Casco da primeira sonda da Sete Brasil chega ao país
LUCAS VETTORAZZO
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)
O casco da primeira sonda de perfuração da Sete Brasil chegou de Cingapura ao estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (RJ), nesta quarta-feira (22). O casco, que levou 33 dias para chegar ao pais —carregado por um outro navio ainda maior—, fará parte da sonda batizada de Urca, que tem previsão para ser entregue no final de 2015.
A sonda do tipo semissubmersível será operada pela Queiroz Galvão Óleo e Gás e prestará serviço para a Petrobras no pré-sal. A sonda é o equipamento que faz a perfuração do poço de petróleo.
A Urca integra portfólio de 29 sondas que serão encomendadas pela Sete Brasil, empresa de investidores que tem como objetivo contratar os equipamentos a estaleiros brasileiros. Das 29 sondas a serem construídas até 2020, 28 prestarão serviço à Petrobras.
A Petrobras tem 5% do capital da Sete. O restante é detido pelo chamado Fundo de Investimentos em Participações Sondas, integrado pelos quatro principais fundos de pensão do país (Petros, Funcef, Previ e Valia), por três bancos privados (BTG Pactual, Santander e Bradesco) e por fundos estrangeiros.
A sonda Urca é a primeira de um grupo de seis que o estaleiro BrasFels irá construir para a Sete Brasil. O equipamento terá capacidade de trabalhar sobre uma lâmina d’água de 10 mil metros e perfurar até 3.000 metros no leito marinho. O casco, que é o fundo da embarcação, foi construído no estaleiro da Keppel Fels, em Cingapura, dono da BrasFels.
A ideia é que as primeiras sondas contratadas pela Sete tenham 55% de conteúdo local e que esse percentual suba para até 65% nas últimas entregas.
CUSTOS
Segundo o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, as 29 sondas demandarão U$ 25,6 bilhões em investimentos. Segundo o executivo, 25% do valor a ser investido será com capital próprio da Sete e 75% com recursos de terceiros. Os principais financiadores do projeto da Sete são o BNDES, o Fundo de Marinha Mercante, ligado ao Ministério dos Transportes, bancos privados e agências internacionais de fomento à exportação.
“O financiamento para o primeiro grupo de nove sondas, que tem previsão de entrega entre 2015 e 2016 e um investimento de U$ 7,5 bilhões, já está com financiamento equacionado”, afirmou Ferraz, durante a apresentação do casco, em Angra dos Reis.
As 29 sondas foram divididas em três grupos. O primeiro tem nove sondas, com previsão de entrega em 2015 e 2016. O segundo grupo, de 12 sondas, tem previsão de entrega em 2017 e 2018. O segundo grupo tem oito embarcações, com entrega entre 2019 e 2020.
Inicialmente, a Sete pretendia contratar 30 sondas. Duas seriam construídas pela OSX, antiga empresa do grupo EBX, de Eike Batista, que entrou em recuperação judicial no final do ano passado. Ferraz explicou que diante dos problemas da empresa, a Sete cancelou a negociação com a OSX. Quem irá construir a última sonda da partida será o Estaleiro Atlântico Sul.
“A vigésima nona sonda vai ser a última a ser entregue e ainda não tem operador definido. Como ela terá um conteúdo elevado alto, de 65%, acreditamos que ela será bastante atrativa para o mercado”, disse Ferraz. Inicialmente, com as 30 sondas, o montante a ser investido em todos os equipamentos era de cerca de U$ 27 bilhões.
CONSTRUÇÃO
Tirando as seis do BrasFELS, as sondas da Sete Brasil serão construídas nos estaleiros Jurong Aracruz (ES), Estaleiro Atlântico Sul (PE), Estaleiro Rio Grande (RS) e Estaleiro Enseada Paraguaçu (BA).
Os estaleiros Jurong e o Paraguaçu ainda não estão prontos. Ferraz, contudo, garantiu que independentemente disso as obras serão entregues dentro do prazo.
Segundo ele, os dois estaleiros têm como sócios empresas asiáticas que poderão construir alguns componentes que seriam feitos no Brasil caso as unidades industriais ainda não estejam totalmente concluídas. Ferraz ressaltou, porém, que essa é a última possibilidade.
Em geral, os cascos são construídos no exterior e maior parte dos equipamentos é construída e integrada no Brasil. Alguns componentes do navio, segundo Ferraz, podem ser construídos à medida que o próprio estaleiro é concluído.
De acordo com Ferraz, o projeto de construção das sondas está adiantado em relação ao cronograma. O projeto está 23,4% de seus cronograma realizado. A previsão para o período era de 22,5%. Já para os 29 navios, o percentual de conclusão está em 13,2%, contra uma previsão de 12,8%.
FONTE: Folha de S. Paulo