Aliança investe na expansão da frota
A Aliança Navegação e Logística investirá R$ 450 milhões na construção e importação de quatro navios de cabotagem, como parte do programa de renovação da frota. Ainda em fevereiro chega ao país o “Sebastião Caboto”, a primeira de quatro embarcações encomendadas pelo armador a um estaleiro de Xangai, na China. Até o fim deste ano a empresa recebe as outras três unidades.
Cada embarcação terá capacidade para 3.765 Teus (unidade padrão de um contêiner de 20 pés) e 500 tomadas para contêineres refrigerados. Quando totalmente empregados, os navios aumentarão em 20% a oferta atual da Aliança no transporte marítimo doméstico, segmento em que a empresa já é líder. A Aliança pertence ao grupo Oetker, também proprietário da companhia alemã de navegação de longo curso Hamburg Süd.
“Continuamos investindo na cabotagem porque acreditamos muito nesse modal, que já se mostrou como uma opção para a logística do país. Sobretudo agora, com a nova lei dos caminhoneiros, a cabotagem está cada vez mais realizando o seu potencial”, afirma o diretor-superintendente da Aliança, Julian Thomas.
Segundo o executivo, as novas embarcações têm uma vantagem sustentável adicional. Foram projetadas com uma tecnologia para reduzir o consumo de combustível por contêiner carregado em relação aos navios atuais.
A nova frota substituirá quatro navios, que serão descontinuados do tráfego, seguindo para um estaleiro de sucata na Turquia. A idade média da atual família de navios de cabotagem da Aliança é avançada, há alguns com quase 30 anos de uso.
Até 2018, afirma Thomas, a empresa completará a renovação total da frota, substituindo os outros quatro navios. A intenção inicial era construir os porta-contêineres no Brasil, mas não foi possível por falta de espaço nos estaleiros, lotados com pedidos sobretudo destinados ao mercado offshore. “Continuamos em negociação com estaleiros para, no médio prazo, construir no Brasil”, diz Thomas. Pela legislação brasileira, o navio a ser empregado na cabotagem que for importado tem de ser novo, daí o alto investimento.
O executivo avalia que o atual momento é um marco na cabotagem, ao aliar a ampliação de oferta à possibilidade de aprofundar as discussões para eliminação de barreiras ao transporte doméstico, na esteira do novo marco regulatório dos portos. “Mais importante são as medidas para aumentar a competitividade do modal. O novo marco regulatório dos portos promete, no médio prazo, diminuir o gargalo na infraestrutura portuária”.
Thomas aponta ainda a necessidade de o governo aumentar a quantidade de tripulação brasileira, com investimento em treinamento de oficiais e marinheiros, e a equiparação do custo do combustível aos níveis nacionais. Hoje a cabotagem paga o preço do combustível internacional, enquanto o diesel nacional – utilizado no transporte rodoviário, o principal concorrente da cabotagem – não tem relação direta com o preço lá fora.
Atualmente, a cabotagem consegue ser cerca de 15% mais em conta que o transporte rodoviário na longa distância. A tendência, diz o executivo, é que essa porcentagem aumente à medida que o modelo se tornar mais eficiente na operação.
A Aliança é líder na cabotagem, na longa cabotagem (que inclui a Argentina e o Uruguai), e no serviço “feeder” (alimentador), com 46% do mercado brasileiro. Encerrou o ano passado com 305 mil Teus movimentados, aumento de 14% sobre o ano anterior. A estimativa é crescer o mesmo percentual neste ano.
O novo navio está navegando em direção ao Brasil. Será nacionalizado em Manaus (AM), processo que deverá levar algumas semanas antes de ser incorporado ao tráfego da empresa. O nome da embarcação, “Sebastião Caboto”, foi dado em homenagem ao navegador veneziano do século XVI – o termo “cabotagem” deriva daí.
Fonte:Valor Econômico/Fernanda Pires
Imagem: Shanghai Shipyard Co.,Ltd/F.A.Vinnen &Co.
Nota do Blog: Observar que a falta de espaço para novas construções, algo muito tratado nos comentários do Blog, é uma realidade que ainda não pode ser ignorada, daí porque sempre colocamos em duvida as reais condições de se construir meios civis e militares na proporção em que os mais ufanistas gostam de alardear. A realidade é outra e pelo menos em médio prazo as condições assim devem permanecer.