Marinhas do Brasil e de Israel preparam mecanismo de troca de informações

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MIDEAST-ISRAEL-60 YEARS-NAVY

Roberto Lopes

Editor de Opinião da revista Forças de Defesa

Vinheta ExclusivoQuase oito meses depois de o porta-voz do serviço diplomático israelense Yigal Palmor, ter chamado o Brasil de “anão diplomático”, as Marinhas israelense e brasileira estão negociando uma aproximação de caráter inédito em seu relacionamento.

Por iniciativa de Israel, oficiais dos dois países estão começando a examinar a possibilidade de ser estabelecido um mecanismo que permitirá ao Estado-Maior da Armada do Brasil trocar informações – técnicas e operacionais – com o Estado-Maior da Marinha israelense.

A aproximação das duas Forças Navais foi um dos pontos abordados, no início de fevereiro, pelo Adido de Defesa de Israel, capitão-de-mar-e-guerra Ilan Lavi (ex-comandante de um esquadrão de lanchas-patrulha Super Dvora Mk.III no Mar Mediterrâneo), durante um giro por gabinetes de chefes navais no Rio de Janeiro.

O assunto é também uma das incumbências do coronel de Artilharia Augusto Pompeu de Souza Perez, que, nesse momento, está deixando a Secretaria-Geral do Exército, em Brasília, para assumir, no meio do ano, o posto de Adido de Defesa, Naval e Exército junto à Embaixada do Brasil em Tel Aviv.

Brasília mantém adidos militares em Israel desde 1973, e a partir deste ano terá dois oficiais nessa função diplomática. O segundo será um Adido da Aeronáutica, que terá a missão de apoiar o funcionamento do recém-criado Escritório Brasileiro de Ligação da Aeronáutica em Israel.

Troca – O protocolo de aproximação entre os dois Estado-Maiores navais deve prever uma rotina de reuniões bilaterais – a primeira, possivelmente, sendo realizada ainda este ano em Israel.

A Marinha do Brasil ofereceria aos israelenses sua experiência no campo operacional; a Armada israelense proporcionaria aos brasileiros informações sobre os mais recentes avanços tecnológicos para a guerra no mar.

Nos últimos anos, as empresas Israel Aerospace Industries e Rafael Advanced Defense Systems tentaram, sem sucesso, interessar os planejadores da Marinha do Brasil no míssil antiaéreo de lançamento vertical Barak.

Os israelenses já conhecem a capacitação do pessoal naval brasileiro em missões de vigilância.

Entre dezembro de 2011 e junho de 2012 a fragata classe Niterói que capitaneava a Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL), plotou 320 violações do espaço aéreo libanês por aeronaves militares israelenses. Por designação da Organização das Nações Unidas, cabe a um almirante brasileiro (de duas estrelas) o comando da Força-Tarefa Marítima que opera na costa do Líbano.

Os registros obtidos pelo navio foram transmitidos ao comando da UNIFIL para posterior conhecimento do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os israelenses não negaram que tivessem invadido os céus libaneses, mas argumentaram que se tratara de voos de reconhecimento – sem o uso de armas – em proveito do monitoramento das atividades da facção combatente Hezbollah.

Visitas – Há exatos três meses, o então comandante da FTM-UNIFIL, contra-almirante Walter Eduardo Bombarda, foi recebido no Centro de Vigilância de Rosh Hanikra e na Base Naval de Haifa, em Israel, onde manteve reunião de trabalho com o comandante, contra-almirante David Saar Salama.

O objetivo das visitas foi conhecer as capacidades e o modo de operação da Marinha Israelense em área contígua àquela de atuação da UNIFIL, bem como inteirar-se das preocupações daquele país com os aspectos da guerra assimétrica de caráter naval travada permanentemente na região. A comitiva da FTM também foi convidada a subir a bordo de uma moderna corveta classe Sa’ar.

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