Ante o silêncio de Brasil e Portugal, chilenos falam, de novo, em ficar com o ‘Siroco’
O ministro da Defesa chileno, Jorge Burgos, está avaliando, juntamente com a Presidência da República e a área econômica do governo, a possibilidade de seu país retomar as gestões que realizou até o fim de 2013, para comprar o navio de assalto anfíbio Siroco, que será desincorporado da Marinha francesa no fim do mês que vem.
A Marinha chilena já opera o barco Sargento Aldea, ex-Foudre, da mesma classe do Siroco, mas, no início de 2014, anunciou que, em razão de dificuldades financeiras, desistia da aquisição do Siroco.
Em dezembro passado, a Marinha francesa informou à Marinha do Brasil que o Siroco custa 80 milhões de Euros (cerca de 274 milhões de Reais). Contudo, o estaleiro DCNS estimou que o navio necessita de reparos da ordem de 40 milhões de Euros (137 milhões de Reais).
Além do Brasil, também Portugal mostrou interesse em incorporar o Siroco, mas como o governo brasileiro, também o Executivo português considerou os custos dessa aquisição muito altos, e silenciou.
Burgos mencionou o “irmão-gêmeo” do Sargento Aldea durante a entrevista que concedeu neste fim de semana ao repórter Sergio Rodríguez, do jornal chileno La Tercera, sobre o empenho das Forças Armadas em socorrer as vítimas das inundações na região de Atacama. As enchentes atingiram 14.000 residências, mataram 25 pessoas e deixaram mais de 6.000 desabrigadas.
As Forças Armadas chilenas mobilizaram mais de 6.500 militares para o socorro às vítimas, mas, segundo Jorge Burgos, esse pessoal teve muitas dificuldades em alcançar as regiões inundadas com os seus equipamentos, o que poderia ter sido feito com muito mais agilidade, caso o deslocamento tivesse sido feito pelo mar.
Travou-se, então, entre o repórter do jornal La Tercera, e o Ministro da Defesa, o seguinte diálogo:
“La Tercera – Também se avaliará adquirir helicópteros, com capacidades duais, para atuar nesses momentos?
Ministro da Defesa Jorge Burgos – A decisão de comprar helicópteros grandes para a Força Aérea não está sendo avaliada, está tomada. Não podemos anunciar o tipo dos aparelhos, será uma decisão técnica. Mas eu mencionei esse tema à Presidenta e ela tomou a decisão. Os decretos estão atualmente em trâmite no Ministério da Fazenda. Mas a compra será de governo a governo, sem representantes nem lobistas.
La Tercera – Quando se efetivará a compra?
Ministro Burgos – Espero que tenhamos notícias do primeiro lote até 2016.
La Tercera – Quantas unidades?
Ministro Burgos – Isso eu mantenho em reserva.
La Tercera – Se examinam outros materiais?
Ministro Burgos – Também estamos estudando a possibilidade de ter um navio gêmeo do Sargento Aldea (de transporte e multifunção). É um custo importante, e há que ser ver porque há outras prioridades, mas como ministro da Defesa vou me aplicar nisso”.
A íntegra da entrevista de Jorge Burgos pode ser lida aqui.