Mísseis da Coreia do Norte caem no mar do Japão
A Coreia do Norte disparou nesta segunda-feira (20) o quinto míssil de curto alcance em direção ao Mar do Japão. O teste de fogo é o mais recente dos ocorridos ao longo dos últimos três dias, e contraria diretamente os avisos dados pelo chefe da ONU, Ban Ki-Moon e líderes da Coreia do Sul.
Os disparos foram confirmados por um porta-voz do Estado Maior sul-coreano. Esse tipo de teste não é incomum, mas gera receio por acontecer logo após um pico de instabilidade e atritos militares na Península da Coreia, desencadeados pelo teste de armas nucleares relizado pelo Norte em fevereiro deste ano.
Horas após os testes desta segunda, Pyongyang divulgou comunicado oficial rejeitando veementemente críticas e acusações de que o lançamento dos mísseis foi uma tentativa deliberada de causar novos atritos na região: “implicâncias maldosas com nossos testes de fogo são um desafio inaceitável e uma provocação infundada”, diz trecho do comunicado. A Coreia do Norte disparou três mísseis de curto alcance no último sábado, e mais um no domingo.
A Coreia do Sul, por sua vez, classificou os testes como “deploráveis”, enquanto o chefe das Nações Unidas, Ban Ki-moon, insistiu para que o Norte tome uma postura mais contida. “É hora de eles retomarem o diálogo e suavizar as tensões”, declarou ontem, em visita a Moscou.
Pyongyang argumenta que a verdadeira provocação veio do Sul e dos Estados Unidos, que realizaram manobras de pequeno e grande porte entre março e maio deste ano – os exercícios Foal Eagle. As atividades dos dois países incluíram voos de bombardeiros B-52, capaz de transportar armas atômicas, e a participação do porta-aviões de propulsão nuclear USS Nimitz.
Após os disparos desta segunda-feira, Kim Jang-Soo, conselheiro de segurança da presidente sul-coreana, Park, Geun-Hye, insistiu para que Pyongyang não realize mais exercícios desse tipo: “Seja um teste militar, ou uma demonstração de força, o Norte não deve mais agir de modo a criar atritos”, declarou.
A Coreia do Norte chegou a se preparar para testes de fogo com mísseis de médio alcance, mas órgãos de inteligência dos Estados Unidos afirmam que as plataformas de lançamento foram removidas do litoral do país no começo de maio.
A desavença mais significativa dos últimos meses entre as duas Coreias foi a desativação mútua do parque industrial conjunto de Kaesong, a 10 quilômetros da zona desmilitarizada entre os dois países e dentro do território norte-coreano.
Inaugurado em 2004 como um raro símbolo de cooperação entre os dois países, Kaesong passou incólume por outros picos de tensão na península. Porém, em abril passado, o governo do Norte ordenou que todos os 53 mil trabalhadores empregados em 123 empresas sul-coreanas não comparecessem ao expediente. Em resposta, o Sul retirou seu contingente logo depois.
A Coreia do Sul propôs diálogos formais sobre a recuperação de estoques de matérias-primas e bens deixados no local pela empresas, mas o Norte sugeriu hoje que as conversas devem se concentrar no futuro do parque industrial como um todo: “mais importante do que remover os bens produzidos é a questão do colapso ou não do complexo”, declarou um porta-voz da parte norte-coreana da administração de Kaesong. Nenhum dos países decretou o fechamento oficial do parque, e Seul ainda abastece a região com o mínimo de energia elétrica.
Donos das empresas localizadas em Kaesong alegam que foram vítimas das rusgas entre Seul e Pyongyang. De acordo com comunicado divulgado por uma entidade representativa dos empresários da região, “empreendedores e companhias estão sendo esmagados por esses embates emotivos entre os governos de ambas as Coreias”. Cerca de 200 presidentes e gerentes de empresas encaminharam pedido formal para visitar o parque industrial, mas o Ministério da Unificação sul-coreano alegou que Norte precisa concordar em abrir canais de diálogo.
FONTE: AFP via Channel New Asia (tradução e adaptação via Poder Naval a partir de original em inglês)