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Visitamos o ‘Tapajó’, um dos cinco submarinos da Marinha do Brasil, durante escala em Natal, rumo a um exercício com a Marinha dos EUA – confira os detalhes deste submarino modernizado da classe ‘Tupi’

Ícaro Luiz Gomes

vinheta-exclusivoO Submarino Tapajó (S33) teve programada uma escala entre os dias 10 a 15 de março, no porto de Natal, em preparativos para exercícios com a Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Na terça-feira, 12 de março, a imprensa foi recebida para a divulgação da passagem e dos preparativos para a viagem até San Juan (Porto Rico), e o Poder Naval esteve presente para a cobertura especial que mostramos agora. Vale lembrar que o submarino não foi aberto à visitação pública.

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O Tapajó foi construído no AMRJ, sendo o quarto submarino da classe “Tupi” e o terceiro construído no Brasil. O Tapajó, assim como os outros submarinos da mesma classe, possui 62 metros de comprimento, 8 metros de boca, 6 metros de calado e 1400 tons de deslocamento, e sua velocidade média é de aproximadamente 10 nós. O submarino passou por um Período de Manutenção Geral (PMG) durante o ano de 2009, que contou também com a modernização de seus sistemas de combate, sensores e armas, assim como a instalação do Sistema da Lockheed Martin AN/BYG-501 mod1D e compatibilização para operar o Torpedo Mk.48 mod6AT. Seu “caverna-mestra”, tripulante mais antigo, possui 11 anos de serviço a bordo.

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No ano de 2011, o Tapajó realizou o lançamento real de dois Torpedos Mk.48, consagrando assim um esforço de anos em modernizar e manter os submarinos como a “bala de prata” da Marinha. O submarino tornou-se o primeiro modernizado a contar com o novo sistema de combate e armamentos padrão da classe “Tupi”.

A Marinha do Brasil foi, novamente, convidada a realizar exercícios com seus submarinos junto à US Navy, convite esse que é visto como um reconhecimento da qualificação e esforço da MB em ter um força bem adestrada e moderna. A Força de Submarinos é composta por cinco submarinos de duas classes, quatro da classe “Tupi” e um da classe “Tikuna”, todos diesel-elétricos (diferentemente do que ocorre na US Navy, onde todos os submarinos são de propulsão nuclear) e um Navio de Socorro Submarino.

Com a migração, nas últimas décadas, dos conflitos marítimos para o ambiente litorâneo, caracterizados por uma grande profusão de sons (animais, navios mercantes, etc.) e baixa profundidade, os submarinos diesel-elétricos passaram a ter algumas vantagens sobre os nucleares. Isso tem levado a US Navy a convidar sistematicamente as marinhas possuidoras de submarinos diesel-elétricos para estudar as táticas em exercícios e fortalecer os laços de união entre as mesmas.

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Nesses exercícios, quem ganha não é só a US Navy, pois a Marinha do Brasil também colhe muitos ensinamentos. Além disso, a missão é motivo de orgulho a toda a comunidade de submarinistas. Nas edições anteriores nas quais os submarinos brasileiros participaram, relatos daqueles que estiveram cobrindo e de seus participantes dão contam de que nossas participações foram bem elogiadas: nossos submarinos conseguiram evadir-se de ataques aeronavais e realizaram ataques simulados a meios de superfície e outros submarinos.

Essas comissões de exercício têm uma duração aproximada de 6 meses, entre derrota a sede do exercício, o exercício em si e a derrota de retorno. Temos um histórico de sucesso em exercícios internacionais com a nossa Força de Submarinos: em 1997, o Tamoio exercitando-se com a OTAN, realizou um ataque simulado bem-sucedido contra o NAe Príncipe de Astúrias.

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No dia 12 de março às 9h, a impressa local, acompanhada por parte da Assessoria de Comunicação Social do Comando do 3ºDN (CF Cleber Ribeiro,1T Cibele e SO-FN Ernandizo), foi recebida pelo comandante do Tapajó, CF Cartier e seu imediato CC Cetrim. A maré encontrava-se muito baixa e dessa forma a prancha estava bem inclinada com acesso sendo realizado pelas suas laterais.

A primeira constatação, ao aproximar-se da escotilha de acesso ao interior do submarino, é o quanto suas instalações são reduzidas. A segunda constatação é o cheiro ambiente de óleo e hidrogênio misturados – a este que vos escreve, é um delicioso aroma.

O comandante do Tapajó  CF Cartier recebeu a todos na Sala de Torpedos e respondeu aos principais questionamentos acerca da missão e o porquê da escala técnica em Natal. As facilidades proporcionadas em Natal – rede hoteleira, a presença de diversas organizações da MB, porto de pouco movimento, etc – além das próprias características de autonomia do Tapajó, foram as razões apresentadas. Após a escala em Natal, prevista para ser encerrada na sexta-feira, 15 de março, o submarino irá realizar a perna restante até San Juan (Porto Rico) em aproximadamente 25 dias.

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Um outro questionamento clássico dos jornalistas foi sobre o mecanismo de imersão e emersão, onde explicou-se o uso de tanques de lastro para flutuabilidade positiva ou negativa por meio do “piano dos tanques de lastro”. Foi explicada ainda a renovação da atmosfera por meio do “snorkel”, e que a pressão atmosférica nessas ocasiões pode ter uma diferença de 20 milibares. Durante a modernização, foram colocadas telas de LCD 32” como displays para monitoração dos sistemas, além de câmeras nos compartimentos de baterias e sala de máquinas.

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Enquanto fazíamos a visitação e recolhíamos dados para as nossas respectivas reportagens, do lado de fora havia uma turma de Guarda-Marinhas do Serviço Militar Voluntário que realizam o Estágio de Serviço Técnico e Estágio de Adaptação e Serviço. Para eles, era o primeiro contato com um submarino, o que também ocorria com alguns profissionais do Porto de Natal e até do Comando do 3º Distrito Naval. O que demonstra não só a especificidade do meio, assim como o seu principal atributo, que é a discrição.

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As instalações, tais como cozinha e banheiros (descontaminação) são de dimensões reduzidas e possuem apenas o essencial. A cozinha produz pelo menos três refeições diárias para uma tripulação de 45 homens (ainda não houve o embarque de mulheres). Todos os displays e mostradores do Sistema AN/BGM-501 mod1D encontravam-se desligados ou cobertos, assim como radar e sonares. A vedete para os visitantes foi o periscópio, o que ocasionou risos entre os visitantes pela necessidade de ajustes de altura e dioptria.

Foi relatado que um navio porta-contêiner do tipo “Panamax” era visualizado acima das 19 mil jardas. Foi solicitada uma “perifoto” de um dos exercícios de lançamento de torpedos, principalmente do teste do Mk48 ADCAP, o que não foi possível. Questionado por um dos jornalistas sobre o alcance dos torpedos, o CF Cartier respondeu que varia de acordo com a distância até o alvo, velocidade do alvo e a realização de manobras evasivas; no geral a resposta foi de que o alcance é melhor do que os torpedos anteriores.

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Ao final da visita, foram ressaltadas as características próprias de um submarinista, entre elas o seu caráter duplamente voluntário, de ingressar na Marinha e se candidatar a servir nos submarinos. Foi explicado ainda o processo seletivo rigoroso, onde nem todos os qualificados são capacitados devido aos aspectos fisiológicos, psicológicos e habilidades cognitivas.

Acerca das comissões de longa duração, há um trabalho conjunto do Serviço Social da Marinha e do Serviço de Psicologia junto aos militares e seus familiares. Para os submarinistas, porém, há uma dificuldade a mais, tendo em vista que, submersos, não podem comunicar-se e quando emersos as comunicações são restritas às do tipo operativas. Isso é algo que não ocorre com os meios de superfície que possuem serviço de Internet e telefonia em águas jurisdicionais brasileiras e, quando contratados, fora delas. Outra característica do submarinista apontada pelo CF Cartier, e confirmada pelo CC Cetrim, é sua multifuncionalidade. Todos os membros da tripulação podem exercer mais de uma função.

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Questionado ainda sobre a possibilidade de operação simultânea dos submarinos classe “Tupi” e dos submarinos S-BR, foi confirmado que os meios deverão operar simultaneamente por anos. Sobre a preparação de oficiais submarinistas para a operação dos S-BR em meios semelhantes do tipo Scorpène, em uso pela Marinha Chilena, foi confirmado intercâmbio de oficiais submarinistas brasileiros e chilenos. Acerca da manutenção dos atuais sistemas do Tapajo (AN/BGM-501 mod1D) foi respondido que esta é a que foi contratada, sem especificar, conforme a pergunta, se possuía alguma nacionalização ou se era toda norte-americana.

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Minha primeira experiência em um submarino foi no submarino-museu Riachuelo, atracado ao Espaço Cultural da Marinha no Rio de Janeiro. Minhas impressões pessoais ao visitar o Tapajó foram muito positivas, percebendo-se sua operacionalidade e o orgulho de sua tripulação. O cafezinho do Tapajó, apesar deste autor não ser um amante de café, foi muito bom. As condições de habitabilidade me fizeram admirar ainda mais os submarinistas e entender o orgulho com que falam de sua profissão e missão.

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NOTA DO EDITOR: agradecimentos ao comandante do submarino Tapajó, capitão de fragata Horácio Cartier, e ao imediato, capitão de corveta Cetrim. Agradeço ainda à equipe da Assessoria de Comunicação Social do Comando do 3º Distrito Naval, assim como a todas as equipes de imprensa que estiveram visitando o submarino no dia 12 de março pela manhã, pelo excelente clima da visita.

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