DGMM reúne almirantes para discutir orçamento e planos de contingência
O diretor geral de Material da Marinha, almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão, reúne sua equipe de almirantes esta semana para avaliar a Lei Orçamentária Anual de 2015 (LOA 2015), e os planos de contingência para a área de material da Marinha, diante das severas restrições orçamentárias vigentes.
Na pauta, além do início das obras de modernização do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro – prioridade estabelecida pelo comandante da Força, almirante Leal Ferreira –, uma revisão das medidas que permitirão a economia dos recursos reservados à manutenção dos meios da Esquadra – entre elas a desincorporação de navios que apresentam maior desgaste –, e a avaliação dos serviços já em andamento, como a revisão do casco e dos diferentes sistemas do navio-aeródromo São Paulo (A-12), cuja modernização foi decidida ao final da gestão do ex-comandante Moura Neto.
Ano passado, tanto o almirante Leal Ferreira – à época no comando da Escola Superior de Guerra – quanto o almirante Elis Treidler Öberg, chefe de Operações Navais, mostraram-se contrários a um gasto excessivo na modernização do porta-aviões.
Espelho – A preocupação desses chefes navais se justifica. Os menores custos de reforma do navio são contados na casa dos milhões de reais.
Segundo o Poder Naval pôde apurar, só a modernização do sistema ótico do espelho de pouso OP-3, do São Paulo (A-12), não sairá para a Marinha por menos de 4 milhões de Reais.
O espelho dá ao piloto que se prepara para descer no navio a informação ótica sobre a qualidade de sua manobra de aproximação.
O sistema ótico consiste de um espelho cilíndrico côncavo, virado para trás e localizado a bombordo da pista em ângulo (oblíqua). Dentro dele há um conjunto de refletores denominados luzes de fonte.
A imagem luminosa produzida pelo equipamento é concentrada e intensificada por causa da concavidade do espelho. Em ambos os lados dessa imagem, duas barras horizontais de luzes verdes, situadas a média altura, servem de referência.
A inclinação do espelho de pouso sobre a horizontal é regulada de maneira a que a imagem luminosa das luzes de fonte fique alinhada com as barras verdes no momento em que o piloto tiver levado sua aeronave ao plano de descida adequado para que ela enganche em um dos cabos do aparelho de parada do convés do porta-aviões.
Baixas – Cabe à diretoria do Material papel decisivo na apreciação dos navios cuja manutenção já se revela antieconômica. Tal avaliação será determinante para que o comando da Marinha decida quais meios da Esquadra devam ser retirados da ativa nos próximos meses.
Conforme o Poder Naval adiantou no último fim de semana (ver Precisamos, para já, de 4 (bons) navios usados, de 28 de março), a primeira unidade da lista das embarcações em situação crítica é a fragata Bosísio (F48), uma Tipo 22 cuja desincorporação pode ser autorizada pelo comandante da Marinha ainda este ano.
A corveta Inhaúma (V30) apresenta problemas importantes em suas obras mortas (parte estrutural), e também é forte concorrente a um lugar na relação dos barcos sujeitos à baixa. A Jaceguai (V31) é outra que preocupa, devido ao desgaste excessivo no seu sistema de propulsão.
A Marinha considera a possibilidade de, a curto prazo, desativar uma fragata e uma corveta.
Maestrale – Nesse momento, apesar da falta de uma reserva de fundos apta a amparar qualquer “compra de oportunidade”, os chefes navais brasileiros, por dever de ofício, examinam diversos tipos de navios usados que poderiam repor as perdas da Esquadra.
Nos últimos 20 anos, a Marinha recebeu, oficialmente, quatro ofertas:
- dois destroieres da classe “Spruance” (propostos pelos EUA a Brasília na metade final da década de 1990) ;
- quatro fragatas americanas classe “Oliver Hazard Perry” (com degradação no armamento) ;
- quatro fragatas da classe inglesa “Cornwall” (tipo 22 batch 3 de construção mais recente) ; e
- quatro fragatas italianas classe “Maestrale”.
Entre essas quatro opções, as que se referem aos navios tipo Spruance e Cornwall já não são mais válidas, porque os barcos já foram desmontados.
Restam as Oliver Hazard Perry, que continuarão a ser desincorporadas pela Marinha americana até agosto deste ano, e as Maestrale, cujo grau de modernidade não parece ser superior ao dos barcos classe Greenhalgh (Tipo 22) que a Marinha do Brasil já está aposentando.
Oficiais brasileiros mantém olhar atento à previsão da U. S. Navy para a desincorporação dos destróieres de mísseis guiados classe “Arleigh Burke”, que são navios com o tamanho de um cruzador da época da 2ª Guerra Mundial, e, por causa disso, exigem tripulação acima dos 300 oficiais e subalternos. Mas, nesse momento, tanto a operação quanto a manutenção desses barcos representariam custos considerados inviáveis para a Marinha do Brasil.