Enquanto Pequim envia pesqueiros a arquipélago, empresas japonesas fecham temporariamente suas fábricas chinesas

 

PEQUIM -A tensão entre Tóquio e Pequim cresceu ontem com o fechamento temporário de algumas fábricas japonesas na China – como Nissan, Mazda e Canon. Lojas de marcas japonesas também fecharam as portas para prevenir vandalismo. Além disso, o governo chinês anunciou o envio de mil pesqueiros às ilhas disputadas pelos dois países–Senkaku, para os japoneses, ou Diaoyu, para os chineses –, ato que o Japão chamou de “provocação”.

Apesar da tensão entre os dois países, alguns analistas afirmam que a China adotou uma posição dúbia com relação à crise diplomática. Apesar de encorajar discretamente os protestos nacionalistas contra o Japão, Pequim também tenta refreá-los publicamente. A preocupação é a de que as manifestações saiam de controle e se voltem facilmente contra o regime.

Ontem, autoridades chinesas assinalaram que pretendiam reduzir a intensidade dos protestos pela soberania do arquipélago, localizado no Mar da China Oriental. Uma das razões seria o impacto da disputa, que já teria afetadoo comércio entre os dois países.

De acordo com analistas, a estratégia de dubiedade foi cuidadosamente elaborada pela China para aumentar a pressão sobre o Japão, mas sem deixar de levarem conta a política interna. O governo chinês manobra para garantir posições de vantagem antes da transição de líderes, como é praxe a cada dez anos no país.

O processo atingirá seu momento mais importante nas próximas semanas, quando Xi Jinping substituirá Hu Jintao na presidência do país, durante o 18.º Congresso do Partido Comunista Chinês, marcado para outubro.

Precaução e violência. “O partido é muito hábil em manipular a opinião pública e os sinais de que essas manifestações foram organizadas pelo governo são muito fortes”, afirmou Liu Junning, ex-pesquisador de um grupo ligado ao governo e atualmente analista independente. “Os protestos contra o Japão ocorrem sempre que os líderes chineses consideram necessário e param quando eles quiserem que parem.”

As precauções foram ditadas pela violenta ação dos manifestantes chineses no fim de semana. Ovos e garrafas foram atirados contra o edifício da Embaixada do Japão em Pequim, janelas de empresas japonesas foram quebradas e muitos carros japoneses danificados em toda a China.

Alguns editoriais dos principais jornais oficiais chineses pediram ontem “calma”, “patriotismo sensato” e “ponderação” à população. As autoridades chinesas também ameaçaram prender as pessoas que fizessem manifestações sem a autorização do governo às vésperas do aniversário da invasão da China pelo Exército do Japão, na década de 30.

FONTE: O Estado de São Paulo

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