US Navy: continua o debate sobre orçamento e porta-aviões
Os questionamentos sobre quantos navios-aeródromos a Marinha dos Estados Unidos deve operar permanecem, enquanto o Pentágono se prepara para divulgar a proposta de orçamento para 2015.
Em comunicado oficial, o Pentágono declara que “a maior parte das decisões acerca do orçamento já foi tomada, mas alguns itens ainda podem ser deliberados”. O cerne da questão é a disponibilidade de dinheiro, e se a Marinha é capaz de manter 11 porta-aviões ou teria que atender a suas atribuições com uma frota de apenas dez.
Muitos analistas e formadores de opinião debatem sobre questões básicas como para onde irão os fundos que sobram se um NAe for retirado de serviço, e se caso a verba para um décimo-primeiro navio for mantida, outras áreas da US Navy terão que sofrer cortes. “Haverá um grande custo para se manter o NAe. Se a Marinha tiver que arcar com toda essa despesa, o impacto recairá sobre vários programas da Força através de pequenos cortes, ou grandes cortes em poucos programas”, explica uma fonte anônima ligada ao processo de formulação do orçamento da US Navy.
Um plano que vem sendo considerado sugere a retirada de serviço do USS George Washington (CVN 73), que demandará em breve o reabastecimento do combustível nuclear – momento que marca a metade da vida-útil do navio – , além de uma reforma geral que deve se prolongar ao longo dos próximos anos. Ainda que porta-aviões sirvam durante até 50 anos – 25 deles após a manutenção geral e reabastecimento – houve discussões sobre se o George Washington sairia de cena cumprindo apenas metade do tempo na ativa. Segundo reportagem do Wall Street Journal, a Casa Branca deixou claro que a US Navy terá uma frota de 11 navios-aeródromos. Porém, permanecem as preocupações no Pentágono e no Congresso sobre a viabilidade dessa decisão.
De acordo com fontes ligadas ao Pentágono, até a semana passada ainda era incerto se os cerca de quatro bilhões de dólares necessários para reabastecer e preservar o CVN 73 entrariam na proposta de orçamento para 2015, que será divulgada em breve. Os cortes que devem aparecer na proposta incluem projeções para os gastos dos próximos cinco anos para uma gama ampla de programas militares. Para este ano, o esforço de manter a frota de NAes intacta tem uma complicação – o acordo orçamentário aprovado pelo Congresso cobre apenas 2014 e 2015, o que significa que os cortes sistemáticos do chamado Sequestro podem voltar em 2016 – a menos que aconteça um acerto semelhante até lá e nos próximos anos.
Opiniões divergentes
Há quem perceba de forma positiva a redução da frota de navios-aeródromos.
Segundo Ben Friedman, pesquisador do Cato Institute, em Washington, diminuir o número de porta-aviões operacionais liberaria recursos para a US Navy investir em programas de extrema prioridade. “Cortes nos porta-aviões seriam uma forma de equalizar os gastos entre os diversos serviços prestados pela Força. Dentro da Marinha, isso representa achar espaço e garantir recursos para outros tipos de embarcação, como contratorpedeiros, LCSs e submarinos”. Friedman também afirma que é possível gerenciar as demandas com dez NAes. ” A ideia é de uma Marinha que passa mais tempo em alto-mar, com menos escalas em portos e menos exercícios conjuntos com outras Forças. Se fizéssemos isso, não haveria problema algum em operar com menos porta-aviões, explica.
Por outro lado, também há analistas e legisladores se manifestam favoráveis a uma Frota com 11 navios-aeródromos, citando argumentos como os requisitos das missões em que os navios atuam, a necessidade da presença e projeção de poder, e a demanda por porta-aviões em todo o globo. Muitos dos que propõe manter o número de navios apontam para o fato de que na década de 1980, a Marinha americana contava com 15 unidades – número exigido por lei pelo Congresso até 2011.
O almirante Tom Moore, responsável pelo programa de construção da nova classe Ford de navios-aeródromos, enfatiza a pressão fiscal que caracteriza o momento de divulgação e aprovação do orçamento para 2015. ” Porta-aviões são caros, sem dúvida, mas eu creio que também é evidente que eles oferecem muito à nação”, afirma. “O melhor que podemos fazer é operar as plataformas de forma economicamente eficiente”. Ainda segundo o almirante Moore, os NAes abrangem uma gama variada de missões para as Forças Armadas americanas, desde ajuda humanitária e auxílio em caso de desastre – como no Haiti em 2008 – até prestar apoio total em situações de combate, como na campanha do Afeganistão.
FONTE: DoD Buzz via Naval Open Source Intelligence (tradução e adaptação do Poder Naval a partir de original em inglês)