Breguet Atlantique 2
Aeronaves Atlantique 2

A Marinha francesa vai revitalizar 15 dos seus 27 bimotores Breguet Atlantique 2 (também conhecido como ATL-2), e a Real Força Aérea (RAF) está investigando junto a fornecedores reputados – como Airbus, Boeing e Lockheed Martin –, a possibilidade de obter uma aeronave que, na próxima virada de década, lhe proporcione capacidade confiável de reconhecimento aéreo sobre vastas áreas marítimas.

Em função de restrições orçamentárias, tanto as autoridades militares francesas quanto as britânicas estão adotando estratégias que as conduzam a soluções não muito dispendiosas – que passem longe, por exemplo, de um projeto completamente novo de aeronave de exploração marítima.

No caso da Marine Nationale, a opção é pela modernização do ATL-2, uma aeronave projetada no final dos anos de 1950 e fabricada durante as décadas de 1970 e de 1980, que, nos últimos anos, por sua versatilidade, autonomia de voo e robustez, revelou-se tão importante nas missões de esclarecimento marítimo quanto na proteção, pelo ar, dos deslocamentos dos submarinos franceses portadores de mísseis balísticos.

Disponibilidade – Aliás, os préstimos do ATL-2 são tão reconhecidos (e festejados), que os franceses estão recorrendo a eles para o cumprimento de missões muito longe de qualquer praia de água salgada.

Os Atlantique da Marinha já operaram contra as milícias guerrilheiras do Mali, na África Ocidental, e também integrados ao esforço multinacional que tenta deter os terroristas do Estado Islâmico em território iraquiano.

Mas em função dessas missões desgastantes, a taxa de disponibilidade dessas aeronaves caiu muito, para algo em torno dos 25% – o que alarmou os chefes navais.

O plano original era atualizar 22 das 27 células adquiridas ao fabricante desde um distante ano de 1988. Mas o corte de gastos que se abateu sobre as contas do Ministério da Defesa, hoje chefiado por Jean-Yves Le Drian, forçou uma revisão desses números – para baixo.

As aeronaves a serem upgradeadas passaram de 22 para apenas 15.

Elas receberão um pod optrônico de melhor qualidade, computador tático aperfeiçoado e terão maiores capacidades de varredura eletrônica. Nesse último quesito, a companhia francesa Thales propôs aos pilotos militares de seu país o radar de antena ativa Searchwater – que, se espera, possa, nos próximos dois anos, vir a substituir todos os modelos Iguane atualmente em serviço.

Com um avião equipado dessa forma – capaz de detectar um alvo de superfície a distâncias de até 360 quilômetros –, a Marinha francesa só precisará que ele esteja também apto a operar os melhores armamentos.

Para este mês de junho está previsto que o ATL-2 faça o primeiro disparo de um torpedo MU90 – arma franco-italiana de 3ª geração, classificada de torpedo ligeiro (315 kg), e de desenho supostamente comparável ao do famoso torpedo americano Mk.46.

As entregas dos ATL-2 modernizados devem começar em 2018 e se estender até 2024. Isso se o fluxo de recursos puder ser mantido, é claro.

Por conta das incertezas que assomam o horizonte da Marinha francesa, o cronograma original dos bimotores Atlantique já vem sendo revisto. A previsão para o ano de 2019 era de aprontamento de quatro aviões revitalizados, mas esse número agora baixou para apenas dois.

Bimotor Airbus C-295, na configuração de patrulhamento marítimo

RAF – O caso inglês é diferente.

As unidades da RAF estão sem uma aeronave dedicada ao reconhecimento marítimo desde que, em 2010, o último quadrirreator Nimrod MRA4 foi retirado da ativa.

Nesse momento, às vésperas de o Parlamento britânico conhecer os resultados de um estudo preparado nos últimos dois anos e meio pelo Ministério da Defesa – denominado “Análise de Segurança e Defesa Estratégica” (Strategic Defence and Security Review) –, autoridades da aviação militar buscam uma solução que lhes assegure capacidade de prevenir ameaças provenientes do mar.

A preocupação é com aquilo que os políticos ingleses (da situação e da oposição) definem como “agressiva política naval russa”.

Hoje, os candidatos a ocupar o espaço deixado pelos Nimrod nos esquadrões da Real Força Aérea são o Airbus C295, o modelo P8 do venerando Boeing 737 americano e o novo SC-130J Sea Herc – adaptação do conhecido transporte tático Hércules às missões navais.

Configurado como avião de patrulha marítima, o C295 pode permanecer em operação por mais de 11 horas e cobrir trajetórias de até 5.630 km. O P8 da Boeing tem quase o dobro da velocidade de cruzeiro de um 295 (907 km contra 480 km/h), mas uma capacidade muito menor de manobra no ar para a investigação de alvos navais de superfície.

A propaganda da Lockheed Martin aposta tudo na versatilidade do seu produto: um modelo de Hércules capaz de realizar penetrações em cenários dominados pelo inimigo a uma altitude muito baixa (apto, portanto, tanto a tarefas de infiltração quanto à exfiltração de combatentes de elite), além de cumprir longos voos de reconhecimento sobre o mar e missões ASW.

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