Primeiro de dois LHD da Marinha da Austrália, ‘Canberra’, inicia provas de mar
Na segunda-feira, 3 de março, o NUSHIP Canberra, primeiro de dois LHD destinados à Força de Defesa da Austrália, suspendeu utilizando seus próprios meios para dar início às suas provas de mar e programa de testes. A informação foi divulgada pela Marinha Australiana nesta terça-feira. A sigla NUSHIP indica, na Marinha Australiana, navios que ainda não foram comissionados, enquanto LHD é a sigla comumente usada para classificar navios de desembarque anfíbio dotados de doca e convoo do tipo convés corrido (sem interrupções de proa a popa) para operação de helicópteros.
O navio deixou o estaleiro da BAE Systems de Williamstown (Austrália) para iniciar as provas de diversos de seus sistemas em diferentes condições, o que implica realizar os testes em diversas localidades. Assim, os equipamentos podem ser provados em diferentes profundidades de mar e velocidades também variadas. O objetivo é comprovar como o Canberra manobra e se move em diversas codições, qual o seu tempo até uma parada total a partir de várias velocidades, qual o seu consumo de combustível em cada velocidade e configuração, entre outros exemplos. Também serão testadas as operações de sistemas básicos, como os de alarme.
Para as provas, embarcaram tanto as equipes de projetos da BAE Systems e da Organização de Material de Defesa quanto um significativo número de tripulantes alocados para o navio, para os quais esta é uma importante oportunidade de familiarização com os sistemas e equipamentos a bordo.
Espera-se que esta primeira fase de provas dure 12 dias, culminando com a entrada do navio na Baía de Sydney pela primeira vez. Em Sydney, também haverá uma docagem na Base Leste da Frota (onde os dois LHD ficarão baseados após o comissionamento), para limpeza do casco antes do retorno a Williamstown, para em seguida partir para a fase final de provas, focada em sistemas de comunicação e de combate. No dique, ficará evidente o tamanho e porte do navio, que também pode ser apreciado no quadro comparativo abaixo, disponibilizado pela Marinha Australiana:
Características gerais da classe “Canberra”:
- comprimento: 230,8 m
- boca moldada: 32 m
- boca na linha d’água: 29,5 m
- Altura do convoo: 27,5 m
- Calado com carga plena: 7,08 m
- Deslocamento com carga plena: 27.500 toneladas
- Propulsão: uma turbogerador movido por turbina a gás (LM 2500) de 19.160 kW
- Dois geradores diesel (MAN 16V32/40) de 7.448 kW cada
- Dois unidades de propulsão azimutais (do tipo POD) de 11 MW cada, com hélices de 4,5 metros de diâmetro
- Dois bow thrusters de1.500kW cada
- Um gerador diesel de emergência (Progener-Mitsubishi S16MPTA) de 1.350kW
- Armamento de quatro canhões automáticos de 20mm, seis metralhadoras de 12,7mm, além de sistema rebocado de defesa antitorpedo Nixie e reserva de espaço para o Nulka, sistema ativo de despistamento de mísseis
Juntos, os navios deverão ter capacidade de desembarcar uma força de 2.000 integrantes por helicóptero e embarcações de desembarque, juntamente com suas armas, munições, veículos e suprimentos. São os maiores navios já construídos para a Marinha Australiana, e seus comissionamentos estão programados para 2014 (HMAS Canberra) e 2015 (HMAS Adelaide).
A velocidade máxima planejada é superior a 20 nós, e a velocidade máxima sustentada deverá ser de 19 nós em condições de plena carga, com alcance de 6.000 milhas náuticas. Em velocidade econômica de cruzeiro de 15 nós, espera-se um alcance de 9.000 milhas náuticas.
A doca na popa tem 69,3 metros de comprimento e 16,8 metros de largura, com área de 1.165 metros quadrados, permitindo uma operação normal de quatro embarcações de desembarque do tipo LCM 1E. Há uma rampa fixa que dá acesso à doca para veículos pesados estacionados na área de carga para esse tipo de veículo, de 1.410 metros quadrados, e duas rampas laterais adicionais estão localizadas a boreste para acesso ao cais de veículos de até 65 toneladas. Há também uma área de estacionamento para veículos leves, por meio de uma rampa fixa a bombordo.
Acima desses conveses, fica a área de acomodação capaz de abrigar 1.400 pessoas, 400 da tripulação e 1.000 da tropa. Nesse convés também estão os refeitórios, enfermaria, cozinha, escritórios e compartimentos de recreação. O navio abrigará, de forma conjunta, pessoal da Marinha, da Força Aérea e do Exército.
O convoo de 202,3 m de comprimento e 32m de largura (4.750 metros quadrados) é configurado com seis pontos para helicópteros a bombordo para aeronaves médias como o NRH 90 ou Blackhawk, que permitem operações de decolagem e pouso simultâneas. Alternativamente, podem decolar e pousar quatro helicópteros pesados CH-47 Chinook.
Dois elevadores de aeronaves, um a boreste à frente da ilha e outro à ré do convoo, dão acesso ao hangar (que também pode ser usado para veículos leves) de 990 metros quadrados, capaz de acomodar 8 helicópteros médios. O espaço dedicado a veículos leves pode receber helicópteros médios, o que eleva a capacidade para 18 aeronaves. Helicópteros pesados como o CH 47 somente podem utilizar o elevador localizado à popa.
FONTE / FOTO / ILUSTRAÇÕES: Marinha Australiana (tradução e edição do Poder Naval a partir de originais em inglês)
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