França suspende entrega de navio de guerra para a Rússia
Governo de Hollande afirma que ações recentes na Ucrânia inviabilizam fornecimento de porta-helicópteros
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Sob pressão de aliados devido à crise na Ucrânia, a França anunciou nesta quarta-feira a suspensão da entrega do primeiro de dois navios de guerra para a Rússia, num contrato que vinha sendo muito criticado. O governo de François Hollande afirmou que as condições não eram adequadas devido às recentes ações da Rússia no conflito entre as forças de Kiev e separatistas pró-Moscou no Leste ucraniano.
O contrato de US$ 1,6 bilhões foi assinado em 2011, e os navios porta-helicópteros da classe Mistral deveriam começar a ser entregues em outubro próximo. Mas, na semana passada, Hollande havia advertido que seria “inaceitável e intolerável” se fosse provado que tropas russas estavam na Ucrânia.
“As recentes ações da Rússia contrariam as bases da segurança na Europa”, disse o governo francês em comunicado. “O presidente concluiu que apesar da perspectiva de um cessar-fogo, não há as condições segundo as quais a França poderia autorizar a entrega.”
O Ministério de Defesa da Rússia disse que a decisão da França não faria mal à sua modernização militar e a planos de reforma, segundo a agência de notícias Itar-Tass.
“Embora seja desagradável e acrescente certas tensões nas relações com os nossos parceiros franceses, o cancelamento do contrato não será uma tragédia para nossa modernização (do Exército)” disse o vice-ministro da Defesa Yuri Borisov à agência.
O anúncio da França ocorre na véspera do encontro da Otan em Gales, no Reino Unido, e no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que não aceitaria a invasão ou anexação da Crimeia ou de qualquer parte da Ucrânia pela Rússia.
Nesta quarta-feira, os Estados Unidos haviam criticado a venda de navios de guerra franceses à Rússia num momento em que os europeus se dispõem a reforçar as sanções contra o governo de Vladimir Putin como forma de frear a influência russa no conflito.
A Rússia nega veementemente o envio de tropas ao Leste ucraniano, uma área cuja maioria da população fala russo e tem lutado pela independência desde abril. Imagens divulgadas pela Otan, no entanto, mostrariam soldados russos em ação na Ucrânia. Um próprio líder rebelde já havia admitido a presença de entre três mil e quatro mil ex-oficiais russos no território ucraniano, mas insistiu que os militares haviam se juntado à luta voluntariamente.
Mais de 2.600 pessoas morreram no conflito, que provocou a maior crise nas relações da Rússia com o Ocidente desde a Guerra Fria.
FONTE: O Globo, com agências internacionais
FOTOS em caráter meramente ilustrativo (do Dixmude, da classe francesa “Mistral” da qual deriva o navio construído para a Rússia). Para ver imagens do primeiro navio da encomenda russa, o Vladivostok, clique nos links abaixo.
COLABOROU: Ozawa
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