Marinha estuda concessão de estágio na Esquadra a cadetes libaneses
O comando da Marinha do Brasil examina a possibilidade de conceder um estágio de três meses, em navios da Esquadra, aos quatro cadetes libaneses que desde 2013 cursam a Escola Naval, no Rio de Janeiro.
Essa fase suplementar de preparação teria início tão logo os militares do Líbano concluíssem seu aprendizado na academia sediada na Ilha de Villegaignon, na Baía da Guanabara.
O grupo libanês foi selecionado para estudar no Brasil ainda em 2012, época em que freqüentou aulas de português ministradas no Centro Cultural Brasil-Líbano da cidade de Beirute. Também naqueles dias os jovens militares da Força Naval libanesa embarcaram na fragata “Liberal”, que se encontrava no Líbano como capitânia da Força-Tarefa Marítima da UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), para cumprir os chamados Stage at Sea – ou seja, rápidos estágios no mar.
Na primeira quinzena de junho do ano passado, durante uma visita oficial ao Brasil, o comandante da Marinha do Líbano, contra-almirante Nazih Jbaily, pôde se avistar, por duas vezes, com os cadetes de seu país.
O primeiro encontro aconteceu durante um jantar oferecido pelo cônsul-geral do Líbano no Rio de Janeiro, Ziad Itani. O evento, na casa de Itani, foi prestigiado pelo comandante da Marinha do Brasil, almirante Julio Soares de Moura Neto, e pelo ex-ministro da Marinha, almirante (reformado) Alfredo Karam, um oficial que é descendente de libaneses e hoje figura como o decano dos submarinistas brasileiros. Na oportunidade, Karam fez uma saudação ao almirante visitante no idioma árabe.
A 7 de junho, Jbaily participou de uma cerimônia de formatura dos alunos da Escola Naval, ocasião em que, mais uma vez, cumprimentou e trocou impressões com os seus jovens compatriotas.
Aproximação – A ideia da abertura de um novo período de adestramento de 90 dias a bordo de unidades da Armada para os cadetes libaneses, dessa vez em águas brasileiras, se insere em um plano mais geral do Ministério da Defesa do Brasil de estreitar o relacionamento com os militares daquele país do Oriente Médio.
A 27 de janeiro último, o diário Al Joumhouria (“A República”), de Beirute, noticiou que a missão militar multinacional de assessoramento das Forças Armadas libanesas, formada por instrutores dos Estados Unidos, da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos, examina reforçar a aviação militar do Líbano com os monomotores de ataque A-29 Super Tucano, fabricados pela Embraer.
Segundo o Poder Naval apurou, a ideia é dotar uma unidade de combate aéreo do Líbano com um número relativamente pequeno de Super Tucanos – de oito a dez aeronaves. Elas seriam obtidas do lote que o governo dos Emirados Árabes está adquirindo junto à empresa de São José dos Campos (SP).
O treinamento dos pilotos deve obedecer a um esquema especial, dividido em duas etapas: a primeira tendo lugar na fábrica paulista, e a segunda no esquadrão da Força Aérea dos EUA que já se encarrega de preparar pilotos do Afeganistão na operação dos Super Tucanos.
O objetivo dessa mobilização de emergência é preparar os libaneses para enfrentar possíveis incursões de guerrilheiros do Estado Islâmico em seu território.
Esta semana surgiu a informação de que o Exército libanês e a Polícia local podem receber algumas dezenas de viaturas blindadas de transporte de tropas Guarani, fabricadas pela empresa italiana Iveco no estado de Minas Gerais.
Confraternizações – A 23 de janeiro de 2015, a Marinha do Brasil, por meio de sua representação na Força-Tarefa da UNIFIL, e a Embaixada do Brasil no Líbano, realizaram, no Centro Cultural Brasil-Líbano de Beirute, no bairro de Achrafieh, a cerimônia de entrega das medalhas “Almirante Tamandaré” e “Amigo da Marinha” a personalidades que se destacaram na divulgação e no fortalecimento das tradições da Marinha do Brasil. A primeira comenda foi entregue a civis e a militares locais, e a segunda somente a personalidades sem vínculo funcional com a Marinha do Brasil.
Neste dia 30 de janeiro foi encerrada, também no Centro Cultural Brasil-Líbano, a exposição denominada “Os Marinheiros Brasileiros na Unifil: a serviço da paz em águas libanesas”, inaugurada a 9 de dezembro do ano passado.
A UNIFIL foi criada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em março de 1978, com o objetivo de assegurar um clima de paz após a retirada das forças israelenses do Líbano.
Em 2006, em atendimento a uma solicitação do governo de Beirute, o mesmo Conselho decidiu dotar a UNIFIL de um destacamento naval, batizado de Força-Tarefa Marítima, com a missão de cooperar com a Marinha local na proteção do litoral libanês contra a infiltração de armas e de guerrilheiros.
Atualmente, a UNIFIL é composta por aproximadamente 10 mil militares de 37 países. Duzentos e sessenta e cinco são brasileiros.