Bureau de design de São Petersburgo desenhará o navio russo que concorrerá com o Mistral

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A todo o vapor: imagem da construção da fragata russa “Admiral Grigorovich” no estaleiro Yantar, em Kaliningrado, no ano de 2013. O projeto do navio (11356) é do Birô de Design Severnoye, sediado na cidade de São Petersburgo

 

A Marinha da Rússia escolheu o Bureau de Design Neva, da cidade de São Petersburgo – o mesmo que, na década de 1980, projetou o porta-aviões Almirante Kusnetsov –, para conceber e desenhar o seu novo porta-helicópteros de assalto anfíbio – navio cujos préstimos deverão rivalizar com os da classe francesa Mistral, produzida pelo consórcio DCNS/STX.

A informação começou a circular em Moscou, de forma ainda extra-oficial, nesta terça-feira (16.06), quase ao mesmo tempo em que o governo francês confirmou a existência de sérias divergências com a administração do presidente Vladimir Putin, sobre o valor do ressarcimento a ser feito pelos franceses aos russos, em razão do não-cumprimento do contrato de fabricação dos porta-helicópteros Vladivostok e Sebastopol, encomendados à indústria naval francesa em 2011.

Os franceses decidiram não entregar os navios, que já estão prontos, em represália à política hostil de Putin em relação à Ucrânia. Paris, agora, oferece uma indenização de 785 milhões de Euros (cerca de 881,5 milhões de dólares), mas Moscou exige 1,163 bilhão de Euros (ou 1,306 bilhão de dólares).

Além de propor uma quantia consideravelmente menor que a demandada pela Rússia, o governo Hollande ainda quer que os russos lhes forneçam uma carta, liberando a administração francesa para repassar os navios Mistral a outras marinhas.

primeiro classe mistral para a russia lancado ao mar - foto DCNS
Navio “Vladivostok” docado no porto francês de Saint-Nazaire

 

Kamov – Sobre o projeto do “Mistral russo”, que poderia começar a sair do papel no segundo semestre do ano que vem, só existem, por enquanto, umas poucas informações.

O navio teria deslocamento na faixa das 20.000 toneladas, e capacidade para transportar 500 fuzileiros navais completamente equipados, além de 40 a 60 viaturas e/ou peças de artilharia. Convés e porões deverão ser amplos o bastante para abrigar até oito aeronaves de asas rotativas.

A dotação de helicópteros que estaria sendo considerada pela Marinha russa consistiria no aparelho biturbina multifunção (guerra antissubmarina e transporte) Kamov Ka-27, de 11 toneladas, e na aeronave Ka-52K.

Se o veterano modelo Ka-27 já não representa nenhum mistério para os seus operadores russos, ou para as dezenas tripulantes estrangeiros que voam esse tipo de aparelho ao redor do planeta, o mesmo não pode ser dito acerca do novíssimo Kamov Ka-52K, a versão naval do helicóptero de ataque Ka-52 (que chegou a interessar aos oficiais do Comando de Aviação do Exército do Brasil).

No 52K as lâminas do rotor principal dobram, o trem de pouso é reforçado e as aletas laterais são mais curtas – tudo de forma a tornar o Kamov de ataque – de 16 m de comprimento e 5 m de altura – uma aeronave que represente um estorvo menor no interior do barco. Outra característica bastante atraente do Ka-52K é sua capacidade de empregar os famosos mísseis anti-navio Kh-35, cujo alcance, segundo uma notícia da imprensa russa do último dia 25 de maio, foi aumentado de 120 para 300 km…

Ka-52KM
Diagramas da aeronave Ka-52KM, da Marinha russa

 

Acidentes – Mas em seus testes de certificação de sistemas, o aparelho de ataque da Kamov revelou-se uma usina de problemas.

A 13 de março de 2012 um Ka-52 que cumpria voo de treinamento caiu perto de Torzhok, 217 km a noroeste de Moscou, matando os dois pilotos.

A 29 de outubro de 2013, um Ka-52K projetou-se no solo, em uma região a sudeste da capital russa, durante um voo de prova que tentava comprovar o funcionamento de diferentes equipamentos do aparelho (designado, à época, para figurar no destacamento aéreo dos porta-helicópteros classe Mistral que a França construía para a Marinha russa).

Uma investigação concluiu que a origem do acidente foi o “mau funcionamento do mecanismo ejetor” do assento de um dos pilotos. Os dois tripulantes conseguiram abandonar a aeronave antes que ela se estatelasse no chão, mas ficaram gravemente feridos.

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