Colômbia interessada em uma segunda corveta classe ‘Donghae’
Roberto Lopes
A Marinha da Colômbia começou a examinar com a Marinha da Coreia do Sul, a possibilidade de receber por doação, da Força Naval asiática, uma segunda corveta da classe “Donghae”, de 1.100 toneladas.
A primeira, batizada de “CM-55 Nariño”, foi entregue aos colombianos em julho do ano passado, e incorporada à frota sul-americana na terceira semana de outubro.
Em 2011, em meio a uma ampla negociação aberta pelo governo de Bogotá para adquirir navios-patrulha costeiros e mísseis superfície-superfície Haeseong I (similares ao americano Harpoon) fabricados pela Coreia do Sul, os almirantes coreanos ofereceram aos colombianos, de graça, quatro corvetas porta-mísseis classe “Pohang, de 1.200 toneladas, construídas na segunda metade da década de 1980.
A Coreia possuía em estoque embarcações de patrulha dotadas de mísseis Exocet MM-38, para o combate naval de superfície, e outras, destinadas à guerra anti-submarina, equipadas com lançadores de mísseis Harpoon, um reparo duplo para o lançamento de torpedos americanos Mk.46 e paiol para uma dúzia de cargas de profundidade Mk.9.
A Marinha colombiana, entretanto, hesitou, e preferiu incorporar, inicialmente, apenas uma unidade – e não da classe “Pohang” ofertada, mas sim de um tipo ligeiramente mais antigo e menos bem artilhado, conhecido como classe “Donghae”, que se destina, especificamente, à defesa costeira.
Os colombianos argumentaram que não teriam, naquele momento, disponibilidade de pessoal para assumir a operação de quatro embarcações com porte acima de 1.000 toneladas, e nem tinham interesse nos mísseis MM-38 – considerados antiquados –, ou nos lançadores de Harpoon (já que os mísseis americanos não viriam com os navios).
Pacífico – A segunda “Donghae” deve ter o mesmo destino da primeira: a Força Naval do Pacífico da Armada colombiana, que também está recebendo os navios-patrulha ligeiros CPV-46, de projeto sul-coreano. Cada uma dessas embarcações desloca 283 toneladas, está dotada de um canhão de 25mm e tem autonomia para navegar por 17 dias sem precisar reabastecer.
Em linhas gerais, o plano do Estado-Maior da Armada da Colômbia é designar para a Força do Pacífico – guardiã de uma área marítima de 339.100 km² – os seus meios mais leves, concentrando na Força Naval do Caribe e na região do Comando Específico de San Andrés y Providencia, os seus navios mais pesados: quatro fragatas classe “Almirante Padilla”, de 2.300 toneladas, a flotilha de submarinos IKL-209/1200 – que ainda este ano (ou no primeiro semestre de 2016) será reforçada por dois barcos U-206 (450/500 toneladas) comprados aos estoques da Marinha alemã – e os seus dois navios de patrulha oceânica classe Fassmer 80, de 1.780 toneladas.
À Força Naval do Caribe cabe manter a soberania colombiana em um perímetro de 589.560 km². Seus navios têm a incumbência de vigiar as águas fronteiras com o mar jurisdicional da Venezuela, e de fornecer unidades de reforço à flotilha da estação de guarda-costas sediada em San Andrés, onde há um clima de tensão com embarcações de bandeira nicaragüense.
Ecopetrol – No fim de 2014, o comando da Armada colombiana admitiu que poderá aprovar a aquisição de até 42 patrulheiras tipo CPV 46 – parte delas fabricada na Colômbia.
A cooperação entre os almirantes de Bogotá e de Seul se insere no âmbito de um estreitamento de relações mais amplo dos dois países, traduzido pela abertura do mercado sul-coreano para a estatal petrolífera colombiana Ecopetrol (Empresa Colombiana de Petróleos S/A), na qual o governo tem 80% de participação acionária.
A 20 de outubro último – três dias depois da “Nariño” chegar ao litoral colombiano –, a Ecopetrol anunciou que estava remetendo 1 milhão de barris de óleo cru, tipo Castilla, para serem refinados na Hyundai Oilbank Company, em Seosan, no extremo oeste do território sul-coreano.
Considerada pela Revista Forbes, ano passado, como a segunda companhia petrolífera mais eficiente da América do Sul (depois da Petrobras), a Ecopetrol, no primeiro semestre de 2014, exportou 43% de sua produção para a Ásia, e deseja consolidar essa penetração comercial.