Tracker versus EC-725
Por G-Loc
A Marinha do Brasil (MB) está comprando aeronaves C-1 Trader e S-2 Tracker para a função de reabastecimento em voo, Carrier Onboard Delivery (COD) e alerta aéreo antecipado. As aeronaves tem desempenho claramente superior aos helicópteros e seriam melhores para cumprir as missões desejadas. No entanto, como a Marinha do Brasil já está recebendo 16 helicópteros EC-725, os mesmos poderiam ser avaliados para realizar as missões previstas para os Trader e Tracker. O principal motivo seria padronizar os meios e evitar a compra de mais aeronaves.
Um helicóptero claramente não serve para realizar missões de reabastecimento em voo, mas essa missão costuma ser realizadas pelos próprios caças com sistemas Buddy Buddy. Os AF-1 tem esta capacidade e outros A-4 Skyhawk poderiam receber uma modernização mais simples para realizar a missão, além de poderem realizar outras missões mais simples.
Um Tracker ou Trader seria melhor para realizar missões de alerta aéreo antecipado por voar mais alto e ter maior autonomia. Na prática, a diferença não é tão grande visto que um EC-725 tem teto de 6 mil metros e o S-2 Tracker tem teto de 6.700 metros. Nos dois casos os tripulantes teriam que usar máscaras de oxigênio para operar a grandes altitudes. As missões que costumam realizar não exige voos a grande altitude.
O Tracker tem uma autonomia respeitável de 9 horas enquanto o EC-725 está limitado a 4-5 horas. Na prática a limitação é a resistência mental do operador de radar que não costuma passar de turnos de 4 horas. No caso dos helicópteros, existe a opção de realizar um reabastecimento e troca de tripulação com os motores ainda girando.
O Tracker é bem mais rápido que um helicóptero (450km/h contra 324 km/h), mas em uma patrulha a velocidade máxima é irrelevante. A velocidade seria necessária para acompanhar pacote de ataque operando longe do porta aviões, mas ainda assim o Tracker também tem limitações por ser bem mais lento que os jatos.
Uma vantagem clara do EC-725 é poder receber radares e equipamentos eletrônicos para realizar as missões de alerta aéreo antecipado sem muitas limitações das células. Já os S-2 Tracker tem limitações como o tamanho do radome do radar caso seja usado para receber um novo radar. No caso do EC-725, os radares são instalados externamente sem problemas como já feito com os Sea King AEW.
Em termos operacionais, o Tracker precisa de um porta aviões para operar embarcado enquanto o EC-725 ainda pode operar a partir de outras plataformas e usar seus sensores para apoiar um Grupo Tarefa sem um NAe.
Nas missões de Carrier Onboard Delivery (COD), o EC-725 parecem ter a mesma capacidade de carga, com o EC-725 podendo levar mais passageiros e tem um volume interno maior. Por outro lado, o alcance do C-1 Trader é bem maior (850km contra 2.000km sem citar a carga). Nos dois casos a missão é levar itens de emergência para apoiar um Grupo Tarefa. Esta capacidade já existe na FAB com os C-130 podendo lançar container de pára-quedas na água. Os containers são recuperados pelas pequenas embarcações dos navios. Os britânicos usaram esta capacidade durante a Guerra das Malvinas. O alcance é várias vezes maior que a do C-1 Trader que limita a distância do Grupo Tarefa até as bases aéreas mais próximas.
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