Porta-aviões que liderou operação de retomada das Ilhas Malvinas será aposentado

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Um dos principais símbolos da derrota argentina na guerra das Malvinas está prestes a desaparecer.

Segundo o site noticioso do grupo britânico Jane’s, o comando da Marinha Indiana decidiu antecipar a retirada de serviço do porta-aviões ligeiro “INS Viraat” (“Gigante”, em sânscrito), ex-“Hermes”, de 24.000 toneladas, que, no período de abril a junho de 1982, liderou a força-tarefa da Grã-Bretanha incumbida de retomar o arquipélago malvinense (que os ingleses chamam de Falkland Islands).

O “Hermes” foi transferido para a Armada indiana em 1987, depois que a Armada Chilena informou ao governo de Londres que, apesar de seu interesse em possuir um navio-aeródromo, considerava a operação dessa unidade excessivamente dispendiosa – especialmente devido ao fato de que precisaria adquirir pelos menos uma dúzia de aeronaves de decolagem vertical Harrier, para compor seu destacamento aéreo.

A administração britânica ofereceu o “Hermes” ao Chile em 1985 – ano em que o desincorporou da Royal Navy –, como um gesto de retribuição ao apoio logístico prestado pelas autoridades chilenas aos seus militares durante o conflito nas Malvinas.

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”Corajoso” – Na Índia, a expectativa era de que o “Viraat” pudesse continuar na ativa pelo menos até 2017, ou 2020. Mas agora o cronograma prevê que ele seja desincorporado no ano que vem, logo depois da Parada Naval de Visakhapatnam (importante cidade portuária da costa leste da Índia), prevista para o mês de fevereiro.

A medida relativa ao “Viraat” é conseqüência de um relatório interno da Marinha indiana que apontou a operação completamente antieconômica do navio – evidência que vem se agravando desde 2010.

Na verdade, além desse aspecto econômico, há um segundo motivo para a aposentadoria do porta-aviões: o desgaste da sua pequena frota aérea, formada por dez caças Sea Harrier – nem todos plenamente operacionais. Em caso de emergência, o “Viraat” pode transportar até 26 aeronaves.

Com a desativação de seu navio-aeródromo ligeiro, a Esquadra indiana ficará, pelo espaço de dois anos, com apenas um porta-aviões, o “INS Vikramadytia” (ex-“Almirante Gorshkov”, russo), de pouco mais de 45.000 toneladas – navio-capitânea da frota indiana desde 2013. Essa situação só deve se modificar em 2018, época em que os almirantes locais esperam receber seu primeiro porta-aviões de construção nacional: o “Vikrant” (“Corajoso”, em sânscrito), de 40.000 toneladas.

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Capa da revista Newsweek da semana em que o HMS Hermes foi despachado para o Atlântico Sul

 

Medo – O antigo”Hermes”, um barco da classe “Centaur”, foi comissionado pela Marinha britânica em 1959 – 15 anos depois de ter sido construído, às pressas, durante a fase final da 2ª Grande Guerra.

Há mais de dez anos o “Viraat” vinha sendo empregado pelos indianos como uma embarcação de guerra anti-submarino e de assalto anfíbio. Ele transporta quatro lanchas de desembarque e tem compartimentos capazes de abrigar um contingente de fuzileiros navais da ordem de 750 homens.

Durante a guerra das Malvinas o navio representou o principal alvo dos pilotos da Força Aérea Argentina e do Comando Aeronaval da Marinha argentina.

Ele transportou ao teatro de operações do Atlântico sul as revolucionárias aeronaves de decolagem vertical Sea Harrier, incumbidas da maior parte das “Patrulhas Aéreas de Combate” inglesas sobre o arquipélago malvinense.

De seu lado, o comando da força-tarefa da Royal Navy sempre acreditou que a principal ameaça ao seu porta-aviões era a flotilha de submarinos sul-americana, integrada por dois submersíveis IKL-209/1200, o “Salta” e o “San Luis”. A questão era que nenhum deles tinha os seus modernos torpedos alemães operacionais, e apenas o “San Luis” conseguiu se posicionar ao norte das Malvinas, no perímetro marítimo que lhe fora designado sob o codinome de Area María.

No fim da primeira semana de maio, depois que no dia 4 o destróier HMS Sheffield foi alcançado e posto fora de combate por um míssil AM39 Exocet disparado por um jato Super Étendard da Aviação Naval argentina, o comandante da força britânica, almirante John Sandy Woodward, passou a considerar com maior atenção o perigo representado pelos ataques aéreos argentinos.

Em resposta a eles, Woodward ordenou que o “Hermes” navegasse para uma posição um tanto remota, a leste das Malvinas, fora do alcance máximo das aeronaves argentinas e de seus mísseis ar-mar.

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