Comprando submarinos em tempos de austeridade
Benjamin Freeman é consultor político na área de segurança nacional para a organização Third Way
O plano da Marinha americana para aumentar sua frota está em rota de colisão com a austeridade do orçamento. Mas, há uma saída.
As metas de construção naval para a US Navy são “impossíveis de custear”, segundo declaração do deputado Mike McIntyre feita semana passada, durante reunião na Casa Branca para o ato de autorização do orçamento de 2014 para a defesa.
Por que essas metas são “impossíveis de custear”? Um dos responsáveis é o novo submarino nuclear de mísseis balísticos, conhecido como SSBN-X. A Marinha planeja adquirir 12 deles a um custo de 6 bilhões de dólares cada. Essa cifra extraordinária “sequestra verba de outros navios importantes” segundo o senador Jack Reed, representante do estado da Virginia, onde os navios da atual classe Ohio estão sendo construídos. O deputado Randy Forbes faz coro com Reed, e afirma que a compra desses 12 SSBN-X a um preço tão proibitivo “servirá apenas para reduzir nossas forças navais”.
Porém, há uma solução segundo o pesquisador Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação dos Cientistas Americanos – adquirir menos SSBNs. O argumento de Kristensen não se baseia em custos – apesar da economia óbvia em comprar menos navios – mas se trata de como a Marinha emprega efetivamente esses meios.
Desde o fim da Guerra Fria, a US Navy diminuiu o número de patrulhas de dissuasão feitas por submarinos nucleares – redução justificável dada a necessidade de adaptação às ameaças do século 21. Segundo dados coletados por Kristensen, o número de patrulhas realizado atualmente corresponde a menos de um terço do que se fazia no final da Guerra Fria.
Mas quem acha que a frota de submarinos reduziu proporcionalmente às incursões deve repensar. Há apenas quatro submarinos a menos agora em comparação à frota na metade da década de 1990 – 14 atualmente contra 18 há cerca de 20 anos, segundo dados fornecidos pela Marinha em resposta aos argumentos de Kristensen. Assim, hoje em dia cada submarino faz muito menos da sua missão original como agente dissuasivo.
Esses argumentos levam o cientista a concluir que “menos submarinos nucleares dão conta do trabalho. A Marinha poderia facilmente reduzir a frota de 14 para 12 embarcações agora e diminuir a encomenda da nova geração de SSBNs de 12 para 10, economizando bilhões no processo”. A verba poupada daria à US Navy a tão necessária flexibilidade dentro de um orçamento definido como “insustentável”. A Força poderia custear outros meios navais adequados à região pivotal da Ásia-Pacífico, como os submarinos multimissão da classe Virginia, armados com mísseis Tomahawk e que custam metade do preço dos SSBN-X, além de conduzir operações antissubmarinas e desembarcar forças especiais.
Parafraseando o congressista Ed Markey, “é insano gastar centenas de bilhões em novas bombas atômicas e sistemas de lançamento para lutar uma Guerra Fria há muito encerrada, e ao mesmo tempo ignorar as necessidades de segurança do século 21”. Diminuir a frota de submarinos teria o duplo efeito de poupar recursos e cumprir a missão global da Marinha de prover dissuasão nuclear em uma época de orçamento apertado.
FONTE: usnews.com via Naval Open Source Intelligence (tradução e adaptação do Poder Naval a partir de original em inglês)