Ecos da Euronaval 2012: embarcação da Navantia terá sistemas de combate russos
De acordo com especialistas, o principal objetivo da aliança será conseguir um grande contrato para o fornecimento de armas e equipamentos navais ao Cazaquistão.
Para os representantes da Rosoboronexport e da Navantia, o objetivo do acordo será examinar a possibilidade de instalar armas navais russas em navios do tipo Avante para exportação a outros terceiros.
“A idéia é adaptar aos navios espanhóis peças de artilharia e sistemas de defesa antiaérea e de mísseis russos”, afirma o diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Ruslan Pukhov.
Segundo Pukhov, a Espanha foi um dos primeiros países membros da Otan a trabalhar com a Rússia na delicada área da cooperação técnico-militar.
O primeiro projeto conjunto foi a construção de um sistema de proteção de veículos aéreos contra sistemas portáteis de defesa anti-aérea, o Manta (MANpads Threat Avoidance). Trata-se de um sistema de laser capaz de neutralizar ogivas equipadas com sistema de orientação infravermelha.
Segundo o contrato entre a Rosoboronexport e a empresa espanhola Indra, a companhia russa forneceu know-how e a espanhola se encarregou do financiamento e cumprimento das formalidades de certificação do produto, segundo os padrões da Otan.
No ano passado, o Manta foi testado com sucesso no centro da Delegação Geral de Armamento da França (DGA), em Biscarrosse, e foi recomendado para ser instalado em aviões e helicópteros de combate da Aliança do Atlântico Norte.
A cooperação com a Navantia é um novo passo, bastante audaz, da Rosoboronexport para conquistar novos mercados para armas e equipamento militar russos, disse Ruslan Pukhov.
Só neste ano, a empresa russa anunciou ter ganho cerca de US$ 13 bilhões com exportação de armas. No entanto, para manter essa posição, a Rosoboronexport deve procurar novos mercados.
O desafio assumiu especial relevância após o esfriamento das relações com os parceiros tradicionais da Rússia na vertente técnico-militar, como a Índia e a China, que passaram a preferir armas ocidentais.
Um novo mercado promissor para os exportadores de armas russas é a América Latina, onde Moscou conseguiu, com a ajuda do presidente venezuelano, Hugo Chavez, lançar uma base sólida para aumentar sua presença em todo o continente.
No entanto, de acordo com Pukhov, a lealdade da Venezuela é insuficiente para isso, porque o mercado latino-americano é dominado por empresas espanholas. Portanto, se não é possível vencê-las, é preciso cooperar com elas.
Armamentos navais representam 15% da pauta exportadora da Rosoboronexport.
A Navantia tem na região uma grande carteira de encomendas de navios de diferentes classes, entregando já à Venezuela quatro navios de patrulha do tipo Povzee construídos na plataforma do Avante.
De acordo com especialistas russos, os espanhóis estão muito interessados em mísseis de cruzeiro russos anti-navio.
Nesse segmento do mercado mundial a Rússia praticamente não tem concorrentes. A maioria dos mísseis russos desse tipo possui velocidade supersônica e trajetória de voo complexa, sendo, portanto, praticamente invulnerável aos sistemas de defesa antiaérea dos navios.
Nos mais recentes salões navais internacionais, a Rússia apresentou uma gama inteira de sistemas de mísseis, cuja principal força de ataque é o mais recente míssil de cruzeiro anti-navio 3M-54E.
“O 3M-54E é um dos ‘best-sellers’ da indústria bélica russa. O míssil é ativamente propagandeado e oferecido a clientes estrangeiros”, diz Vadim Koziúlin, professor da Academia de Ciências Militares. “A Rosoboronexport está pronta a fornecê-lo como elemento integrante dos sistemas de mísseis costeiros e a instalá-lo em navios ou submarinos.
Portanto, o aparecimento de tais mísseis nos navios de patrulha do tipo Povzee é completamente lógico.” A aliança Rosoboronexport-Navantia pode lançar, em breve, um produto muito competitivo, capaz de alterar o potencial de combate de qualquer país.
FONTE: Gazeta Russa