EUA e Japão discutem upgrade de defesa antimísseis para navios
Os Estados Unidos e o Japão estão discutindo a atualização dos sistemas de dois destróieres nipônicos com a finalidade de incrementar a defesa contra ataques de mísseis balísticos. As informações são de um executivo de um dos maiores fornecedores do Pentágono. e foram divulgadas ontem (15).
As possíveia atualizações, que custariam milhões de dólares, seriam destinadas a dois destróieres da classe Atago, e consistem no sistema de defesa anti-mísseis Aegis, equivalentes aos que estão sendo adaptados para os navios da Marinha americana, disse Nick Bucci, responsável por esse tipo de programa naval dentro da Lockheed Martin.
Já agitado com o programa nuclear da Coreia do Norte, o Japão surge como o maior aliado estadunidense para criar um escudo antimísseis de diversos níveis, para armas de diversos alcances e em várias fases de voo.
Os Estados Unidos vêm gastando em torno de 10 bilhões de dólares por ano nesse projeto, um reflexo da preocupação principalmente com a Coreia do Norte e o Irã.
O sistema desenvolvido pela Lockheed Martin combina radares, computadores e programas, mostradores, lançadores e armamentos para a defesa contra uma vasta gama de ameaças aéreas, de superfície ou submersas.
O Aegis, batizado em referência ao escudo mitológico de Zeus, deve entrar em operação na Romênia e a Polônia por volta de 2015, para defender a Europa da ameaça de mísseis balísticos de países como o Irã, e também serão incorporados a cada vez mais navios norte-americanos.
Em 2003 o Japão decidiu atualizar todos os quatro destróieres da classe kongo equipados com o Aegis, para que fossem capazes de abater mísseis usando interceptadores Standard Missle-3. Segundo da empresa Raytheon Co. Segundo declarações de Nick Bucci à Reuters pelo telefone, os trabalhos em discussão atualmente modernizariam os sistemas Aegis das embarcações Atago e Ashigara das Forças Marítimas de Auto-Defesa do Japão, e as deixariam em um patamar mais elevado do que os destróieres da classe Kongo. O executivo se recusou a citar o valor em potencial das atualizações, e estimou-as apenas em milhões de dólares.
De acordo com Bucci, inclusos no pacote de atualização estariam novos “cérebros” para os radares do sistema Aegis, desenvolvidos para repelir mísseis balísticos, e ao mesmo tempo defender o navio de outros ataques aéreos. Também faria parte do pacote uma nova infraestrutura computacional, mostradores, consoles e sensores.
Com essa modernização, o Atago e o Ashigara seriam capazes de disparar uma versão atual do interceptador SM-3 que o Japão está desenvolvendo em parceria com os Estados Unidos. Os destróieres da classe Kongo precisariam de atualizações próprias para ter a mesma capacidade.
O interceptador SM-3 atualizado, conhecido como Block IIA, é a pedra de apoio da penúltima fase da trilha traçada pelo presidente americano Barak Obama para defender o território europeu da OTAN contra ataques de mísseis.
Os motores maiores do interceptador e a avançada ogiva “hit-to-kill” foram concebidos para defender uma área maior. Segundo declaração da Raytheon, empresa parceira dos EUA, feita em março, o programa prevê a entrega em 2018. A Mitsubishi Heavy Industries é o fornecedor japonês.
O esforço de cooperação e pesquisa do interceptador modernizado vem sendo empreendido dentro de um documento assinado entre EUA e Japão logo após o lançamento surpresa, em 31 de agosto de 1998, no míssil trifásico norte-coreano Taepo Dong-1, que sobrevoou o território japonês antes de cair no Pacífico.
Nick Bucci, da Lockheed Martin, declarou que tinha “bastante certeza” de que a Coreia do Sul, que possui três destróieres equipados com o Aegis, esteve dialogando com a Marinha americana sobre atualizações semelhantes em seus navios para a configuração da defesa contra mísseis balísticos.
O Departamento de Defesa e a Marinha estadunidense não tiveram nenhum comentário imediato a fazer sobre tais programas para o Japão e a Coreia do Sul. A própria frota de navios americanos equipados com sistema Aegis de defesa está para crescer – de um total de 24 no final de 2011, passará a 36 no final de 2018, de acordo com informações de um relatório divulgado no último dia 10 pelo Serviço de Pesquisa do Congresso americano, uma entidade apartidária ligada à Biblioteca do Congresso.
FONTE: Reuters