Marinha russa vai atualizar projeto do primeiro porta-aviões nacional
O Comando Geral da Marinha russa irá devolver até o final deste ano para alterações e atualização o projeto do primeiro porta-aviões atômico russo elaborado em conjunto pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Krilov e pelo Centro de Projetos Nevski, ambos com sede em São Petersburgo.
Uma fonte do Comando Geral da Marinha disse ao jornal Izvéstia que o projeto de navio de cerca de 60 mil toneladas utiliza tecnologias dos anos 1980.
“Na realidade, o projeto que nos foi oferecido é o de porta-aviões soviético Ulianovsk, que não chegou a ser construído devido ao colapso da URSS. No final dos anos 1980, esse porta-aviões era muito bom, representando uma resposta adequada ao Nimitz americano. Hoje em dia, ele está totalmente desatualizado”, disse a fonte.
Ainda de acordo com a fonte, em 2020, data prevista para a entrega do porta-aviões, os EUA terão navios-aeródromos de última geração da série Gerald Ford, com quase o dobro do navio projetado em São Petersburgo.
Além disso, na opinião da Marinha, o navio proposto pelos projetistas tem uma estrutura muito grande, o que o torna visível aos radares, e não possui uma catapulta eletromagnética, já existente nos porta-aviões americanos e que facilita muito a decolagem de aeronaves. Em vez disso, os engenheiros oferecem uma catapulta a vapor clássica, que é muito lenta.
Além disso, o navio projetado não pode alojar um avião de alerta aéreo antecipado e controle (AWACS, na sigla em inglês), um acessório obrigatório de um grupo tarefa de porta-aviões.
Discussões
Discussões teóricas sobre a necessidade de um porta-aviões com grande autonomia para o país terminaram no ano passado. Em novembro deste ano, o comandante Geral da Marinha, Vladímir Visótski, disse que, em 2027, a Rússia terá dois grupos tarefa de porta-aviões, um no Mar do Norte e o outro no Pacífico, embora o programa federal de armamentos até 2020 não tenha, até agora, um capítulo dedicado à construção de porta-aviões e à disponibilização das verbas necessárias.
“Hoje em dia, uma frota oceânica não pode passar sem porta-aviões. O Almirante Kuznetsov tem uma vida útil limitada e, mais cedo ou mais tarde, acabará removido de serviço”, disse a fonte.
Outro lado
Enquanto isso, os autores do projeto se mostraram surpresos com a decisão da Marinha e dizem que não receberam dela nenhumas reclamações.
“Há dois anos e meio, o centro Krilov e o centro Nevski elaboraram um projeto conceitual que foi aprovado pelo então Comandante Geral da Marinha, Vladímir Visótski, e uma comissão especial mista criada especialmente para isso. Não entendemos porque agora nosso projeto não lhes agrada”, disse um representante dos projetistas contatado pelo Izvéstia.
“Um avião AWACS de bordo e uma catapulta eletromagnética não existem nem sequer em esboços. Como podemos projetar alguma coisa sem saber suas dimensões nem seu consumo de energia elétrica?”, esclareceu a fonte.
Mesmo assim, os projetistas estão satisfeitos ao verificar que, depois de dois anos de silêncio, a Marinha se lembrou dos porta-aviões. Um dos autores do projeto de porta-aviões Ulianovsk elaborado nos anos 1980, Valeri Babich, não ficou desapontado ao saber que seu projeto modernizado não agradou à Marinha russa.
“Não é nada mau que a Marinha se diga insatisfeita. Pelo contrário, isso mostra o interesse comum das partes em construir um navio moderno. Conheço pessoalmente os autores dos projetos. Eles são excelentes profissionais e saberão construir um bom navio”, disse Babich.
Publicado originalmente no site do jornal Izvéstia
FONTE: Gazeta Russa