Os novos ventos do Oriente: ideia de ‘navios asiáticos’ é levada ao Comandante da Marinha

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A fragata Type 054A "Liu Zhou" visitando o Brasil em 2013 - Fotos: Alexandre Galante

Roberto Lopes

Enviado Especial ao Rio

Vinheta ExclusivoHá cerca de duas semanas, um grupo empresarial integrante da BID (Base Industrial de Defesa) apresentou ao comandante da Marinha do Brasil, almirante Eduardo Leal Ferreira , por escrito, a ideia de renovar alguns setores da Esquadra em um prazo relativamente curto, por meio da compra de navios modernos fabricados nos chamados “mercados alternativos” asiáticos.

Leal Ferreira não recebeu uma proposta formal, mas apenas uma correspondência que lembra a excelência da técnica construtiva e os custos consideravelmente menores das embarcações produzidas por grandes corporações da Ásia, que possuem financiamento garantido por seus governos – em especial, fornecedores da Coreia do Sul, da China e de Cingapura.

Os propositores desse plano defendem que a Marinha continue a conferir total prioridade ao projeto de construção no Brasil das quatro corvetas classe Tamandaré (também conhecidas como CV03 ou Classe Barroso Modificada), o que garantirá a geração de empregos e a qualificação da indústria naval na construção de unidades militares.

Mas eles buscam interessar os chefes navais brasileiros em navios que possam, ainda nesta década – e em meio a mais grave crise econômica desde que o Partido dos Trabalhadores assumiu o Poder, em 2003 –, reforçar a força de superfície. Especialmente diante das baixas programadas da fragata Bosísio (F-48) – cuja mostra de desarmamento foi marcada para 15 de julho próximo –, e da fragata Niterói (F40), atualmente docada para reparos de emergência na Base Naval de Aratu (BA).

NSS Felinto Perry - k11
O “Felinto Perry” não conseguiu chegar a Arraial do Cabo

 

Perry – O quadro de dificuldades na manutenção e de falta de peças de reposição para os reparos que se fazem necessários nos navios é alarmante. O pessoal da Diretoria-Geral do Material da Marinha precisa fazer contas até para adquirir suprimentos básicos, como bombas auxiliares.

No início da semana passada, o navio de salvamento de submarinos Felinto Perry (K-11) suspendeu da Base Naval do Rio de Janeiro para uma curta navegação de, aproximadamente, 60 milhas até um ponto ao largo do município fluminense de Arraial do Cabo, onde seriam testados os seus equipamentos de apoio ao mergulho. Mas não conseguiu completar a viagem. Precisou voltar por causa de problemas em sua propulsão. Foi a segunda vez que isso aconteceu.

A fragata União (F45) que em abril foi docada no porto italiano de Taranto para o conserto de seus dois hélices, deveria seguir, após o término do reparo, na primeira semana de junho, para o Líbano, onde assumiria o comando da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL). Contudo, o Estado-Maior da Armada e o Comando de Operações Navais acharam mais prudente rever esse plano.

Os almirantes designaram a corveta Barroso (V34) para a comissão no Líbano, e determinaram à União que regresse ao país tão logo esteja em condições de fazê-lo.

F45 em Taranto - 2
A “União” se encontra em reparos no porto italiano de Taranto

 

A Barroso está sendo preparada, a toque de caixa, para suspender na terceira semana de julho.

Fragatas leves – O grupo empresarial que está levando a ideia dos barcos asiáticos ao Comando da Marinha vem contatando as principais indústrias navais do Extremo Oriente há cerca de um ano. E opera com a estratégia de que seu trabalho em nada colida com o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER) – planejamento que preconiza a construção no país de cinco fragatas de 6.000 toneladas, cinco patrulheiros de 1.800 toneladas e um navio de apoio logístico de porte estimado em 23.000 toneladas.

A ideia é oferecer à Marinha diferentes tipos de navios de apoio, e até fragatas leves – com deslocamento entre 3.000 e 4.000 toneladas –, de custo unitário em torno de um terço do valor de um navio de 6.000 toneladas (estimado entre 800 e 900 milhões de dólares).

Tudo sempre dentro do mesmo procedimento: centrar o foco em embarcações que não rivalizem com as unidades previstas no PROSUPER ou com as corvetas classe Tamandaré, e que – fabricadas no exterior – possam ser entregues à Marinha do Brasil em um prazo máximo de dois a três anos, a partir da assinatura do contrato.

Nos últimos dez meses o governo petista hospedou algumas das principais autoridades do governo chinês (presidente, vice-presidente, primeiro-ministro e ministro da Ciência, Tecnologia e Indústria para a Defesa); e, no mês passado, também recebeu a visita da presidenta da Coreia do Sul, Park Geun-hye.

Type 071 YUZHAO Jinggang Shan井冈 999 Kunlun Shan昆仑山 998 Amphibious Transport Dock LPD amphibious warfare ships of the People's Republic of China's People's Liberation Army Navy chinese (2)
Navio de desembarque anfíbio chinês Tipo 071 “Yuzhao”
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