Rússia desiste* de construir sob licença dois navios classe ‘Mistral’, segundo jornal

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Encomenda de quatro navios ficaria reduzida às duas unidades construídas na França – informações são do jornal de negócios Vedomosti, via RIA Novosti

Nesta sexta-feira, 21 de dezembro, a RIA Novosti trouxe notícia de que o Ministério da Defesa da Rússia decidiu abandonar os planos de construir localmente dois navios de assalto anfíbio classe ‘Mistral” franceses sob licença. As informações são do diário de negócios Vedomosti, citando uma fonte governamental.

A Rússia e a França assinaram, em junho de 2011, um contrato de 1,2 bilhão de dólares para dois navios classe “Mistral” a serem construídos na França, o que incluiria a transferência de tecnologia sensível. O primeiro navio, o Vladivostok, está sendo construído no estaleiro francês da DCNS em Saint-Nazaire e deverá ser entregue em 2014. Já o segundo, o Sevastopol, tem prazo de entrega previsto para 2015.

Esperava-se que dois outros navios seriam construídos, 80% na Rússia e 20% na França. Porém, construtores russos e muitos especialistas navais têm sido céticos quanto à necessidade militar de ter quatro navios dessa classe na Marinha Russa, segundo o jornal. Além disso, a construção doméstica dos dois navios custaria à Rússia aproximadamente o mesmo valor do contrato francês, enquanto sua manutenção representaria um grande gasto no orçamento de defesa, de acordo com fontes da indústria.

A decisão teria sido tomada após mudanças no topo da Defesa Russa, com a saída de Anatoly Serdyukov do posto de ministro da Defesa e sua substituição pelo ex-ministro de Emergências Sergei Shoigu. Este, ao tomar posse, decidiu imediatamente ajustar os gastos da pasta. O Ministério da Defesa ainda não comentou a notícia do jornal Vedomosti, segundo a RIA Novosti.

*ATUALIZAÇÃO 21/12 – 19h: estaleiro russo afirma que não houve desistência e fonte do Ministério da Defesa fala sobre adiamento do início da construção para 2016

Novas matérias publicadas no RIA Novosti ao longo do dia trouxeram mais informações sobre o assunto. Primeiro, uma reportagem trouxe declaração da empresa responsável pela construção na Rússia, a “United Shipbuilding Corporation” (clique aqui para acessar original em inglês). O estaleiro informou que o contrato para a construção local de dois navios anfíbios classe “Mistral” continuava valendo, desmentindo reportagens da mídia de que o Ministério da Defesa havia desistido dos planos de construção na Rússia de dois navios da classe (planejados para se somarem a outros dois em construção na França).

O porta-voz do estaleiro disse, segundo a RIA Novosti: “Não fomos informados de qualquer decisão do tipo pelo Ministério da Defesa Russo. No momento, o contrato continua valendo, como antes.”  Ele também confirmou que a construção dos dois primeiros navios da classe na França vai continuar.

Ainda nesta sexta-feira, nova reportagem (clique aqui para acessar original em inglês) do site RIA Novosti trouxe a notícia de que a Rússia está adiando o lançamento do projeto de construir os dois navios localmente. A informação foi dada por uma fonte do Ministério da Defesa.

Segundo a fonte, “o Ministério da Defesa Russo não está abandonando os planos de construir dois navios classe ‘Mistral’ na Rússia, mas está adiando o início do trabalho de construção de 2013 para 2016.” O motivo é que há necessidade de avaliar o desempenho, papel e “status” dos navios como parte da Marinha Russa.

A fonte também disse que “é essencial, primeiro, entender o que é necessário para garantir sua efetiva operação e apoio técnico”, acrescentando que talvez seja necessário modificar o projeto do navio, introduzir novos elementos e mecanismos, levando em consideração especificações e condições russas. Os dois navios em construção na França deverão ser incorporados à frota russa do Pacífico.

FONTE: RIA Novosti (compilação, tradução e edição do Poder Naval a partir de três reportagens originais em inglês)

ILUSTRAÇÃO DE BAIXO: DCNS

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nunes neto

Contrato assinado em junho de 2011,entregas 2014 e 2015 isso que é eficiência!

Marcos

E os russos se deram conta da tal “transferência de tecnologia” dos franceses: nada!!

thomas_dw

O Estaleiro ja confirmou que nada foi alterado no contrato, e que vao construir os 2 que foram combinados.

Almeida

U$ 1,2 bi por dois Mistral, com direito a “ToT”. O que a MB tá esperando pra aposentar suas velharias e trocar todos seus anfíbios/transportes por dois desses?

Mauricio R.

Melhor o “Juan Carlos I”, como os australianos estão fazendo, pois já tem a capacidade de operarem F-35, ao passo que essa tranqueira francesa; não.

joseboscojr

A pergunta que não quer calar: por que o Maurício odeia os franceses?

daltonl

Bosco… segundo meus estudos, não acredito que o Mauricio odeie os franceses apenas ele não se conforma com o caro Rafale e a tentativa de fazer a FAB engoli-lo além da estória de parceria estratégica 🙂 E complementando o que o Nunão escreveu, os australianos optaram pelo “Juan Carlos I” ao “Mistral” por outros motivos, como uma maior capacidade de carga e não pela “rampa” pois já admitiram que não pretendem adquirir o F-35B e pouco ou nada ganhariam abrigando alguns poucos F-35Bs dos fuzileiros americanos de vez em quando. A rampa veio junto pois não compensaria redesenhar o navio… Read more »