O polo de interesses
Por Lada Korotun
A Rússia planeja criar ao longo da rota marítima do Ártico bases para navios de guerra e serviços de fronteira, informou o secretário do Conselho de Segurança da Rússia Nikolai Patruchev. Os peritos consideram extremamente oportuna essa decisão.
A luta concorrencial pela influência no Ártico se tem agudizado nos últimos tempos, especialmente devido ao aquecimento nessas latitudes. Neste momento são cinco os países da região Ártica a competir pela exploração dos seus recursos naturais: a Rússia, a Dinamarca, o Canadá, a Noruega e os EUA. As jazidas de hidrocarbonetos do Ártico estão calculadas em um quarto de todas as reservas mundiais por descobrir. É necessária uma força militar adequada, capaz de impedir qualquer potencial tentativa de dividir as riquezas do Ártico por meios militares, considera o cientista político Konstantin Sivkov.
“A luta pelas jazidas de hidrocarbonetos no Ártico já se está desenvolvendo de forma bastante ativa. Além disso, a bacia do Ártico, nomeadamente a rota marítima do Ártico, é a via de comunicação marítima mais curta que liga a Europa ao Oriente. Nestas condições, em que o centro do desenvolvimento econômico se desloca da Europa para a região da Ásia e Pacífico, a importância desse caminho aumenta. Especialmente tendo em conta que, devido ao aquecimento global, a rota marítima do Ártico se está libertando dos gelos. Quem controlar essa via de comunicação irá influenciar fortemente os fluxos globais de mercadorias. Por isso a luta já está sendo muito dura.”
Há que salientar que a Rússia não foi o primeiro país a anunciar a criação de bases militares no Ártico. No início deste ano, o Canadá declarou a sua intenção de criar uma base ártica na ilha de Cornwallis. Também a Dinamarca se prepara para reforçar a sua presença militar no Oceano Glacial Ártico. Já em 2009 ela tinha comunicado a criação do comando militar especial do Ártico, assim como de forças de reação rápida. Um ano mais tarde, a Noruega transferiu o seu estado-maior para além do Círculo Polar Ártico e os Estados Unidos e o Canadá começaram a efetuar manobras militares regulares no Ártico.
O fato é que na região se cruzam não só os interesses econômicos, mas também geoestratégicos dos diversos países. O Ártico é a rota Rússia – América do Norte mais curta, não só para navios, mas também para a aviação estratégica e para os mísseis balísticos intercontinentais, afirma Konstantin Sivkov.
“A possibilidade de instalar nessa região poderosos sistemas de defesa anti-míssil e submarinos nucleares com mísseis balísticos terá uma importância especial para todos os intervenientes globais. Segundo os dados de que disponho, os submarinos estadunidenses patrulham regularmente as águas da bacia do Ártico, nomeadamente do Mar de Barents, desde os anos 90.”
Quanto à instalação de bases russas, estas podem surgir na ilha de Dikson no Mar de Kara, assim como na foz do Enisei e do Lena. O exército russo também está a criar brigadas árticas que poderão realizar operações em condições extremas.
FONTE: Voz da Rússia