Acabou o rodízio das Niterói no Líbano: ‘Barroso’ será incluída na FTM-UNIFIL

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Corveta “Barroso” atracada, no início deste ano, em Santos (SP)

 

Roberto Lopes

Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa

Vinheta ExclusivoAcabou o rodízio das fragatas classe “Niterói” (Vosper Mk. 10) para o atendimento da representação brasileira na Força Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL).

Devido aos diversos problemas apresentados por esse agrupamento de navios – que nos últimos 35 anos tem “carregado o piano” da Esquadra – o Comando da Marinha decidiu que, em dezembro deste ano, a corveta Barroso (V34) partirá para a costa libanesa, a fim de render a fragata União (F45), que se encontra, nesse momento, em preparativos para ser submetida ao conserto dos seus hélices na cidade italiana de Taranto.

O imprevisto com a União, que se encontrava em rota para o Líbano, obrigou a fragata Constituição (F42) a prolongar sua permanência na Força Tarefa Marítima, mas esse problema foi resolvido com a chegada a Beirute, esta semana, do navio-patrulha oceânico Apa (P121).

O patrulheiro, de 1.700 toneladas (menos da metade do deslocamento de uma “Niterói” a plena carga), permanecerá como navio representante da Marinha do Brasil na UNIFIL até que a União, já com hélices novos, possa assumir o lugar que lhe fora designado originalmente – o que deve acontecer entre a última semana de junho e a primeira quinzena de julho.

Fragata União
A fragata “União” apresentou problemas nos hélices quando se encontrava em rota para o Líbano

 

Em janeiro de 2016 a União será rendida pela corveta Barroso (V34)

A corveta é um navio de 103,5 m de comprimento e 2.400 toneladas (a plena carga), com autonomia para permanecer por 30 dias em missão. Sua velocidade nominal máxima, com turbina a gás, é de 30 nós, e, com motores diesel, de 22 nós. Mantendo a velocidade de 12 nós, seu raio de ação é de 4.000 milhas (ou 7.200 km).

No início deste ano a embarcação participou da Operação Aspirantex transportando um helicóptero UH-12 Esquilo; no Líbano precisará operar um modelo AH-11 Super Lynx Mk 21A, de esclarecimento e ataque, dotado de metralhadora pesada.

Prazo – Cinco anos atrás, quando aceitou a missão de integrar a FTM-UNIFIL, o comando da Marinha do Brasil imaginava que cada uma das suas embarcações não permaneceria em patrulhamento no litoral libanês e águas adjacentes por mais de dois ou três meses. Mas a realidade revelou-se bem diferente.

Como apenas cinco navios classe “Niterói” estão disponíveis, cada um deles precisa se desincumbir de um período de seis meses em missão.

A tarefa básica é vigiar o tráfego nas rotas de acesso às águas jurisdicionais libanesas. Isso por meio de um procedimento padrão.

Ao captar um barco em aproximação para o mar territorial do Líbano, o navio da FTM-UNIFIL deve se identificar como unidade a serviço das Nações Unidas, e perguntar, via rádio, se esse navio se dirige ao litoral libanês. Em caso de resposta afirmativa, são feitas perguntas sobre o último porto visitado, tipo de carga, rumo e velocidade que a embarcação pretende adotar.

Cabe ao navio da FTM-UNIFIL, então, fornecer a rota que o barco desconhecido deve cumprir para alcançar seu porto.

Quando há suspeita de que a embarcação possa transportar armas ou outra carga ilícita qualquer, é realizada uma abordagem e a inspeção.

Incêndio – Nesse momento, apenas duas das seis fragatas classe Niterói – a Liberal (F43) e a Independência (F44) – estão disponíveis no país.

Conforme informamos, a União está imobilizada em Taranto. A Constituição empreende o regresso do Líbano para o Brasil, a Niterói (F40) está docada no porto de Aratu (BA), e a Defensora (F41) está parada (incapacitada de navegar) no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro – situação em que se encontra há vários anos, devido à cessão de componentes para outros navios de sua classe.

O cansaço dessas embarcações é evidente.

Às 23h35 da noite de 28 de janeiro deste ano, uma quarta-feira, um incêndio de pequenas proporções irrompeu no compartimento de máquinas da fragata Liberal. Havia três tripulantes de serviço naquele momento, mas ninguém se feriu.

Após Missão de pPaz no Líbano Fragata Liberal atracou em Natal
Fragata “Liberal” em manobra de atracação no porto de Natal (RN)

 

Remotorização – A força de superfície da Esquadra está, aliás, bastante reduzida nestes dias.

Além dos desfalques no agrupamento das fragatas “Niterói” , e da indisponibilidade das três corvetas classe “Inhaúma”, resta no litoral brasileiro apenas um dos três NaPaOcs (navios-patrulha oceânicos) classe “Amazonas”: o Araguari (P122). O Apa está no Mar Mediterrâneo, e o Amazonas (P120) participa das manobras Obangame Express, operação anti-pirataria que se desenvolve no Golfo da Guiné.

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Navio-patrulha oceânico “Apa”

 

Conforme o Poder Naval informou com exclusividade no último dia 10 de abril (em Marinha decide tentar estender a vida útil das fragatas classe “Niterói” até 2027/2030), o comandante da Força, almirante-de-esquadra Eduardo Leal Ferreira, resolveu reativar o plano de remotorização das fragatas Vosper Mk.10, que foi elaborado em 2013 e, ano passado, teve sua execução suspensa .

O planejamento objetiva manter ao menos quatro unidades da classe “Niterói” em serviço até o final da próxima década – entre 2027 e 2030.

A ideia dos almirantes brasileiros é resgatar um oferecimento que o estaleiro espanhol Navantia e a companhia alemã de motores MTU fizeram à Força Naval brasileira, há pouco mais de 20 meses, no sentido de modernizar, por meio de motores diesel, o sistema de propulsão das embarcações.

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