‘Liaoning’ suspende para ciclo de testes no Mar do Sul da China
Por Ben Blanchard; Megha Rajagopalan e Manny Mogato. Edição Por Nick Macfie
A China mandou seu navio-aeródromo Liaoning para treinamentos na região do Mar do Sul da China, em meio a disputas territoriais com as Filipinas e outros países da área, além de de tensões com o Japão por conta dos planos de estabelecer uma zona de defesa aérea sobre águas disputadas com Tóquio.
Desde o comissionamento, em janeiro deste ano, o Liaoning – adquirido da Ucrânia e reformado pela China – já realizou mais de 100 exercícios e testes, mas se trata do primeiro envio da embarcação para o Mar do Sul. Segundo comunicado oficial da Marinha do Exército de Libertação Popular da China para o portal de notícias navy.81.cn/, o porta-aviões suspendeu da base naval de Quingdao, no nordeste do país, acompanhado por dois contratorpedeiros e duas fragatas.
De acordo com o site, durante a permanência do navio no Mar do Sul, serão realizados “testes, pesquisas científicas e manobras militares”. O momento escolhido para esses exercícios levou à inevitável desconfiança por parte das nações vizinhas por conta das reivindicações marítimas e territoriais que sobrepõem. A China protestou formalmente contra os Estados Unidos e o Japão após os dois países terem criticado abertamente os planos chineses de estabelecer novas regras para o espaço aéreo sobre a região de litígio do Mar de Leste. Na última quinta-feira (21) autoridades da Austrália teriam entrado em contato com o embaixador chinês no país para expressar preocupação acerca da chamada Air Defence Identification Zone.
A China, por sua vez, também reivindica soberania sobre toda a região do Mar do Sul, rica em petróleo e gás, entrando em atrito direto com Taiwan, Malásia, Brunei, Filipinas e Vietnã. A disputa é um dos pontos mais sensíveis da expansão militar chinesa, bem como o “pivô” da presença americana da Ásia-Pacífico.
Apesar de ser considerado tecnologicamente atrasado em comparação aos porta-aviões americanos, o Liaoning representa as ambições navais da China, e vem sendo objeto central de campanhas patrióticas do país.
“Não tão preocupante”
O diretor do Instituto de Pesquisa para Paz, Violência e Terrorismo das Filipinas, Rommel Banlaoi, afirmou que o navio-aeródromo chinês ainda está anos longe de representar uma ameaça real. “A China ainda está desenvolvendo seu próprio modelo de como operar um porta-aviões, e a tecnologia é muito atrasada em comparação aos Estados Unidos. Banlaoi ainda completa: “Pessoalmente, eu não acho tão preocupante um porta-aviões a diesel em uma missão de treinamento”.
A Marinha do ELP não especificou que tipo de treinamento seria feito durante o desdobramento do Liaoning, e apenas enfatizou que os exercícios anteriores, envolvendo pouso e decolagem de aeronaves, foram bem-sucedidos. Boa parte das manobras divulgadas haviam acontecido até então na região do Mar Amarelo, entre o território chinês e a Península da Coreia.
Segundo o professor de ciência política, Joseph Cheng, da Universidade de Hong Kong, “obviamente, as autoridades chinesas vêm adotando uma série de medidas para reforçar as reivindicações nos territórios litigiosos”. Cheng ainda aponta: “ao ver o Japão e países do Sudeste Asiático também tomando medidas para reforçar sua soberania, a China tem que responder”.
A Marinha chinesa comunicou que a missão do porta-aviões é de rotina, e que o Liaoning ainda está em fase de testes. “Os testes no Mar do Sul são parte dos procedimentos normais para provas e adestramento”, aponta o comunicado. “Viagens longas são uma etapa necessária de experimentação a fim de testar equipamentos e pessoal ao longo de semanas de trabalho contínuo em condições hidrológicas e meteorológicas variadas.
FONTE: Reuters (tradução e adaptação do Poder Naval a partir de original em inglês)