se essa decisão for atrasada, poderá haver uma lacuna crítica para o emprego da mão-de-obra e engenheiros entre esse projeto e o que atualmente está em andamento, relacionado ao destróier de defesa aérea (construção que deverá ser finalizada em 2017). São mais de 1.000 empregos diretos envolvidos.

A tecnologia do Soryu só ficou disponível para análise recentemente, então ainda é vista como um enigma. Porém, há fundos de 214 milhões de dólares para estudos detalhados e análises (conforme anúncio de maio deste ano) do projeto de novos submarinos, e a opção japonesa deverá ser analisada nesse contexto. Qualquer que seja a opção escolhida pelo Governo, foi confirmado pelo Primeiro Ministro que seria construída em Adelaide, na Austrália.

Sobre a classe Soryu:

Trata-se de uma versão melhorada da classe Oyashio de submarinos diesel-elétricos. A quilha do primeiro da classe, o Soryu (SS-501), foi batida em março de 2005, com lançamento em dezembro de 2007 e comissionamento em março de 2009. Seguiram-se as construções do Unryu e do Hakuryu, iniciadas em 2006 e 2007 e com comissionamentos em 2010 e 2011. O planejamento inclui a entrada em operação de mais dois submarinos em 2012 e 2013, num total de cinco unidades previstas da classe.

Também referida como  SS 2.900t ou projeto 16SS, a classe vem recebendo nomes de porta-aviões japoneses da Segunda Guerra Mundial. Trata-se da classe com maior deslocamento entre os submarinos japoneses, deslocando 2.950 toneladas na superfície e 4.200 submerso. O comprimento é de 84 metros e a boca de 9,1 metros. A tripulação é de 65 pessoas (9 oficiais) e a a classe também conta com superfícies de controle em X, comandadas por computador, e vários dos sistemas do projeto são automatizados.

O Soryu é armado com seis tubos de torpedo HU-606 de 533mm, capazes de disparar torpedos Tipo 89 e mísseis antinavio UGM-84 Harpoon. A suíte de sonares inclui o de proa, quatro de baixa frequência nos bordos e um rebocado.

Quanto à propulsão, o sistema diesel-elétrico engloba dois motores diesel Kawasaki 12V 25/25 SB-type diesel e quatro motores Stirling Kawasaki Kockums V4-275R, numa potência total de 2.900kW na superfície (para uma velocidade máxima de 13 nós) e 6.000kW em imersão (20 nós submerso), com o motor elétrico ligado a um único eixo e hélice. O alcance a 6,5 nós é de 6.100 milhas náuticas, sendo que os motores tipo Stirling conferem melhor desempenho submerso e maior alcance. Trata-se da primeira classe japonesa equipada com motores Stirling fabricados pela sueca Kockums. É um motor silencioso e sem vibrações, de combustão externa e independente do ar (AIP), que reduz a necessidade de carregar as baterias na superfície, ampliando a autonomia submersa do submarino.

FONTES: Adelaide Now e Naval Technology

FOTOS: Marinha do Japão (JMSDF)

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