Argentina quer suas OPV classe Malvinas de emprego dual
O comando da Armada Argentina quer que a sua nova classe de navios-patrulha oceânicos (OPV, na sigla em inglês) de fabricação chinesa contenha modificações em relação ao projeto original – denominado P-18N –, de modo a que ela possa ser empregada como uma corveta adequada, especialmente, à guerra antissubmarino.
A contratação de três embarcações P-18N será sacramentada no meio da semana que entra, quando a presidenta Cristina Kirchner estiver em visita oficial de dois dias à República Popular da China. Cristina chegará a Pequim na terça-feira, dia 2, acompanhada, entre outros, pelo ministro da Defesa, Agustín Rossi. Foi ele quem negociou a parceria Argentina-China para a aquisição de equipamentos militares chineses para a Armada e o Exército (110 viaturas blindadas de transporte de pessoal sobre rodas Norinco VN-1).
A nova categoria de patrulheiros oceânicos argentinos vai se chamar “Malvinas”, nome a ser dado ao navio cabeça-de-série, cuja entrega está prevista para o fim de 2017.
A classe P-18N envolve embarcações entre 1.300 e 1.700 toneladas voltadas para o patrulhamento de águas jurisdicionais, a repressão à pesca ilegal, a prevenção da poluição marinha e, eventualmente, a salvaguarda da vida humana no mar.
Convoo – A Tailândia, que encomendou duas embarcações chinesas, preferiu que seus navios tivessem apenas 1.450 toneladas de deslocamento, e fossem artilhadas com equipamentos fornecidos pelo Ocidente. Os nigerianos optaram pelo P-18N de maior tamanho. Os argentinos fizeram o mesmo, mas pediram aos chineses o alargamento do convés de voo para helicópteros, de maneira a que seu navio possa receber aeronaves do tipo Sea King, que, a plena carga, chegam a pesar dez toneladas.
O modelo padrão do P-18N prevê um convoo para helicópteros de até cinco toneladas. Aos nigerianos, por exemplo, os chineses venderam o navio acompanhado de um helicóptero Z-9, cópia da versão navalisada do aparelho francês Dauphin. O Z-9, carregado, não ultrapassa as 2,5 toneladas.
Caso seja aprovada pelos projetistas navais chineses, a ampliação do convoo do P-18N forçará os estaleiros Huangpu Shipyard (grupo Guangzhou Shipyard International) a um reforço da estrutura da popa do navio, o que deve encarecer a construção. Os dois modelos entregues à Marinha da Nigéria – o NNS Centenary e o NNS Unity – custaram, cada um, 48,5 milhões de dólares.
Os argentinos também solicitaram que a classe “Malvinas” seja entregue com um sonar rebocado e com armamento para a guerra antissubmarino.
O P-18N é derivado da corveta rápida porta-mísseis Tipo 056 da Marinha chinesa, e essa embarcação contempla, efetivamente, três equipamentos para a luta ASW: dois reparos duplos Yu-7, de 324mm; 4 reparos tipo Yu-8 (que na Tipo 056 substituíram o míssil anti-navio YJ-83); e 4 lançadores de foguete multipropósito.
Torpedos – O Yu-7 é o torpedo que os chineses consideram de préstimos comparáveis ao do Mk.46 Mod 3 americano. Ele vem sendo fabricado pela indústria militar da China desde o fim da década de 1990. Pesa 235 kg (cabeça de combate de 45 kg) e corre a uma velocidade em torno dos 50 nós.
O Yu-8 é uma evolução do torpedo Yu-6, e os chineses o apresentam como equivalente ao torpedo Mk. 48 americano.
As duas principais diferenças entre as versões 6 e 8 são o melhor aproveitamento de circuitos elétricos que o Yu-8 faz em uma série de acionamentos internos do torpedo e, sobretudo, sua nova cabeça de guerra. Essa ogiva de funcionamento inovador libera, no momento da explosão, uma grande quantidade de pó de sódio enriquecido por elementos químicos. Em contato com a água o composto produz, dentro de um raio de 30 metros, uma reação de calor acima dos 2.000 graus centígrados. Dessa forma, a detonação destrói o alvo mesmo que não haja o impacto direto do torpedo no alvo.
O tipo de armamento ASW que irá a bordo das P-18N argentinas não está, contudo, definido. No caso dos P-18N tailandeses – classe “Pattani”– e dos P-18N nigerianos – classe “Centenary” – não houve a exigência de equipamento para a luta antissubmarino.
Corvetas A-69 – De acordo com uma fonte do Ministério da Defesa do Brasil ouvida pelo Poder Naval, o que os argentinos desejam de verdade é um navio capaz de repor com vantagens os préstimos de suas três corvetas ligeiras classe “D’Estienne D’Orves” (também conhecidas como A-69), de 1.250 toneladas a plena carga, cujo desenho data da década de 1970.
Essas unidades estão severamente desgastadas, não dispõem de sensores sofisticados – como o sonar rebocado – e estão com a modernização comprometida pela falta de sobressalentes no mercado internacional.
As A-69 argentinas possuem coberta a ré para VERTREP (operação com helicópteros sem que a aeronave pouse no navio) e dois reparos triplos tipo ILAS 3/324mm para torpedos Whitehead AS-244A. Cabe lembrar que os técnicos chineses estudaram o funcionamento do torpedo Whitehead para obter o seu modelo Yu-7.