Índia entra para o grupo dos mísseis lançados a partir de submarinos
Em abril desse ano, a Índia escancarou as portas do exclusivo clube dos ICBM (mísseis balísticos intercontinentais) com o teste do Agni-V. Se acreditarmos na Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa, o país também arrombou os portões de um grupo ainda mais seleto – o das nações detentoras de mísseis intercontinentais com cargas atômicas lançados de submarinos (SLBMs, na sigla em ingês).
Além da Índia, apenas os Estados Unidos, a Rússia, a França, o Reino Unido e a China adquiriram essa tecnologia. Diferente dos míssieis superfície-superfície como os Agni, o desenvolvimento dos SLBMs ficou muito tempo oculto como um “projeto negro”, mas agora pode finalmente vir á luz. Com diferentes nomes ao longo das etapas do processo, como por exemplo ‘Sagarika’, o SLBM em questão é o ‘K-15’ com alcance de 750 quilômetros.
Porém, pode ser muito cedo para comemorar. Assim como o Agni-V, que estará totalmente operacional só por volta de de 2015, depois de mais quatro ou cinco testes, o K-15 ainda está longe de ser liberado para operar.
Ainda que o SLBM possa estar pronto e já em fase de produção – após vários testes com plataformas de lançamento submergíveis – o INS Arihant, que receberá o K-15, só estará pronto para “patrulhas de intimidação” daqui a pelo menos um ano.
O INS Arihant, primeiro submarino de propulsão nuclear produzido nacionalmente pela Índia, ainda está passando por testes meticulosos em suas tubulações de vapor, antes de realizarem experimentos com o reator de água pressurizada de 83MW em ponto “crítico”.
O submarino então passará por longos testes em alto-mar, e realizará testes de disparo do K-15, que pesa 10 toneladas e tem capacidade de transportar uma tonelada de carga nuclear. Só então estará completo o tripé atômico – a capacidade de lançar armas atômicas a partir da terra, ar e mar. O INS Arihant possui quatro silos capazes de carregar 12 mísseis K-15 ou quatro modelos K-4 com alcance de 3 mil quilômetros. Os outros dois membros do tripé giram em torno dos mísseis Agni e de aeronaves de caça como o Sukhoi-30MKIs e o Mirage-2000, capazes de lançar ogivas nucleares.
A parte do tripé baseada no mar – os mísseis balísticos lançados de submarinos – é a mais eficiente e a mais resistente, pois é relativamente imune a ataques preemptivos do que as contrapartes aérea e terrestre. Submarinos de propulsão nuclear – capazes de operar submersos por meses a fio e armados com mísseis atômicos são, portanto, considerados o membro mais confiável da tríade.
Levando em conta que até mesmo os Estados Unidos e a Rússia estão garantindo que dois terços das suas ogivas, mesmo após redução de seus arsenais, sejam mísseis balísticos lançados de submarinos, a Índia também precisa desses recursos resistentes de ataque rápido para alcançar um poder de dissuasão credível.
FONTE: The Times of India