Coppe e Marinha juntas para equipar o primeiro submarino nuclear brasileiro
Cesar Baima
O fundo do mar é escuro, mas é muito barulhento. Chuvas, raios, peixes, baleias e navios, entre outros, enchem os oceanos de ruídos que podem se propagar por centenas de quilômetros. Assim, detectar, localizar, identificar e acompanhar os sons produzidos por embarcações inimigas e diferenciá-los dos barulhos naturais sem revelar a própria posição são capacidades fundamentais para que uma das mais furtivas máquinas de guerra já inventadas, o submarino nuclear, cumpra suas missões.
Sonar passivo é o foco
Para isso, os submarinos usam os chamados sonares passivos, conjuntos de hidrofones, computadores e programas guardados em segredo pelos países que têm esta tecnologia. Com planos de lançar ao mar seu primeiro submarino nuclear em 2023, a Marinha do Brasil precisa dominar o desenvolvimento deste tipo de sistemas e por isso se juntou à Coppe/UFRJ, que na próxima segunda-feira inaugura na Ilha do Fundão seu Laboratório de Tecnologia Sonar (LabSonar).
Segundo José Seixas, professor do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe e coordenador do LabSonar, o laboratório é fruto da histórica parceria entre as duas instituições. Ele lembra que os sonares em uso pela Marinha já contam com partes desenvolvidas conjuntamente e desataca que o foco principal do novo laboratório é fabricar um sonar passivo totalmente com tecnologia nacional, desde a captação dos sinais até seu processamento.
– O submarino nuclear é uma oportunidade especial para colocar o Brasil em uma posição de destaque na área de defesa – diz. – Este projeto traz grandes demandas tecnológicas que vão exigir um salto de qualidade e inovação da indústria brasileira. A soberania nacional é resguardada quando se tem autonomia nas tecnologias e processos como as dos sonares passivos, e temos o conhecimento de processamento, instrumentação e capacitação para fazer isso.
De acordo com Seixas, um dos principais desafios é encontrar maneiras de separar e identificar os sons de interesse tático e estratégico no ruidoso ambiente subaquático.
– Em geral, o ruído é algo que atrapalha o desempenho dos sistemas de detecção, mas neste caso tudo é ruído, com a diferença que alguns são de interesse e outros não – explica. – São muitos os possíveis contatos para serem identificados, e a propagação do som no ambiente subaquático é um processo bem complexo, principalmente quando se tem contatos múltiplos, em que o ruído de um pode interferir no do outro e eles têm que ser desembaralhados.
De olho neste problema, Seixas conta que a Marinha já está construindo uma base de dados com a “assinatura” de vários sons subaquáticos, desde os produzidos naturalmente até os de variados tipos de navios.
– O sistema tem que conhecer muitas classes de som, reconhecer algo desconhecido que pode representar um problema e fazer tudo isso rápido, já que ele será a base de decisões de vida ou morte, ou de vitória e derrota – conclui.
FONTE: O Globo Via Resenha do Exército
para quem estava preocupado com o “recheio” so subnuc, que os franceses não iam repassar tecnologias sensíveis, etc, etc e tal, essa é uma grande notícia ! Mostra que a MB está atenta e se preparando para que sistemas sensíveis sejam brasileiros.
Anualmente a marinha americana realiza exercícios afim de atualizarem as base de dados de seus submarinos nucleares. Agora, é a vez do Brasil de montar sua própria base de dados de sons.
Boa sorte a todos e sucesso.
Já a alguns anos, sempre que os submarinos da Classe “Tupi” e o “Tikuna” realizam comissões com outras marinhas (Estados Unidos, Reino Unido, França, Argentina, Índia, Canadá, Espanha, etc.) o banco de dados com as assinaturas destes meios é atualizado.