Japão se prepara para fazer frente à expansão naval chinesa
Por David Lague
O poderio marítimo crescente da China vem se tornando o maior desafio das forças militares japonesas desde o colapso da União Soviética. Neste ano, Tóquio interrompeu a trajetória decrescente dos orçamentos para defesa com um aumento de 0.8% – o equivalente a 4.9 trilhões de ienes, aproximadamente 48 bilhões de dólares.
Os investimentos para o ano que vem devem crescer ainda mais, para cerca de 3%, segundo estimativas de oficiais superiores das Forças de Auto-Defesa. Analistas militares do país acreditam que a forças navais têm uma vantagem clara em termos de tecnologia e poder de fogo se comparadas às forças chinesas, porém, esse hiato está diminuindo. “As Forças Marítimas de Auto Defesa são as segundas maiores e mais capazes, perdendo apenas para a Marinha dos Estados Unidos”, afirma o almirante da reserva Yoji Koda. “A Marinha chinesa ainda teme nossa capacidade real”, completa.
Koda e outros especialistas da área de defesa estimam que a República Popular levará cerca de 15 anos para alcançar o poder estadunidense e japonês no leste da Ásia – contanto que o país mantenha os os investimentos na área militar na casa dos dois dígitos durante esse tempo. Neste ano, a China investiu mais 10,7% em defesa do que em 2012, alcançando 119 bilhões de dólares. Porém, analistas internacionais estimam que os gastos podem muito bem passar dos 200 bilhões.
Enquanto investe mais, Tóquio também reposiciona e reequipa suas Forças. Ao longo da Guerra-Fria, as Forças de Auto Defesa se concentraram nas ilhas ao norte do território, prontas para confrontar a União Soviética e ajudar a US Navy a monitorar a poderosa frota russa de submarinos. Agora, o Japão está na fase inicial de realocar seus meios para o oeste do arquipélago a fim de fazer frente ao ritmo cada vez mais acelerado das operações navais chinesas. O país também planeja introduzir uma força de desembarque anfíbio, análoga aos Fuzileiros Navais americanos, e que poderia ser enviada para proteger ilhas mais distantes, ou recuperar territórios.
Segundo o ministro da defesa japonês, Itsunori Onodera, os primeiros 700 membros de um efetivo previsto para 3 mil combatentes serão retirados do Exército. Atualmente, o Japão já conta com uma frota de porta-helicópteros e navios de assalto anfíbio que seriam capazes de prestar apoio a esse novo braço militar. O país também está testando novos veículos de assalto que devem desembarcar as tropas.
Exercícios militares recentes também sugerem que as autoridades de defesa japonesas estão preocupadas com ameaças em suas ilhas mais distantes. Logo que se encerraram as manobras chinesas mais recentes próximas ao arquipélago japonês, o país lançou um exercício e 18 dias de duração e envolvendo 34 mil homens, que realizaram operações de desembarque em um atol inabitado ao sul da ilha de Okinawa. No começo deste ano, mil soldados japoneses também participaram de simulações de desembarque anfíbio na Califórnia, em pareceria com Fuzileiros Navais americanos.
FONTE: Reuters (tradução e adaptação do Poder Naval a partir de original em inglês)