Índia emite até julho RFP para mais seis submarinos de ataque
Enquanto vive a expectativa pela incorporação do INS Kalvari (S50), de 66 m de comprimento, seu primeiro submarino de ataque (SSK) classe Scorpène (de um lote de seis que serão fabricados no estaleiro estatal da cidade de Mumbai sob licença do grupo francês DCNS), o Ministério da Defesa indiano já trabalha na organização da segunda etapa de renovação de sua flotilha de submarinos.
Nesse momento, uma comissão chefiada pelo vice-almirante A. V. Subedar – que exerce a função de controller de Aquisição e Produção de Navios de Guerra na Marinha indiana –, detalha o processo de seleção do estaleiro que será incumbido de, na próxima década, construir mais seis submarinos oceânicos de propulsão diesel-elétrica – ao custo de estratosféricos 8,03 bilhões de dólares.
Apenas como elemento de comparação: os seis classe Kalvari do chamado Projeto 75 (I), contratados à DCNS, custaram 3,6 bilhões de dólares.
Subedar já classificou como “pré-selecionados”, cinco dos sete principais estaleiros indianos.
O grupo está formado pelos estaleiros privados Garden Reach Shipbuilders and Engineers (GRSE), de Kolkata; Hindustan Shipyard Limited (HSL), de Vishkhapatnam; pelo Larsen & Toubro (L & T Shipyard) e pelo Pipavav Defence and Offshore Engineering – ambos de Mumbai –; e, como uma espécie de “representante do setor público”, pelo estatal Mazagon Dock Limited (MDL), “berço” dos Scorpènes indianos.
Soryu – Até julho, o Ministério da Defesa indiano deve emitir uma Request for Proposal (RFP) dirigido aos cinco estaleiros, convidando-os a apresentar propostas para o desdobramento do Projeto 75 (I), já com o nome do parceiro estrangeiro que irá capacitá-los a fazer o serviço.
A Marinha indiana espera encontrar entre as propostas, empresas consagradas da indústria naval militar, como a DCNS francesa, a HDW alemã, a Navantia espanhola, o grupo Kockums sueco e o famoso Rubin Design Bureau-Amur Shipyard, russo, muito conhecido e prestigiado na Índia.
Em janeiro, numa atitude que causou certa surpresa aos potenciais competidores estrangeiros, o governo de Nova Delhi convidou o consórcio japonês formado pela Mitsubishi Heavy Industries e pela Kawasaki Heavy Industries para participar da concorrência, com o seu submarino classe Soryu, de 4.200 toneladas.
Fontes oficiais admitiram que a participação do modelo Soryu na disputa que está sendo organizada pelos indianos foi um dos assuntos na pauta da recente visita do ministro indiano da Defesa, Manohar Parrikar, a Tóquio, encerrada na quarta-feira, 1º de abril.
Atraso – O primeiro Scorpène do Projeto 75 (I) deveria ter sido entregue à Esquadra da Índia em dezembro de 2012, com a previsão de que o último estaria operacional cinco anos mais tarde. Mas esse cronograma precisou ser revisto.
Agora não se espera a entrega da unidade cabeça-de-série antes de setembro de 2016. A ela vão se seguir as outros cinco, ao ritmo (se tudo correr bem) de uma a cada nove meses – o que adia a finalização do serviço para meados de 2020.
O atraso é atribuído a dificuldades do estaleiro indiano de reciclar seu pessoal no âmbito das novas técnicas construtivas de submersíveis, e de uma propensão do Mazagon para violar as regras que regem a transferência de tecnologia – assuntos que vem sendo tratados com extremo tato pela DCNS, a fim de não melindrar o cliente final.
O governo da Índia conferiu à construção dos seus submarinos total prioridade, no âmbito dos assuntos da Defesa Nacional.
Quando estiver pronto, o Kalvari representará uma arma formidável para a Marinha indiana, que é numerosa mas ainda tateia para desenvolver, por seus próprios meios, vários produtos do campo das tecnologias navais sensíveis.
O navio estará dotado de seis tubos para torpedos de 533 mm, que poderão disparar também os famosos mísseis anti-navio SM-39 Exocet Block 2. A nave exigirá uma tripulação de seis oficiais e 25 subalternos, que poderão leva-la a deslocamentos em velocidades superiores aos 20 nós.
A esquadra indiana opera nove submarinos diesel-elétricos da classe russa Kilo, e quatro modelos 209 alemães. Além disso, a flotilha de submarinos da Índia trabalha na validação dos sistemas de um submarino de propulsão nuclear, cujo reator atômico ficou pronto em 2007.
A concorrência que a Índia está montando é interessante. A aproximação com o Japão também é, uma vez que ambos têm um inimigo em potencial em comum. Já pesquisei bastante sobre essa classe de submarinos japoneses, mas o máximo que vi foi uma entrevista de um oficial da marinha alemã dizendo que o Soryu tem desempenho semelhante à classe Dolphin. Ou seja, é um ótimo barco. Se essa parceria estratégica de verdade sair pra índia, vamos notar um avanço ao menos no esquema de alianças e diplomacia dos hindus, muito embora eu duvide muito. Acho que a dcns já levou… Read more »
Aparentemente é uma concorrência dirigida para os subs Classe Soryu japoneses.
A busca é por “submarinos oceânicos”.
Os valores estimados são bem maiores que usualmente vistos para Scorpene ou U214, suba de menor porte que os atuais nipônicos.
Às visitas não foram a passeio…
O Japão tem tecnologia e acesso a capital.
A Índia tem mão-de-obra barata e um mercado consumidor com enorme potencial.
Ambos são países democráticos e parlamentaristas.
Só falta um parceiro com grande produção de commodities… além dos Estados Unidos.
Um detalhe:
Soryu é bem maior que Dolphin.
Pois é Ivan. Existe a possibilidade deles formarem uma trinca estratégica multilateral: Japão-Austrália-índia.
Eu sei que o Soryu é bem grande até (84m), já foi aventado pela Austrália e o Dolphin é bem compacto, sob medida para o T.O. de Israel, que até tem 50% da propriedade intelectual do vaso. Mas se é grande e tem um desempenho parecido com uma nave menor, deve ser ótimo.
Concordo com os amigos, tanto quanto à qualidade do navio japonês, quanto às interessantes implicações geopolíticas caso venha a ser escolhido. Agora, uma coisa é também muito interessante, como esses indianos gostam de uma “salada” viu! Mal compraram o Scorpene e já querem comprar outro tipo de submarino convencional? Para cumprir a mesma função?
Lyw
A própria entubadora dcns vai participar da concorrência também. Depois de um tratado assinado lá na frança, eu acho difícil que eles não fiquem com uma versão alongada do entuboscorpene.
Agora se escolherem o modelo japonês, além da implicação operacional provavelmente superior, existirá a possibilidade de aliança geopolítica estratégica. E uma evolução da mentalidade estrategista indiana. Eles estão espremidos no meio da China e do Paquistão; Austrália e Japão poderiam ser aliados poderosos com presença marcante no T.O.
Saudações
“…uma versão alongada do entuboscorpene.”
Na verdade seria uma versão c/ o AIP MESMA, em oposição ao AIP da DRDO, ou o AIP Sterling usado no submarino japonês.
(http://www.livefistdefence.com/2013/11/france-offers-2-quick-scorpenes-dcns.html)
A Espanha que é co-propriétária do projeto com a Navantia escolheu o S-80, justamente porque os níveis de discrição, alcance e desenpenho do entubado não ficaram nos padrões…
E$$e$ executivos franceses são “mago$” na arte da negociação de coisas que não prestam.
Estou falando do scorpene e da classe gowing de corvetas patrulheiras. A Classe Mistral, o CDG e as FREMM são ótimos projetos.
Ivany… como vc sabe, e já aproveitando para resumir a estória para quem não sabe, espanhóis já utilizaram submarinos franceses antes, como os Daphnes e Agostas e segundo publicações espanholas que li foram muito bem conceituados por lá. Natural que Espanha e França se juntassem para desenvolver um projeto conjunto de submarinos para competir com os alemães e porque os EUA já estavam fora do negócio de submarinos convencionais, caso contrário, não tenho duvidas que os espanhóis teriam optado pelos EUA devido a grande parceria que há entre eles desde a guerra fria. Então começaram os problemas, pois os espanhóis… Read more »
Daltonl É uma questão de conceito e de opinião. Pra mim, o melhor submarino convencional do mundo é o U212, por tudo que já mostrou em exercícios ao redor do mundo. Em termos de equipamento maior, acredito que a TKMS poderia fornecer um U212 alongado ou um U216 que é um projeto muito bom e provavelmente será executado com o mesmo padrão dos outros. O S-80 tá sofrendo muitos problemas. Não acredito que nenhuma das duas opções (S-80 e scorpene) seja interessante neste momento pra quem precisa dos barcos pra ontem. Se o preço ainda fosse bom, tipo a metade… Read more »
Ivany…
o contrato com os franceses foi assinado antes mesmo do primeiro Soryu ser comissionado na “marinha japonesa”, aliás, nem se cogitava na época do Soryu ser exportado para outras nações.
Sempre haverá um projeto mais novo, mais capaz e também mais caro, mas, não se pode ficar esperando, é
preciso iniciar com alguma coisa e no caso da marinha brasileira optou-se pela proposta francesa considerada
mais adequada…se o “212” é superior não o é tão
significativamente assim e os Scorpenes farão a mesma
coisa que um “212” faria por aqui no tão disputado
Atlântico Sul.
abraços
Daltonl
Aguardemos que se o scorpene realmente vier, ele consiga fazer as missões direito.
Agora que esse prosuper tá com cara de FX-1 está. Tem tudo pra ser cancelado, e devido a certas parcerias firmadas, eu acredito que deveria ser mesmo.
Submarino pro brasil pra mim é a aposta mais simples, pragmática e muito capaz do U214, menos complexo e diretamente derivado do IKL 209, usado na marinha alemã. Não sou absolutamente simpático ao scorpene. Quisessem algo da DCNS que poderia ganhar normalmente em uma concorrência de excelência que pegassem a FREMM.
Saudações.
U-214 é derivado do 209 mas não é usado pela Alemanha.
A marinha alemã possui nas sua frota um quarteto de U-212 (aparentemente encomendou mais dois), subs mais adequados às necessidades bálticas deles e mediterrânea dos italianos. Observem às superfícies de controle em X do danado.
Ivan…
não aparentemente e sim oficialmente e um dos 2 já foi
comissionado em março passado e o segundo deverá ser comissionado no fim do ano ou no máximo início do ano que vem, completando a meta da marinha alemã de manter 6 submarinos.
E como curiosidade as superfícies de controle em “x” foram primeiramente testadas no USS Albacore no início dos anos “60” um submarino construído exclusivamente para
testes dos mais variados.
abraços
É verdade Ivan
Confundi. O mais complexo e avançado é o U212. O U214 é até agora um maravilhoso produto de exportação.
http://www.naval.com.br/blog/2015/02/11/tridente-e-orion/
Mas essa discussão, se baseando em números, não tem nem sentido de prosseguir. O entuboscorpene não é sequer comparável ao U209/1400/1500. Menos alcance, menos discreto, menos veloz e menos armado. Essa série é ainda fabricada e consta no portfólio da TKMS e foi vendida recentemente para o egito. http://www.naval.com.br/blog/2012/09/06/o-egito-tambem-vai-de-type-209/ Essa série com AIP é basicamente o U214. Respeito a opinião de todos, só estou analisando que até agora com as pesquisas e argumentos e segundo os meus conhecimentos amadores e entusiastas, o scorpene não é páreo para a classe moderna de uboots. Pode ser uma boa para diversificar os meios,… Read more »