LCSs da Marinha americana sofrerão cortes?
O Pentágono repassou neste mês instruções à Marinha americana para redução de quase 40% no programa de desenvolvimento de navios de combate litorâneo (LCS). A medida já era prevista por analistas e especialistas da área naval, e vai diminuir a encomenda para 32 unidades. Segundo os portais Navy Times e Bloomberg News, citando fontes ligadas ao Departamento de Defesa, no dia 06 de janeiro foi enviado à US Navy um memorando do Departamento, logo após o Pentágono receber as diretrizes orçamentárias do governo Obama para 2015.
A manobra coloca em risco um programa avaliado em 7 bilhões de dólares e que deveria incorporar 52 unidades à Frota. Essa nova geração de navios foi desenvolvida para ser rápida, leve e operar em águas costeiras com tripulação mínima e armas cambiáveis. A previsão é de que as 12 primeiras embarcações sejam baseadas em San Diego, na Califórnia.
Críticos dos LCS no Congresso americano vinham atacando o programa há anos. Em 2013 os questionamentos ganharam respaldo com relatório do Government Accountability recomendando a suspensão do programa até que a Marinha determinasse um design fixo para os navios e progredisse nos testes com pacotes de armamentos. O memorando enviado pelo DoD à US Navy seria confidencial. O orçamento de 2015 ainda não foi oficialmente entregue, então haveria ainda possibilidade de mudanças quanto à redução do programa.
Os LCS se destinam a substituir três tipos de navios: fragatas, caça-minas e navios de patrulha litorânea. A versatilidade é resultado da arquitetura aberta, que permite aos navios revezarem pacotes de contraminagem, guerra antissubmarina e antinavio – os equipamentos de contraminagem e ASW ainda estão em fase de desenvolvimento. A aparente lentidão no fornecimento desses armamentos justificaria parte das críticas ao programa, assim como casos de corrosão precoce dos cascos das primeiras unidades. O custo alto dos primeiros navios e questionamentos internos do Pentágono acerca da duração dos LCS em combate também fragilizam a confiança no projeto.
Porém, o questionamento mais significativo é se os LCS – velozes e capazes de operar em águas rasas na região da Ásia-Pacífico, mas ao mesmo tempo mais frágeis do que um contratorpedeiro – são o tipo de navio certo para compor uma fração considerável dos 300 navios da Frota americana no futuro.
Muito estava em jogo no desdobramento do USS Freedom, primeiro de sua classe, e o navio teve desempenho controverso. O Freedom retornou de Cingapura para San Diego logo antes do Natal, e a Marinha o classificou como um sucesso após fazer as escalas previstas e participar de exercícios com Marinhas amigas na Ásia. Porém, o LCS sofreu danos fortemente especulados, como contaminação por água do mar e problemas de manobrabilidade causados pela ruptura de um cabo.
Os navios de combate litorâneo possuem duas variações. Os classe Freedom, de casco único, construídos pela Lockheed Martin, e com duas unidades comissionadas e 10 sob encomenda. E os trimaran em alumínio da classe Independence desenvolvidos pela Austal – o USS Independece já foi comissionado e aguarda desdobramentos futuros, enquanto o PCU Coronado tem comissionamento previsto para abril deste ano.
FONTE: utsandiego.com (tradução e adaptação do Poder Naval a partir de original em inglês)