Em fórum na Fiesp, Estado-Maior da Armada destaca a importância da indústria em projetos da Marinha

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CONDEFESA

Por Dulce Moraes e Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp

Representantes do órgão apresentam projetos em desenvolvimento e formas de financiamento. Com a presença de empresários e autoridades, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sediou na tarde desta segunda-feira (20/10) o “Fórum com o Estado-Maior da Armada da Marinha do Brasil”.

O encontro, que contou com a participação do diretor titular do Departamento de Defesa (Comdefesa) da Fiesp, Jairo Cândido, e do chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra Carlos Augusto de Sousa, teve o objetivo de apresentar aos empresários a estrutura da instituição, os projetos já desenvolvidos em parceria com a indústria e o modelo de financiamento dos projetos estratégicos da Marinha do Brasil. O diretor titular do Comdefesa/Fiesp deu as boas-vindas, enaltecendo a primeira visita do Estado-Maior da Armada à entidade. “Costumo dizer que a Fiesp é uma federação de bastante prestigio e que só aumenta e amplia a sua importância quando recebe um Fórum dessa magnitude e com a presença de tão importantes autoridades˜, disse Cândido, acrescentando que uma das missões do departamento é fortalecer a indústria brasileira e que o evento foi organizado também com esse propósito.

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Em seu discurso, o chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra Carlos Augusto de Sousa, enfatizou a crescente percepção da sociedade sobre a importância de o Brasil proteger a soberania de seu território e de seus recursos naturais. “A sociedade vem paulatinamente se conscientizando da imperiosa necessidade de um país possuir um Poder Naval forte, balanceado e dotado de credibilidade a fim de resguardar principalmente a plena soberania sobre a Amazônia Azul”, afirmou, destacando que a proteção a “este mar que nos pertence” é de responsabilidade de todos os brasileiros.

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Souza observou que um dos benefícios para o país foi constatado pela própria indústria brasileira. “É fato que o conhecimento alcançado pela Marinha no desenvolvimento de projetos de engenharia e arquitetura naval, assim como a tecnologia absorvida pelo arsenal de Marinha do Rio de Janeiro na construção de fragatas e submarinos associada pelos estaleiros privados nas décadas de 1970 e 1980, contribuíram de maneira sinérgica para a capacitação da indústria naval brasileira.”

Segundo ele, o incremento desse segmento implica processos evolutivos em outros setores e segmentos: eletroeletrônico, metalúrgico, mecânica pesada, motores de propulsão marítimos, armamentos e tecnologia da informação, entre tantos outros. “Por outro lado, o emprego de alta tecnologia e a necessidade de autossuficiência na construção e manutenção desses meios têm feito que o Brasil intente alcançar a independência e a inovação tecnológica em distintas áreas, especificamente para a Defesa”, destacou Souza.

Amazônia Azul e o papel estratégico do Brasil
O chefe do Estado-Maior da Armada ressaltou que a Política de Defesa Brasileira se firma no “binômio indissociável Desenvolvimento/Defesa” e que o Brasil tem uma importância geopolítica. “Neste momento acresce a percepção da importância do Atlântico Sul, como área de diálogo, de paz, livre de armas de destruição em massa e caracterizado por avanços permanentes em vários campos, dentre eles, o da segurança marítima.”

“Na Amazônia Azul, parcela brasileira desse espaço oceânico, circula cerca de 95% do comércio externo internacional e é onde estão situadas enormes reservas minerais e petrolíferas, e abundantes recursos de biodiversidade. O Brasil possui ainda milhares de quilômetros de rios navegáveis, dezenas de portos marítimos ao longo de cerca 8.500 quilômetros de costa de onde chegam e partem mais de 1.400 navios ao dia, revelando a importância da atuação da Marinha em uma extensa área continental”. Diante dessa responsabilidade foram estabelecidos os projetos estratégicos do Plano de Articulação da Marinha. Na elaboração atentou-se para a necessidade de desenvolver projetos guiados pela independência nacional e pela capacitação tecnológica e autonomia. E a efetivação desses projetos, segundo ele, só será possível com o trabalho conjunto com a iniciativa privada. Na sequência, o contra-almirante Flavio Augusto Viana Rocha, sub-chefe de estratégia do Estado Maior da Armada, destacou vários projetos já em andamento na Marinha, que estão sendo desenvolvidos com a participação da iniciativa privada.

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Ele esclareceu que a Marinha Brasileira atua em apoio à política externa brasileira e também em missões de paz, citando como exemplo a missão Haiti, e também informou que a Marinha Brasileira pode assumir o comando de uma Força-Tarefa marítima sob mandato da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre as outras atividades desenvolvidas estão a de orientar e controlar a Marinha Mercante, no que interesse à defesa nacional; prover segurança da navegação; implementar e monitorar o cumprimento das leis e regulamentos no mar e nas águas interiores; atuar na prevenção e repressão de crimes ambientais no mar. Segundo o contra-almirante Rocha, dentro da postura dissuasória adotada pelo Brasil está a negação do uso do mar para práticas hostis. Ele destacou entre os projetos já em andamento duas iniciativas: o Programa de Desenvolvimento do Submarino Brasileiro (Prosub) e a instalação da segunda Esquadra da Marinha na região Nordeste, que irá ampliar o alcance do Sistema de Vigilância da Amazônia Azul (SisGAAz), que, no primeiro momento, priorizará a vigilância das áreas do Pré-Sal.

Dos 52 projetos prioritários para nacionalização de tecnologia, ainda há oito que precisam de parcerias com a indústria brasileira. São projetos que necessitam desde fabricantes de hardware, sistemas de detecção de incêndios, queimadores catalíticos, blocos de conexão de alta pressão, console de governo, entre outros equipamentos e tecnologias. O contra-almirante Rocha destacou que a participação das indústrias em projetos estratégicos, bem como o aumento da sinergia entre a Marinha e a indústria, terão claros reflexos no desenvolvimento do país, em benefício da população. “Isso trará a redução de custos e a tão almejada geração de empregos. O desenvolvimento da indústria nacional com a transferência de tecnologia de maneira sustentável gerará capacitação para a indústria e para a Marinha também”.

Financiamento a projetos da Marinha
O vice-almirante Anatalício Risden Junior, diretor de Coordenação do Orçamento da Marinha, também participou do fórum. Ao apresentar modelos de financiamento interno e externo para o setor, ele destacou a necessidade de robustez orçamentária, sem os quais os projetos da Marinha ficam inviáveis. “Sem patamar orçamentário, dificilmente conseguimos prosseguir em grandes projetos”, disse o vice-almirante. Ele também avaliou, durante sua exposição, a influência da demanda ao longo do tempo, sobretudo do próprio Estado, para manter os investimentos em projetos da Marinha de qualquer país.

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“Se estudarmos os grandes clusters dos países, a base nacional de defesa funciona com subsídio, demanda do Estado ou com viabilização de financiamento para outros países comprarem da base industrial de defesa local. Não é milagre, é só isso”, explicou.

Sobre o Estado-Maior da Armada
O Contra-Almirante Paulo Ricardo Finotto deu um panorama sobre toda o organograma da Marinha do Brasil e a missão da Armada. “Estado-Maior da Armada é o órgão de direção geral”, resumiu. As principais atribuições do órgão são coordenar as atividades desenvolvidas pela Marinha, assessorar o Comandante e atuar como interlocutor com o Ministério da Defesa, demais ministérios, entre outros atores.

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De acordo com Finotto, ter um Estado-Maior da Armada não é exclusividade da Marinha do Brasil – diversos outros países têm órgão semelhante, assim como as outras duas Forças Armadas: Exército e Aeronáutica.

FONTE: FIESP

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