Agenda de Jaques Wagner na França visa preservar finalização do ‘Riachuelo’
Roberto Lopes
Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
A longa série de contatos que o ministro da Defesa Jaques Wagner iniciou nesta segunda-feira (11.05) em território francês, não lhe permitirá apenas conhecer os dirigentes de grupos empresariais – como DCNS, Thales, Safran e MBDA – que são parceiros dos principais programas das Forças Armadas brasileiras. Wagner tem outros objetivos mais urgentes e imediatos.
O Poder Naval apurou que nesse momento, uma das principais preocupações do titular da Pasta da Defesa, é garantir a continuidade, em ritmo aceitável, da construção do submarino Riachuelo (S40) – primeiro navio da classe Scorpene em produção no município fluminense de Itaguaí (RJ).
O assunto ganha relevância diante da possibilidade de que o ajuste fiscal em preparação pelo governo federal venha a atrasar pagamentos que devem ser feitos à empresa DCNS e às demais indústrias francesas envolvidas no Programa de Obtenção de Submarinos (PROSUB).
Jaques Wagner está hospedado no Hotel Sofitel Paris Arc-de-Triomphe, da capital francesa. Amanhã, quarta-feira, às 8h, ele tomará o café da manhã com seu colega Jean-Yves Le Drian, ex-ministro do Exterior e atual ministro da Defesa do governo François Hollande.
No encontro o brasileiro apresentará a Le Drian um quadro das atuais dificuldades econômicas do governo Dilma Roussef, e de como seu ministério pretende amenizar o impacto do ajuste fiscal sobre os projetos considerados prioritários por generais, almirantes e brigadeiros.
O ministro da Defesa está particularmente impressionado com o surto de desenvolvimento que o complexo militar naval de Itaguaí produziu naquela região do litoral sul do estado do Rio de Janeiro.
No fim de fevereiro, acompanhado pelo comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, e pelo diretor-geral de Material da Marinha, almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão, Jaques Wagner conheceu a linha de produção do submarino Riachuelo. O submarino, que deveria ficar pronto em 2017, teve sua entrega adiada para o primeiro semestre de 2018.
O ministro está preparado, por exemplo, para defender os dois programas de construção de submarinos em marcha no Brasil – o dos navios classe Riachuelo e o do submarino de propulsão nuclear – diante do argumento de que, se o governo Dilma Roussef está cortando verbas do programa “Minha Casa, Minha Vida”, nada mais justo que, antes, sacrificar os gastos militares – já que o Brasil não vive nenhuma perspectiva de ameaça à soberania nacional.