Falta de dinheiro freia renovação da Esquadra Chilena
Roberto Lopes
Exclusivo para o Poder Naval
Modelo de organização e prontidão operacional para muitas marinhas latino-americanas (a brasileira inclusive), mas firmemente engajada em um programa de contingenciamento de recursos, a Marinha do Chile está reduzindo drasticamente o ritmo da renovação dos seus meios e, em conseqüência disso, perdendo capacidades.
Ainda em dezembro de 2013, falando à imprensa de seu país, o comandante dessa Força Naval, almirante Enrique Larrañaga Martin, admitira o interesse da corporação em contar com um segundo navio de assalto anfíbio da classe francesa “Foudre”, de 12.000 toneladas (a plena carga). O primeiro, “Sargento Aldea” (ex-“Foudre”), foi incorporado à esquadra chilena em dezembro de 2011, ao custo de USD 80 milhões. Entretanto, no decorrer do primeiro semestre deste ano, o assunto foi sendo revisto, e com prioridade cada vez menor.
Em Santiago, a avaliação dos almirantes foi de que a classe “Foudre”, apesar de possuir amplas possibilidades de emprego – como navio-doca, navio de controle de área, navio-hospital e de socorro a vítimas de desastres naturais –, é de operação dispendiosa. Além disso, sua manutenção exigiria um gasto com modernização considerado, nas atuais circunstâncias, inaceitável.
Sabe-se agora que, no início do segundo semestre de 2014, a Marinha do Chile comunicou oficialmente ao governo francês que desistia da aquisição do irmão-gêmeo do “Foudre”, denominado “Siroco” na frota militar da França. O navio está, agora, sendo vistoriado pela Marinha do Brasil.
Baixas – A essa medida de economia os almirantes chilenos adicionaram, este ano, outras: (a) a decisão de dar baixa, a 15 de janeiro próximo, no navio-mãe de submarinos “BMS-41 Almirante Merino” – que não será reposto –; (b) a desincorporação, no decorrer de 2015, do navio polar “AP-46 Almirante Oscar Viel” – cuja substituição está prevista mas sem prazo definido (ou o estaleiro que receberá a encomenda do novo barco) –; (c) a retirada da ativa de três helicópteros de origem alemã Bö-105; e (d) a redução de três para duas células de aeronave P-3ACh que serão revitalizadas por meio da substituição das asas, do fortalecimento estrutural e da instalação de um sistema de missão SCM-2600.
Na verdade, o processo de aposentadoria de embarcações cuja manutenção tornou-se antieconômica vem ocorrendo desde 2012.
Nos últimos dois anos e meio, os chilenos já arriaram seu pavilhão de bordo das lanchas porta-mísseis “Teniente Uribe” e “Guardiamarina Riquelme”, bem como da lancha-patrulha “Grumete Bravo” (classe israelense “Dabur”) e, mais recentemente, do barco de desembarque “Elicura” – embarcação de 770 toneladas que fora lançada no Chile em 1968.
A crise financeira da Marinha chilena tem origem nos severos prejuízos causados à corporação pelo tsunami que atingiu o país em 2010.
Somente a reconstrução da base naval de Talcahuano e das instalações da empresa ASMAR (Astilleros y Maestranzas de La Armada), no perímetro da base, já consumiram cerca de USD 55 milhões, e a previsão é de que a conclusão das obras do complexo naval exija, no total, mais de USD 80 milhões.
Assim, no mesmo período (de meados de 2012 até hoje), o comando naval chileno concentrou-se em cumprir alguns projetos pontuais, como o da construção de cinco navios-patrulha oceânicos classe “Piloto Pardo” (Fässmer, alemã), a aquisição de um segundo sonar rebocado Thales 2087 para a flotilha de fragatas anti-submarino Type 23, e o lançamento ao mar do moderno navio-oceanográfico “AGS-91 Cabo de Hornos”, de 3.000 toneladas – categoria de navio da qual a esquadra chilena estava desprovida há quatro anos, desde a desincorporação do barco “Vidal Gormaz”.
Envelhecimento – O que mais preocupa os almirantes chilenos é, contudo, o estado de desgaste de boa parte de sua esquadra: oito fragatas fabricadas na Inglaterra e na Holanda, e dois submarinos classe IKL-209. Em 2015, todas essas unidades terão entre 25 e 30 anos de uso, e uma expectativa de vida útil por mais 15 ou 20 anos, antes de experimentarem severas restrições operacionais.
Na costa sul-americana do Pacífico, apenas a Armada da Colômbia já desenvolve projetos de renovação de sua força de fragatas, por meio das conhecidas P.E.S. (Plataformas Estratégicas de Superfície) – navios a serem construídos no estaleiro Cotecmar, que deverão deslocar entre 3.000 e 4.000 toneladas, e contar com sensores e mísseis europeus.
Na América do Sul, a única Marinha, além da colombiana, que já preparou os requisitos preliminares de suas novas fragatas foi a brasileira, há cerca de cinco anos, no âmbito do Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER) – cuja execução ainda não recebeu o sinal verde da Presidência da República.
“Em Santiago, a avaliação dos almirantes foi de que a classe “Foudre”, apesar de possuir amplas possibilidades de emprego – como navio-doca, navio de controle de área, navio-hospital e de socorro a vítimas de desastres naturais –, é de operação dispendiosa. Além disso, sua manutenção exigiria um gasto com modernização considerado, nas atuais circunstâncias, inaceitável.”
O paragaáfo acima deve ser lid ,tantas vezes quanto necessário pelos iluminados e apoiadores do “go MB” e demais ufanismos para que não tenhamos o SP 2, Jason Live forever…..
Grande abraço
OFF TOPIC…
…mas nem tanto!!!
EUA doam 6 fragatas FFG-7 “Oliver H. Perry” ao México e Taiwan.
Serão 2 p/ o México e 4 p/ Taiwan.
http://www.defensa.com/index.php?option=com_content&view=article&id=14290:estados-unidos-dona-6-fragatas-oliver-hazard-perry-a-mexico-y-taiwan&catid=57:otan&Itemid=186
Somente registrando o fato, essa classe já foi discutida a exaustão.
Coitadinha da armada do Chile. Chora numa situação bem melhor do que a nossa.
juarezmartinez
Uma classe “Foudre” na MB seria o nosso segundo PA, para uma segunda frota?
O SP ficaria na Baia de Guanabara e o Tamanduá Bandeira poderia ficar em algum ponto do litoral do Nordeste.
“juarezmartinez
30 de dezembro de 2014 at 20:35 #”
Leve-se em consideração que eles(Chilenos) haviam escolhido a “menos pior”.
“Ter não significa operar.” JM
Juarez, conhecemos o Chile.
A diferença é que lá eles não deixam a água bater na “bun…..”.
Tadinho dos chilenos, pouco poderão fazer com um orçamento de 4,5 bilhões de dólares !