Estados Unidos e Japão cancelam exercícios navais no Mar do Leste

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Segundo informações divulgadas no último domingo (21) pela imprensa japonesa, Estados Unidos e Japão teriam cancelado exercícios navais conjuntos previstos para serem realizados no próximo mês. A decisão teria sido tomada a fim de acalmar os ânimos da China, e evitar o agravamento nas atuais disputas territoriais entre Pequim e Tóquio no Mar do Leste

A agência japonesa Jiji Press cita fontes ligadas ao governo, e afirma que a suspensão das manobras – que iriam dos dias 5 a 16 de novembro – “reflete a decisão do gabinete do primeiro ministro”. As Marinhas americana e japonesa pretendiam simular a retomada de uma ilha remota e inabitada – cenário semelhante às Ilhas Senkaku/Dayou, centro das tensões entre China e Japão. Alguns cidadãos japoneses temem que os exercícios na ilha de Irisunajima, no distrito de Okinawa, extremo sul do Japão, poderiam despertar mais hostilidade por parte dos chineses.

Segundo o professor Niu Zhongjun, especialista em relações internacionais da Universidade de Pequim, a suspensão do exercício ajudaria a aplacar as tensões entre os dois países, que haviam se agravado desde o mês passado, quando o primeiro ministro, Yoshihiko Noda, anunciou a compra de três das ilhas Senkaku/Dayou, antes propriedade particular de um cidadão japonês. “O cancelamento foi uma decisão sábia por parte de Tóquio, pois as manobras a serem realizadas coincidiriam com o 18º Congresso do Partido Comunista no mês que vem”. Durante o congresso será escolhido o novo líder do Partido – uma mudança que ocorre só a cada dez anos. “Durante um período tão delicado, qualquer movimentação ofensiva por parte do Japão pode desencadear hostilidade por parte da China, o que levaria Pequim a tomar medidas duras para acalmar os ânimos do público”, explica o professor.

O informe divulgado pela Jiji Press especula que a oposição dos cidadãos de Okinawa à presença de tropas estadunidenses também foi um fator que levou à suspensão das atividades das duas Marinhas. Dois militares americanos foram presos na última quinta-feira (18) acusados de violentar uma cidadã japonesa.

No entanto, a Marinha dos EUA continua a projetar poder de outras formas. O navio-aeródromo ‘USS George Washington‘ passou recentemente pelo Mar Meridional da China – na região do banco de areia de Scarborough – a caminho de Manila, capital das Filipinas. O banco de areia, conhecido como Ilha Huangyan pela China e Panatag nas Filipinas, é alvo de reivindicação tanto por parte de Manila quanto Pequim.

Funcionários do governo do Vietnã estavam no porta-aviões nuclear durante a viagem. O comandante do George Washington, Capitão-de-Mar-e-Guerra Gregory Fenton, afirma que se trata de uma iniciativa para fortalecer relações com o Vietnã, e garantir o tráfego livre dos navios estadunidenses no Mar Meridional. “Nosso objetivo é que os países da região solucionem essas tensões por conta própria. Nosso papel até o momento é conduzir exercícios que assegurem a liberdade de navegação em águas internacionais”, declarou Fenton em entrevista.

O órgão estatal chinês de administração das águas territoriais confirmou no último sábado (20) que quatro navios retornaram às Ilhas Senkaku/Dayou para conduzir patrulhas regulares. Ao mesmo tempo, a agência de notícias estatal Xinhua divulgou que duas instalações civis para observação marítima e meteorológica serão instaladas na província de Liaoning para monitorar o litoral chinês.

FONTE: Associated Press via South China Morning Post (tradução e adaptação do Poder Naval a partir de original em inglês)

IMAGEM: Japanese Maritime Self-Defense Force Fleet Review (outubro/2012)

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