Ambassador Mk.III do Egito

Ambassador Mk.III do Egito
Ambassador Mk.III do Egito

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está impressionado com a quantidade e o porte dos planos de reequipamento que estão sendo examinados ou implementados pelas marinhas do mundo árabe – um tipo de corrida armamentista que parece inédita aos militares e analistas de Defesa americanos.

De acordo com a empresa de consultoria americana AMI International, existem, atualmente, ao menos 31 programas de reaparelhamento naval em preparação no Oriente Médio e no Norte da África – e dois terços desses planejamentos deverão começar a ser executados até o início de 2017.

A Armada da Arábia Saudita apresentou ao Escritório de Programas Internacionais da U.S. Navy, na metade final de janeiro, uma letter of Request (LoR) – carta de Requisição – que informa o interesse do governo de Riad por nada menos que 40 navios militares…

Conteúdo – O documento chegou a Washington dias antes do falecimento (a 23.01) do Rei Abdullah, mas seu sucessor é o Rei Salman, que ocupava a Pasta da Defesa quando a LoR foi preparada – o que faz supor que seu conteúdo será mantido.

A carta dos chefes navais sauditas especifica as seguintes unidades:

  • 4 fragatas antiaéreas de 3.500 toneladas e velocidade de 35 nós, armadas com mísseis de lançamento vertical;
  • 12 corvetas de 1.150 toneladas; e
  • 24 embarcações de patrulha menores.

As embarcações vão compor a chamada Frota Oriental da esquadra saudita, organização militar a ser custeada por um investimento estimado em 16 bilhões de dólares.

Não está claro onde os sauditas desejam que essas embarcações sejam construídas, mas os americanos não abrem mão de fabricar as fragatas em seus estaleiros.

Diferentes versões do Littoral Combat Ship para exportação, a de maior porte aparece com radares SPY-1F
Diferentes versões do Littoral Combat Ship (LCS) para exportação, a de maior porte aparece com radares SPY-1F

Radar – O governo Barack Obama trabalha agora no sentido de enviar ao rico cliente, uma proposta de radar de detecção de alvos aéreos adequada às fragatas.

A opção de maior valor técnico e financeiro representaria dar aos militares sauditas acesso ao sofisticado SPY-1F, do famoso sistema de combate Aegis, fabricado pela Lockheed Martin.

A única marinha estrangeira a receber esse equipamento americano foi, por enquanto, a da Noruega, que o instalou em suas fragatas classe Fridtjof Nansen. As demais embarcações Aegis operadas por esquadras aliadas dos Estados Unidos – na Espanha, Coreia do Sul, Japão e Austrália – empregam o radar SPY-1D, um modelo que custa 12 milhões de dólares mas tem alcance ligeiramente menor que o 1F.

Os radares da família SPY-1 são equipamentos multifunção phased array, com varredura em 360º e amplas capacidades de busca, detecção aérea, tracking simultâneo de centenas de alvos no ar e na superfície, além de apoio ao disparo de mísseis.

Encomendas – Juntos, os almirantes da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e da Argélia são os responsáveis por quase 40% das encomendas de navios de guerra anunciadas pelo mundo árabe. As esquadras do Egito e de Israel concentram outros 20% dessas solicitações.

Nove programas, porém, parecem caminhar muito devagar, e com boas chances de serem suspensos.

Entre eles estão o projeto de uma corveta para a Marinha de Bahrein; a incorporação de algumas corvetas e de dois navios de apoio pela força naval do Kuwait; e os planos para uma corveta e um navio de desembarque de fuzileiros navais preparados pela pequena Marinha do Catar;

Diversidade – Em Washington, um caso que chama especial atenção é o do Egito que, a 16 de fevereiro, fechou a importação de uma fragata FREMM francesa e de 24 caças multirôle Rafale pela bagatela de 5,9 bilhões de dólares.

O episódio ganhou destaque não tanto pelos números do negócio, mas pelo fato de a força naval egípcia ter, dessa forma, agravado a falta de padronização de sua esquadra, que comprou fragatas de desenho chinês e corvetas porta-mísseis ligeiras (500 toneladas) classe Ambassador Mk.III, fabricadas nos Estados Unidos – unidades que irão se somar a barcos espanhóis e ingleses.

Analistas americanos observam: embarcações de tantas origens diferentes vão, certamente, agravar os problemas de apoio logístico e de treinamento de pessoal da frota egípcia. Mas isso não parece preocupar o Ministério da Defesa local.

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