Reflexões sobre a desativação da corveta ‘Frontin’
Alexandre Galante
É fato notório para os que acompanham o noticiário de Defesa que a situação da Esquadra Brasileira não é boa. Os constantes cortes orçamentários ao longo dos anos fizeram vítimas, dentre as quais a corveta Frontin, que será desativada no dia 28.9.14 com apenas 20 anos de serviço ativo. O correto seria modernizar o navio e não desativá-lo.
A espinha dorsal da Esquadra, seis fragatas classe Niterói, adquiridas ainda no tempo do Regime Militar, estão completando 40 anos de construção. Embora tenham recebido uma modernização de meia vida, esses navios já não representam o estado da arte em matéria de guerra naval.
As três fragatas classe “Greenhalgh” (Type 22), de quatro unidades adquiridas usadas da Royal Navy na década de 1990, também estão cansadas e com problemas logísticos, já que não foram modernizadas e suas congêneres foram desativadas no país de origem, dificultando o acesso a sobressalentes de diversos sistemas.
As quatro corvetas classe “Inhaúma”, construídas no Brasil e incorporados na década de 1990, sofreram com os constantes cortes de verbas e ficaram muitos anos paradas sem receber a devida manutenção programada.
O resultado foi a degradação do casco e dos sistemas a um nível tal que o custo do retorno normal às operações é proibitivo, em face das prioridades de alocação de recursos.
O único navio de guerra novo da Esquadra, a corveta Barroso, evolução das “Inhaúma”, foi incorporado em 2008, depois de 14 anos de construção arrastada.
O desempenho da Barroso tem sido elogiado, tanto que a Marinha planeja construir mais unidades do tipo, com sistemas e projeto reformulados.
Enquanto isso, o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), que visa adquirir novos navios de guerra para renovar a Esquadra, permanece aguardando a definição do governo, que tem outras prioridades no momento.
Agora o foco da Marinha é o Programa de Submarinos (PROSUB) e a compra e modernização de aeronaves.
Na melhor das hipóteses, a Esquadra Brasileira vai ter que esperar até o início da próxima década para começar a receber navios de guerra novos outra vez.