Jane’s: míssil coreano disparado no fundo do mar parece o russo R-27 (dos anos 60)

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Quatro dias depois do anúncio feito pelo governo de Pyongyang, do lançamento de um míssil balístico de bordo de um submarino da Marinha norte-coreana, o assunto continua despertando polêmica no Ocidente.

Nesta terça-feira (12.05), o grupo editorial britânico Jane’s informou, por meio de um texto intitulado “Teste do SLBM Norte-Coreano deixa mais perguntas que respostas” (North Korean SLBM test leaves more questions than answers), escrito por James Hardy, que o engenho testado no último fim de semana aparenta certa similaridade com o conhecido artefato R-27 Zyb (chamado de SS-N-6 Serb, no Ocidente), um míssil russo de 8,89 m de comprimento e 14 toneladas de peso, movido a combustível líquido, que pode transportar cargas pagas de 650 kg por trajetórias de até 2.400 km.

Sábado passado, ao alcançar a superfície do mar, o misterioso míssil coreano deixou atrás de si uma chama limpa que se dissolvia em fumaça amarronzada, o que sugere a queima de combustível líquido à base de tetróxido de nitrogênio ou algum outro oxidante derivado do nitrogênio.

Fosse o propelente do tipo composite (usado pela Avibras em seus foguetes terra-terra) que caracteriza os combustíveis sólidos, metalizados, e o míssil deixaria um rastro bem visível de fumaça branca.

BM-25 – Nas últimas horas, o jornal norte-coreano Rodong Sinmun (“Jornal dos Trabalhadores”), órgão oficial do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, publicou uma série de fotografias mostrando o que seria o míssil fabricado para o teste. O artefato trazia gravada a inscrição Pukgeukseong-1 (“Polaris-1”).

Hardy informa que, entre os anos de 1968 e 1988, o Zyb foi transferido a países amigos da União Soviética, e que, em setembro de 2003, a Coreia do Norte teria adquirido um determinado número desses vetores.

A tecnologia do R-27 teria sido usada, inclusive, para o desenvolvimento do BM-25 Taepodong X (mais conhecido no Ocidente como Musudan), um míssil balístico de alcance intermediário baseado em terra, que integra o arsenal da Coreia do Norte.

Com 12 m de comprimento e cabeça de guerra de mais de uma tonelada (1.250 kg, segundo algumas estimativas), esse engenho está apto a cobrir distâncias de até 4.000 km.

Sinpo – A propaganda norte-coreana não economizou adjetivos para o feito alcançado no sábado por seus especialistas.

Ela divulgou que a Marinha conduzira um “teste de disparo, debaixo d’água, de um poderoso míssil balístico submarino estratégico”, que subira ao espaço a partir de um “submarino estratégico”.

A questão da plataforma de lançamento também intriga os analistas ocidentais.

Inicialmente eles se inclinaram pela tese de que o “Polaris-I” tenha partido de um navio “estratégico” de valor bem pouco decisivo: um antiquado submersível de propulsão diesel-elétrica classe Romeo (Projeto 633), de origem russa – o mais poderoso da Marinha norte-coreana –, cuja proa teria sido modificada para conter um tubo lançador de mísseis de alta performance.

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Em junho do ano passado o líder norte-coreano Kim Jong-un se deixou fotografar na vela de um submarino classe Romeo da Marinha de seu país

Mas, com o passar das horas, esses especialistas foram advertidos por militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de que, há cerca de um ano, um sistema de imageamento por satélites administrado (oficialmente) pela John Hopkins University, da cidade americana de Baltimore (Maryland), teria descoberto, na base naval norte-coreana de Sinpo, no Mar do Japão, o que parece ser um novo tipo de submarino, de comprimento estimado em 65,5 m e tonelagem calculada em 1.000 ou 1.500 toneladas.

Este barco, batizado pelos observadores como “classe Sinpo”, teria uma abertura na torre capaz de conter um míssil com o diâmetro de um R-27: 1,5 m.

Pelo ângulo de saída do “Polaris-I” da água, os mesmos analistas supõem que o tubo a bordo do novo submersível não seria vertical, mas instalado com certo ângulo de inclinação – o que, de acordo com os especialistas, é bem menos eficiente para lançar um vetor de apreciável carga explosiva.

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Foto distribuída ao Ocidente pela propaganda norte-coreana, que mostra Kim Jong-un assistindo o lançamento do míssil “Polaris-I”; mas a imagem pode ser apenas uma fotomontagem

Isso tudo se o “Polaris I” norte-coreano foi mesmo lançado de um submarino que se encontrava em imersão…

O artigo do IHS Jane’s Defence Weekly menciona a tese que predomina entre algumas autoridades do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, de que o “Polaris” foi disparado não de um navio submerso, mas de uma simples plataforma de lançamento fincada no leito submarino.

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