Marinha Francesa, força menos afetada por cortes, receberá três FREMM a menos

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Fragata FREMM Aquitaine em exercício com navio da USN - foto Marine Nationale

Segundo jornal La Tribune, os industriais de defesa franceses conseguiram evitar danos maiores na nova edição do Livro Branco de Defesa da França, que seriam cortes de programas

Apesar do Livro Branco de Defesa 2013 da França prever menos encomendas de equipamentos, industriais do setor de defesa francês disseram na segunda-feira (29 de abril) que escaparam do pior, que seria o cancelamento de importantes programas de armamento. As informações sao do jornal francês La Tribune.

A mobilização de líderes dos maiores grupos de defesa franceses durante o planejamento do Livro Branco teria evitado cortes excessivos? Segundo o jornal, levando em conta as ameaças à soberania nacional, além das capacidades de exportação e de manter os empregos na França, aparentemente esses grupos conseguiram limitar o dano. Certamente, serão afetados pela redução de encomendas do Governo nos próximos anos, ou com pedidos espaçados por mais tempo do que o previsto. Mas, por outro lado, o Livro Branco de 2013 não prevê o abandono de nenhum programa de equipamento militar.

Segundo Jean-Pierre Maulny, diretor-adjunto do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, “eles evitaram o pior. Este é um Livro Branco que preserva o essencial. Ele não quebra a principal ferramenta industrial, que é a conservação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento.” Cristian Mons, presidente do Conselho das Indústrias de Defesa Francesas (Cidef), acrescentou: “Se o orçamento anual para os principais programas de armamentos continuar como o planejado, em 5,9 bilhões de euros, o impaco na indústria será relativamente limitado.”

caça Rafale no porta-aviões Charles de Gaulle - foto Marine Nationale

Menos caças Rafale e fragatas

Ainda assim, a redução de efetivos e de meios das Forças Armadas vai impactar as indúestrias. A Defesa Francesa não contará com mais de 225 aviões de caça (somando os da Força Aérea com os da Marinha) por volta de 2025, quando a meta anterior era ter 300 caças. Como resultado, haverá menos encomendas do Rafale da Dassault Aviation do que o previsto. A Marinha, que foi a força menos afetada, terá que se contentar com 15 fragatas de primeira linha, ao invés de 18. Assim, a DCNS também terá menos encomendas. Já a Nexter, que fabrica os carros de combate Leclerc, terá que se adaptar a um número que foi reduzido de 250 para 200 unidades.

Fragata FREMM Aquitaine em Nova Yorque - foto Marine Nationale

Por outro lado, o programa Scorpion de modernização dos blindados do Exército foi mantido, assim como os programas de mísseis da multinacional europeia MBDA, incluindo o míssil antinavio (ANL) que simboliza a cooperação industrial franco-britânica (havia temores da Inglaterra de que a França sairia do programa).

Porém, ainda há um obstáculo no caminho: a lei de programação militar (LPM) 2014-2019, que será votada no segundo semestre. Christian Mons fez questão de lembrar que “a última LPM não foi respeitada” e disse que só vai descansar quando ela sair.

Infográfico-Forças-Armadas-Francesas-em-2020-fonte-Le-Monde

FONTE: La Tribune (tradução e edição do Poder Naval a partir de original em francês)

INFOGRÁFICO: Le Monde  FOTOS: Marinha Francesa

NOTA DO EDITOR: o número anunciado até recentemente de encomendas de fragatas FREMM pela França era de onze unidades. Somando-se essas onze previstas com as duas modernas fragatas antiaéreas da classe “Horizon” (Forbin e Chevalier Paul) já em serviço e com as ainda recentes cinco fragatas classe “Lafayette” (a própria e as Surcouf, Coubert, Aconit e Guépratte), o resultado seriam as dezoito fragatas da edição anterior do Livro Branco. Com a redução para quinze fragatas de primeira linha no total, as encomendas de FREMM pela França deverão cair de onze para oito unidades (que substituirão dez fragatas mais velhas).

Deve-se destacar que uma das possibilidades mais polêmicas do planejamento do Livro Branco de 2013 falava em desativação do porta-aviões Charles de Gaulle, que foi preservado assim como os três navios de projeção e controle (BCP), sem falar na força de submarinos nucleares. Pode-se dizer, assim, que a Marinha Francesa foi relativamente menos afetada por cortes da nova edição do Livro Branco, preservando capacidades e programas essenciais.

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