Incidentes, quebras constantes e falta de recursos. Esta é a triste realidade da Marinha da Argentina. E as previsões para o ano que vem são piores.

 

A Marinha Argentina definitivamente não está passando por um bom momento e não é apenas em função da retenção do ARA Libertad em Gana e da corveta ARA Espora na África do Sul aguardando por peças sobressalentes. O resto da frota está sofrendo as conseqüências de anos de falta de manutenção e treinamento adequados com corvetas, contratorpedeiros e até mesmo submarinos envolvidos em incidentes mecânicos e de falhas humanas.

As corvetas ARA Spiro e ARA Gomez Roca, assim como o contratorpedeiro La Argentina
tiveram diferentes problemas atribuídos à falta de manutenção e falhas humanas, segundo uma fonte do comitê de defesa do Congresso Argentino

Especialistas da área acreditam que a ausência de um hipotético conflito em conjunto com recursos escassos levaram a uma deficiência no patrulhamento da Zona Econômica Exclusiva, o que impede a ação da pesca ilegal.

Três corvetas estão encarregadas da tarefa: Drummond, Granville e Guerrico, que “dificilmente navegam devido à falta de recursos para despesas operacionais “, acrescentou a fonte.

E estes incidentes estão acontecendo justamente num momento em que o orçamento aprovado para a Marinha para o ano de 2013 reduz o tempo de patrulha. “Os recursos para o próximo ano são suficientes para 161 dias de navegação e prática, comparados com 329 dias de apenas dois anos atrás “.

“É claramente insuficiente para as 15 embarcações da Marinha que estão atualmente em condições operativas “, disse o deputado Julio Martinez do partido de oposição e membro do Comitê de Defesa. Um treinamento adequado demanda pelo menos 90 dias de mar para cada navio, o que significa 1350 dias de mar para toda a frota “.

“A ARA Espora e a sua tripulação teriam evitado todos estes tristes acontecimentos na África do Sul se a corveta Spiro, originalmente designada para o exercício naval Altasur, não tivesse encalhado em um banco de areia ao sair de Mar del Plata “, disse Martinez. A ARA Spiro está em atividade desde 1987 e foi enviada à primeira Guerra do Golfo em 1990/91 pelo então presidente Carlos Menem.

Outro navio fora de ação é o quebra-gelos Admiral Irizar em conseqüência do incêndio sofrido em 2007. A previsão inicial do seu retorno já se passou e agora, aparentemente, ele deverá estar de volta ao final de 2013. Mais de 100 milhões de dólares foram gastos no navio, além do custo de locação do quebra-gelo russo Vasily Golovnin para a campanha Antártida anual de três meses, a um custo mensal de 2 milhões de dólares.

Situação semelhante enfrenta os quatro contratorpedeiros da classe Almirante Brown (Almirante Brown, Heroína, La Argentina e Sarandí), com problemas de motor e que precisam de peças de reposição, além do fato de que a validade de toda a munição já ter expirado.

Das seis corvetas MEKO, a ARA Parker e a ARA Rosales estão à espera de peças de reposição. ARA Gomez Roca e ARA Robinson estão operacionais para comissões de busca e resgate, um dever, por vezes, passado para a Guarda Costeira.

Além disso, os dois Fokker F-28s da Marinha estão retidos em solo aguardando peças retidas na alfândega por causa de restrições da Argentina sobre importações.

Contudo, de acordo com o ex-ministro da Defesa, Horacio Jaunarena, a situação não é diferente nas outras forças: os caças Mirage não estão voando porque não são suficientemente seguros para os seus pilotos e em 2006, o Exército informou à então ministra da Defesa, Nilda Garré, que a força estava em condições inferiores aos países vizinhos e, assim, “era impossível fazer um sistema de defesa comum na região “.

Por último, as tripulações de submarinos que operam a partir de Mar del Plata precisam de pelo menos 190 dias de imersão e prática e no ano passado só passou 19 horas debaixo d´água. Os submarinos Salta, Santa Cruz e San Juan possuem dificuldades de manutenção e “apenas alguns ainda lembram que em agosto de 2010,a ministra Nilda Garré anunciou que a Argentina estava planejando construir um submarino nuclear “, concluiu o deputado Martinez.

FONTE: Mercopress (tradução e adaptação a partir do original em inglês pelo Poder Naval)

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