Scorpene Brasileiro

Novos submarinos vão substituir os 5 convencionais que o Brasil possui atualmente, construídos em parceria com a Alemanha, e que estão no fim da vida útil

ClippingNEWS-PAProteger 8.500 km de litoral e riquezas ocultas no fundo do mar, como as reservas do pré-sal e de minerais da Amazônia Azul. Com este objetivo, o Brasil avança na construção do primeiro de cinco submarinos, um deles com propulsão nuclear, em parceria com a França.

“O Brasil é detentor de riquezas que estão no nosso mar. É responsabilidade nossa ter uma força armada forte. Não para fazer guerra, mas para não entrar em guerra. Para que não tentem tomar nossas riquezas. O submarino de propulsão nuclear é uma das armas com maior possibilidade de dissuasão”, declarou em entrevista à AFP o almirante-de-esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld, coordenador-geral do Prosub, programa de desenvolvimento de submarinos, com custo estimado em R$ 23 bilhões (uns US$ 10 bilhões).

Os novos submarinos vão substituir os cinco convencionais que o Brasil possui atualmente, construídos entre 1980 e 1990, em parceria com a Alemanha, e que estão no fim da vida útil.*

Em Itaguaí, 70 km ao sul do Rio de Janeiro, fica o complexo de 540 mil metros quadrados onde a empreiteira brasileira Odebrecht, a estatal francesa de Defesa DCNS e a Marinha do Brasil trabalham em conjunto para cumprir um cronograma que se estende até 2025.

Na unidade fabril, o primeiro submarino convencional (SBR1), previsto para lançamento ao mar em 2017, está 45% concluído, e o segundo (previsto para 2019) começa a ser construído. Os demais ficarão prontos a cada 18 meses.

As dimensões do complexo impressionam: na fábrica, com 38 metros de altura, operários trabalham nas enormes chapas de aço que, unidas, formarão o casco resistente dos submarinos convencionais que, prontos, terão 75 metros de comprimento e pesarão 2.000 toneladas.

A alguns metros de distância, 3.000 pessoas trabalham em ritmo acelerado para erguer o estaleiro, com inauguração prevista para novembro, onde as seções dos submarinos serão montadas.

A infraestrutura terá ainda um estaleiro de manutenção, uma base naval e um complexo radiológico, onde será feita a troca do combustível nuclear.

O submarino nuclear (SNBR), com 100 metros de comprimento e 6.000 toneladas, começará a ser construído em 2017 e será lançado em 2025.

Atualmente, apenas cinco países projetam e constroem submarinos nucleares: China, Reino Unido, EUA, Rússia e França.

Submarinos convencionais possuem restrições como o motor diesel-elétrico, que os obriga a ir à superfície a cada 12h ou 24h para carregar as baterias e mudar o ar respirado na cabine.

Mais caros, os de propulsão nuclear são mais velozes e não precisam vir à tona, pois utilizam energia atômica, fonte praticamente inesgotável, para mover seus motores, e o ar respirado é purificado através de um composto químico.

Nova Base de Submarinos em Itaguaí no Rio de Janeiro

 

Patrimônio marítimo

Segundo a Marinha, os submarinos convencionais patrulharão pontos de comunicação muito intensa, como portos. O nuclear atuará em áreas mais distantes, onde estão as reservas do pré-sal – estimadas em até 35 bilhões de barris – e a Amazônia Azul, um território marítimo de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, situado até 200 milhas náuticas (370 km) ao longo da costa.

Rica em biodiversidade, a Amazônia Azul, onde o Brasil exerce soberania, com direito a exploração, aproveitamento e gestão dos recursos naturais, tem minerais como fosforita, ouro, manganês e calcário, com aplicações diversas, da agricultura à construção civil.

Além disso, 95% do comércio exterior brasileiro passam pelo mar, onde o Brasil também prospecta a maior parte do petróleo e gás natural, destaca a Marinha.

Em 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou a Estratégia Nacional de Defesa, que prevê que o Brasil deve impedir que forças inimigas se aproximem por via marítima, dotando-se de uma força naval submarina importante, com capacidade para projetar e fabricar os dois tipos de submarinos.

A França atendeu à demanda brasileira por transferência tecnológica e no mesmo ano, Lula e o então colega francês, Nicolas Sarkozy, firmaram um acordo em que a DCNS, detentora do projeto e construtora de submarinos, se comprometeu a fornecer material para construir as embarcações e infra-estruturas, fazer treinamento de pessoal, com a nacionalização dos equipamentos e sistemas para o desenvolvimento da indústria brasileira neste setor.

Submarino com propulsão nuclear Álvaro Alberto

A única exceção é a parte nuclear, pois o reator e o combustível de urânio enriquecido são desenvolvidos com tecnologia brasileira.

Os cinco submarinos serão equipados com torpedos convencionais, pois a Constituição brasileira e o Tratado de Não-proliferação Nuclear (TNP), do qual o país é signatário, proíbem desenvolver ou adquirir armas atômicas.

Segundo o relatório “Tendências dos gastos militares no mundo”, do Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), o Brasil se manteve em 2013 entre os 15 países com maiores gastos no setor, com despesas de US$ 31,5 bilhões (cerca de R$ 70 bilhões), embora tenha havido um recuo de 3,9% nos investimentos com relação a 2012.

Em 2013, o país comprou 36 aviões-caça Gripen da Suécia** e, este ano, 28 aviões de transporte KC-390, da construtora brasileira Embraer.

Além dos submarinos, o acordo firmado com a França prevê a aquisição de 50 helicópteros de transporte militar EC-725.

FONTE: exame.abril.com.br / AFP

*NOTA DO EDITOR 1: a informação “construídos entre 1980 e 1990” está incorreta e, quando muito, serve para o primeiro submarino, o Tupi, construído na Alemanha e incorporado em 1989 (construção iniciada em 1985). Os demais quatro submarinos de projeto alemão construídos no Brasil, o último deles de uma versão aprimorada com participação de engenheiros brasileiros, foram o Tamoio (início da construção em 1986 e incorporação em 1995), o Timbira (iniciado em 1987 e incorporado em 1996), o Tapajó (início em 1992 e incorporação em 1999) e Tikuna (iniciado em 1996 e incorporado em 2005).

Assim, é incorreto, ao menos para a maior parte desses cinco submarinos,  dizer que estejam hoje “no fim da vida útil”, já que esta é de no mínimo 25 anos e apenas o Tupi  está atingindo essa marca (sendo que no momento ele passa por um Período de Manutenção Geral para permitir mais um período de serviço). Dizer que parte deles estará no final da vida útil quando da incorporação dos novos submarinos seria mais lógico.

**NOTA DO EDITOR 2: o Brasil não comprou qualquer caça Gripen ainda. No final do ano passado foi anunciado o Saab Gripen NG como vencedor do programa F-X2 e começaram as negociações para assinatura de um contrato, esperada para o final deste ano. Só quando da assinatura do contrato encomendando efetivamente as aeronaves estará caracterizada a compra.

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