Armada Argentina tentará, pela 3ª vez, obter os seus navios-patrulha oceânicos
Roberto Lopes
Exclusivo para o Poder Naval
A Marinha Argentina reservou cerca de US$ 248,5 milhões (2,11 bilhões de pesos argentinos) de seu orçamento de 2015 para aplicar na construção de navios-patrulha oceânicos – mais conhecidos no jargão da Frota de Mar (equivalente a Esquadra) platina pela sigla P.O.M., de patrulleros oceánicos multipropósitos.
A previsão é de que essa quantia seja desembolsada neste ano e nos dois subseqüentes.
Ainda não está claro se, diante das ofertas de embarcações feitas por China e Alemanha, esses patrulheiros serão comprados prontos ou fabricados em estaleiros argentinos – conforme pretendiam, originalmente, os almirantes da nação vizinha.
Esta é a terceira vez que a Armada da República Argentina tenta implementar um projeto de aquisição de barcos para a vigilância, fiscalização e salvaguarda da vida humana em alto mar.
Em 2000, o Estado-Maior da Armada definiu um plano diretor de curto alcance, denominado Plan Apolo 2010, que previa, entre os seus 26 objetivos, a construção de um mínimo de seis e um máximo de nove unidades do tipo OPV (Offshore Patrol Vessel), cada uma delas com deslocamento de 1.200 toneladas, velocidade em torno de 18 nós e um canhão de pequeno calibre.
A grave crise econômica na Argentina, em 2001, forçou os almirantes argentinos a redefinirem esse planejamento para o ano de 2020. Mas, no caso específico dos barcos patrulheiros, nem o alargamento do prazo redundou em alguma coisa de útil.
Triênio 2005-2007 – No orçamento naval de 2005 os chefes navais platinos reservaram US$ 121 milhões (o equivalente, na época, a 3,5 bilhões de pesos argentinos), que seriam aplicados naquele ano, em 2006 e 2007 na viabilização do programa de OPVs.
O estaleiro espanhol Navantia ofereceu ao governo de Buenos Aires o projeto do seu Buque de Acción Marítima (BAM), uma espécie de super-OPV com deslocamento de 2.500 toneladas, um canhão de 76mm e convés de voo para helicópteros – muito mais que os argentinos almejavam –, e a proposta acabou dispensada.
A indústria naval alemã levou aos argentinos dois projetos: o OPV 80 classe Fassmer – adotado pelas Armadas do Chile e da Colômbia –, e o de um patrulheiro desenhado pelo estaleiro Blohm+Voss com as características de uma corveta leve: 1.850 toneladas de deslocamento, 22 nós de velocidade e dois canhões – um Oto Melara de 76mm e um Breda Mauser de 30mm. O MEKO 100 transformou-se na classe Kedah da Marinha Real da Malásia, mas seu custo unitário – em torno dos US$ 250 milhões – assustou os argentinos.
Os Estaleiros de Río Santiago chegaram a apresentar à Armada Argentina o desenho de um navio-patrulha de alto mar com deslocamento em torno de 1.500 toneladas, capacidade de receber helicópteros entre 5 e 10 toneladas; autonomia, a baixa velocidade, superior a 6.000 milhas; e armamento mínimo constituído por um canhão de 76mm de duplo propósito. Mas a verdade é que o projeto a ser adotado para execução no triênio 2015-2017 ainda não foi definido.
China – Uma possibilidade que ganhou força nos últimos meses é a compra do projeto chinês P-18N, de 1.800 toneladas, 95,5m de comprimento (boca de 11,6m) e hangar para helicóptero. A embarcação, já vendida à Nigéria, é bem artilhada: um reparo de 76mm, dois canhões de 30mm e dois de 20mm.
A China é um dos países mais generosos na concessão de créditos à Argentina, e a presidenta Cristina Fernández de Kirchner fará uma visita oficial a Pequim, nos dias 3 e 4 de fevereiro, em retribuição à rápida passagem do presidente chinês Xi Jiping por Buenos Aires em julho de 2014.