Rússia precisa de um novo porta-aviões
Oleg Nekhai
A Rússia pode começar em breve a construção de um porta-aviões. Segundo o vice-ministro da Defesa da Rússia Iuri Borisov, é possível que no programa estadual de desenvolvimento de armamentos, calculado até 2025, apareça uma clausula que contemple um navio-aeródromo. Segundo ele, a indústria russa está pronta para o projeto.
O Instituto de Pesquisa Krylov em São Petersburgo – o principal centro de desenvolvimento de navios marinhos – apresentou três opções de construção de um porta-aviões com diferentes deslocamentos e arranjos. A Rússia tem hoje apenas um cruzador pesado de transporte de aviões – o Admiral Kuznetsov. Mas o país precisa de pelo menos mais duas embarcações do tipo, acredita o vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, Konstantin Sivkov: “a Rússia deve ter uma frota de porta-aviões poderosa, nem que seja somente por ser um centro geopolítico da Eurásia. Não tendo esses recursos, a Rússia não é capaz de garantir apoio por medidas de força militar da sua política externa nas áreas remotas do mundo. Acabei de chegar do México, e os representantes dos países da América Latina diziam que querem ver a presença russa na região da América Latina. Para que essa presença seja sustentável, deve se basear em poderio naval, garantido justamente por porta-aviões”.
Mas para construir navios desta classe são necessários, além de dinheiro, bases científico-técnica e tecnológica. Segundo Konstantin Sivkov, essa estrutura existe hoje no país: “o estaleiro Sevmash hoje em dia é capaz de construir tais navios com um deslocamento de entre 70 e 90 mil toneladas. Atualmente, a empresa está construindo navios civis desse deslocamento. Portanto, é bem capaz de construir um navio-aeródromo. Naturalmente, será necessária uma reconstrução e reequipamento técnico da fábrica, e para isso será necessário dinheiro”.
Quanto à utilização de porta-aviões e grupos portadores, eles devem estar presentes, em primeiro lugar, no Oceano Pacífico e na zona operacional da Frota do Norte, acredita o editor-executivo da Revista Militar Independente Viktor Litovkin: “o mar Negro é uma piscina fechada, não há nenhuma razão para ter porta-aviões lá. No Mar Báltico a situação é igual. Mas nas frotas do Norte e do Pacífico eles podem operar, já que tanto numa frota como noutra temos grandes bases de submarinos nucleares estratégicos. E uma das tarefas dos porta-aviões e grupos de batalha é proteger áreas de implantação de submarinos nucleares com mísseis balísticos a bordo”.
Segundo Konstantin Sivkov, a zona de ação dos navios-aeródromos em tempo de paz pode ser o Atlântico, o Mediterrâneo, o Oceano Índico, o Pacífico Sul e Central. Em tempo de guerra, as principais áreas de patrulha será a zona do Mar de Barents, e no Oceano Pacífico são áreas adjacentes à península de Kamchatka. Lá, os porta-aviões devem repelir ataques aéreos e garantir a operação de forças de ataque.