Conheça o NPa Macaé, junto com o Poder Naval e o Santos Shipphotos
No dia 7 de agosto de 2015, os editores dos sites Poder Naval e Santos Shipphotos, Fernando “Nunão” De Martini e Marcelo “MO” Lopes, além de amigos e colaboradores, tiveram o prazer de conhecer o navio-patrulha Macaé (P 70), atracado ao cais da Capitania dos Portos de São Paulo, no Porto de Santos.
O navio já havia sido visitado, em anos anteriores, por editores e colaboradores dos sites, mas aproveitamos esta ocasião para mostrar detalhes adicionais em relação ao que já foi publicado – ainda mais devido ao fato da visita ter contado com a excelente acolhida do atual comandante do navio, capitão de corveta Rodrigo de Mello Francesconi, oficiais e tripulação. Também aproveitaremos para rever algumas fotos e informações publicadas em matérias anteriores, complementando as atuais.
O navio-patrulha Macaé, que dá nome à sua classe de patrulheiros de 500 toneladas de deslocamento carregado e derivados de um projeto francês (tipo P 400), foi construído pelo estaleiro INACE – Indústria Naval do Ceará, do qual foi o casco número 570, e incorporado à Marinha do Brasil em 9 de dezembro de 2009. O estaleiro de Fortaleza também foi responsável pela construção de outro navio da classe, o Macau (P 71), casco 579 da INACE. Após um relativamente longo período de avaliações, testes, o Macaé finalmente foi transferido do Setor do Material para o Setor Operativo da Marinha, em cerimônia realizada em 5 de setembro de 2012.
Ao final, mostraremos as características básicas do navio, embora alguns dados já sejam tema dos próximos parágrafos. Agora, imagine que esteja numa visita guiada ao Macaé, atravesse conosco a escada do portaló, suba ao convés e dirija-se à principal porta de entrada para o interior do navio.
A porta acima (vista de quem já está dentro da superestrutura) fica localizada logo à frente da chaminé, e é um dos poucos pontos negativos que podemos atribuir, assim de cara, para o projeto desses navios-patrulha de 500 toneladas. A passagem entre a parte fechada da superestrutura e a chaminé é um tanto estreita, praticamente da largura da própria porta, quando aberta.
Evidentemente, há outras formas de acesso à parte interna do navio, como veremos, mas achamos importante destacar esse aspecto “espremido” por destoar do que se vê a seguir, quando se adentra a superestrutura (parte construída do navio acima do convés principal) e a impressão geral passa a ser de compartimentos muito mais espaçosos do que se poderia imaginar, vendo de fora uma embarcação de apenas 54,2 metros de comprimento e cuja superestrutura ocupa menos da metade disso.
Para ajudar o leitor a se situar, acima está um plano geral desse nível do navio. Alguns compartimentos foram modificados em relação a este esquema, que é mostrado na íntegra ao final da matéria, mas em geral o plano serve para dar uma noção de proporções e indicar o caminho de nossa visita. Ao passarmos pela porta já mostrada, visualizamos um corredor que corta longitudinalmente este nível da superestrutura, dividindo compartimentos a bombordo e a boreste, como se pode ver na imagem abaixo, tomada na direção da proa. À direita (boreste) está a pequena porta corrediça da cozinha do navio, e à esquerda (bombordo), uma das mesas do rancho / área de descanso e recreação dos tripulantes. A porta ao final do corredor já dá acesso ao convés de proa, mas no momento ficaremos por aqui.
As duas imagens abaixo mostram o rancho, visto a bombordo (logo abaixo pode-se ver uma das vigias, entre um dos dois monitores do espaço e de um console de operação localizado nesta área). Há espaço para que mais da metade dos tripulantes (22 cabos e marinheiros) possa se alimentar ao mesmo tempo no rancho.
A foto acima mostra o mesmo corredor no sentido oposto, visto de proa para popa. No lado direito deste ângulo invertido (bombordo), as portas dão acesso a camarotes dos oficiais. Já a boreste, sucedem-se as portas da escoteria (onde se guarda o armamento portátil para as ações realizadas pelo Grupo de Visita e Inspeção (GVI) / Grupo de Presa (GP) na atividade de patrulha naval), da câmara do comandante e da praça d’armas, que é o refeitório e área de descanso dos oficiais. Também a boreste fica a escada para o passadiço, mas no momento faremos uma parada na praça d’armas.
Na imagem abaixo, o editor do site Santos Shipphotos, Marcelo “MO” Lopes, conversa com o comandante Francesconi, em visita que precedeu a do dia 7 de agosto, quando em companhia do colega Paulo “Osso” de Oliveira Ribeiro, lhe entregou uma fotografia emoldurada do navio em comissão realizada anteriormente em Santos. O capitão de corveta Rodrigo de Mello Francesconi é o sexto comandante do Macaé, assumindo o comando em 30 de janeiro de 2015.
Além da foto do navio, na ocasião Marcelo e Paulo “Osso” entregaram a Francesconi exemplares da revista Forças de Defesa e do livro “Monitor Parnaíba 75 anos”, da Aeronaval Comunicação (também responsável pela “trilogia” Poder Naval, Poder Aéreo e Forças Terrestres). O livro de autoria de Fernando “Nunão” De Martini também fez parte do “kit” de presentes entregue aos comandantes dos navios japoneses em visita a Santos na mesma ocasião, como vimos em matéria anterior (clique para acessar).
A praça d’armas, diferentemente do que mostra o plano que disponibilizamos desse nível do navio mostrado mais acima, está no estremo dianteiro direito (boreste) da superestrutura (onde no plano estaria a câmara do comandante). Esse posicionamento pode ser comprovado ao se ver quatro fotos acima, atrás de Marcelo, uma vigia voltada para boreste e, na imagem abaixo, outra vigia voltada para a proa. Essa vigia está ocupada pelo duto de um aparelho portátil de ar-condicionado, usado como auxiliar para quando o navio está atracado – vale dizer que a temperatura estava agradável em todos os compartimentos visitados, climatizados pelo sistema central. Na foto que abre esta matéria, pode-se ver a parte externa branca do duto na vigia logo ao lado do canhão.
Ainda na foto abaixo, em primeiro plano, está o pequeno sino da praça d’armas, em cujo badalo se dependura um boneco simbolizando Hércules, que é o apelido do navio (“Hércules da Amazônia Azul”).
A praça d’armas tem um bom tamanho para os cinco oficiais do navio, além de eventuais oficiais estrangeiros em intercâmbio, o que vem sendo o caso, e convidados como nós. Fomos informados sobre o intercâmbio de militares de países africanos, fazendo atualmente parte da tripulação do Macaé, e que continuam os entendimentos para eventualmente exportar essa classe para marinhas africanas. O navio tem condições de abrigar esse pessoal adicional, pois embora a tripulação normal seja de 35 homens, as acomodações são divulgadas como suficientes para 43, sendo 5 oficiais (+2), 8 suboficiais e sargentos (+2) e 22 cabos e marinheiros (+4).
Abaixo, mais algumas imagens da praça d’armas, onde estão quadros com fotos e pinturas do Macaé, além de uma maquete do navio.
É hora de sair da superestrutura, pela porta de vante, e pisar no convés de proa, onde está instalado o armamento principal do Macaé, um canhão de 40mm/L70 (tubo com 70 calibres de comprimento) fornecido pela ST Kinetics de Singapura. Trata-se de um desenvolvimento do canhão Bofors sueco.
Mas tratemos por enquanto dos acessos a esta área. Como se percebe na imagem abaixo, além da porta externa de aço, da superestrutura, há uma segunda porta interna. Este é o principal acesso à proa, por isso esta parte do navio não costuma fazer parte do roteiro de visitações públicas, como a que foi realizada no dia anterior (6 de agosto), pois implicaria em acessar a área interna da superestrutura, o que é complicado em grupos grandes, além do fato que a amurada também complicaria o acesso diretamente do cais a esta área.
Porém, para a tripulação, além desta porta central há dois outros acessos possíveis a esta área, que são as escadas que levam às duas asas do passadiço – uma das quais pode ser vista na foto abaixo, bem à direita, tendo no alto uma porta. Mostraremos essa passagem de outro ângulo, mais adiante.
Andando nesta parte do navio, a impressão que se tem é que a torreta do canhão de 40mm é maior do que se imagina, mas que combina mais com o porte da embarcação do que as similares (embora mais antigas) instaladas na classe “Grajaú”, de pouco menos da metade da tonelagem da “Macaé”.
Esta diferença fica clara na imagem abaixo, divulgada pelo site Alide (foto de Felipe Salles) quando da incorporação do Macaé em 2009, sendo visto ao lado de um navio classe “Grajaú”, comparação que também pode ser feita na foto seguinte, que tiramos há dois anos por ocasião de visita à corveta Jaceguai, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, junto ao cais do 1º Distrito Naval. Além das linhas mais “robustas” da proa, devido ao convés nesta área ser protegido por uma amurada de aço ao invés da balaustrada do navio menor, percebe-se também uma boa diferença na largura do passadiço.
A respeito do canhão principal do Macaé, fomos informados que a torreta pode tanto ser guarnecida por três tripulantes (dois para operação e um como reserva) como ser operada de forma remota, a partir do Compartimento de Operações (geralmente chamado de Centro de Operações de Combate ou de Informações de Combate – COC / CIC – nos navios de guerra maiores). Os disparos em geral são em rajadas curtas, incluindo uma munição traçante para eventual correção do tiro, e pode-se empregar tanto munição para impacto direto ao alvo (perfurante / alto explosivo) quanto de proximidade / programável.
O tiro pode ser realizado utilizando-se tanto o sistema de mira instalado na própria torreta, quando esta é guarnecida, quanto pela alça eletro-óptica instalada em plataforma do mastro logo abaixo da antena menor de radar (são duas antenas de radar, sendo a maior posicionada no alto).
Na imagem acima pode-se ver a plataforma da alça, mas esta se encontrava vazia pois o equipamento foi enviado para manutenção. Porém, na foto abaixo (de 2013), é possível ver a alça (dotada de sensores de imagem diurnos e noturnos) instalada no mastro. Clique nesta e em outras imagens para ampliar e ver mais detalhes. Na ausência da alça, a posição do alvo é passada à guarnição conforme os dados fornecidos pelos radares, com direção local do tiro.
Armas de 40mm L70 dessa geração são capazes de uma cadência superior a 300 tiros por minuto, disparando projéteis com peso pouco inferior a 1kg (o peso completo da munição é de cerca de 2,5kg) a uma velocidade de boca de cerca de 1.000 m/s e alcance efetivo para alvos de superfície ao redor de 10km. De início, sabe-se que houve problemas de disponibilidade com os canhões do Macaé e do Macau, em especial relacionados à sua instalação nos reparos / torretas e a adaptação das mesmas às condições de emprego no mar, dentro de uma iniciativa de nacionalização.
Ao longo do tempo, as dificuldades foram contornadas, e ao menos na ocasião de nossa visita não foram mencionados problemas atuais com as armas. O fato é que a Marinha tomou recentemente a decisão de mudar o fornecedor dos canhões do tipo, que deverão equipar futuros navios da classe. Ao invés da ST Kinetics, agora serão da BAE Systems.
Acompanhemos novamente nosso trajeto seguindo o plano acima. Deixando o convés de proa, entramos novamente na superestrutura pela porta central, já mostrada, e acessamos a escada interna que dá acesso ao passadiço, vista abaixo. O passadiço do navio tem acabamento interno de suas paredes em madeira, que esconde as camadas de blindagem em kevlar instaladas entre esse acabamento e a parte externa de metal.
A blindagem desses compartimentos superiores em que se comanda e navega o navio, contra o fogo de armas leves e estilhaços, é um item desejável para um meio empregado em atividades como o combate à pirataria, onde se pode esperar reações dos chamados alvos de interesse.
No passadiço, o sistema de navegação que equipa a classe “Macaé”, compreendendo computadores, telas, consoles e os radares instalados no mastro é da empresa norte-americana Sperry Marine. Nas fotos acima e abaixo, pode-se ver algumas das telas e outros equipamentos diversos, como o indicador no teto para a posição do leme do navio. Acima, bem no canto esquerdo superior da foto (e visto na imagem abaixo também na parte superior esquerda) está o visor para os dados de navegação da agulha giroscópica instalada sobre o passadiço, no tijupá. Nas imagens externas que vimos antes, o equipamento está coberto por uma lona para proteção enquanto o navio permanece atracado.
As imagens abaixo também destacam a posição do “timoneiro”, ao centro, e as duas cadeiras laterais em que o comandante, conforme sua preferência de bordo, pode ocupar.
Na foto acima, vê-se ao fundo do passadiço as gavetas onde se guarda as cartas náuticas e a mesa de navegação. Deve-se ressaltar, porém, que o sistema de navegação do navio inclui cartas digitais e todos os auxílios modernos – mas o método tradicional de plotagem (e a proficiência dos tripulantes na sua utilização) é indispensável em qualquer embarcação como “back-up”. Foi permitida a visita ao pequeno Compartimento de Operações acessível pela porta aberta logo ao lado da mesa de navegação, embora fosse solicitado que não se tirassem fotos.
Essa restrição, que varia conforme o navio e a situação, é compreensível e foi acatada. Mas, para dar aos leitores uma ideia de como é o compartimento, temos uma imagem de 2012, quando realizou-se a passagem do navio ao Setor Operativo. Do lado esquerdo da imagem, temos o Terminal Tático Inteligente (TTI), desenvolvido pelo IPqM (Instituto de Pesquisas da Marinha) e cujo console é fornecido por uma empresa nacional. O equipamento fornece o quadro tático ao redor do navio, a partir de informações dos radares e outros sensores eventualmente integrados (GPS, giro, hodômetro). Com essas informações, pode-se tanto decidir ações quanto dar posições de tiro para a guarnição do armamento principal, quando é o caso.
Segundo informações do IPqM, o sistema disponibiliza ao operador a apresentação do movimento relativo e verdadeiro da plataforma, permitindo tracking manual e automático de contatos. O TTI pode se comunicar com outras plataformas por meio de um link de transmissão de dados de até 2400 bps. Nos navios da Classe “Macaé”, o TTI opera com um console único, mas pode também operar de modo distribuído, em rede local. Trata-se do primeiro sistema tático brasileiro a incorporar cartas náuticas eletrônicas homologadas pela DHN. É prevista a inclusão de interfaces com outros sensores e sistemas como: SCM, MAGE, anemômetro, canhões etc.
Informamos, em parágrafo anterior, que o canhão de 40mm do Macaé pode ser controlado no Compartimento de Operações, a partir da alça eletro-óptica. O console da alça fica instalado na posição bem à direita e que estava ocupada, na foto de 2012 abaixo (quando o equipamento ainda não existia no navio) por um monitor do sistema de monitoramento interno e externo por câmeras (como o que pode ser visto preso ao teto do passadiço, em imagem mais acima). O console que vimos nesta visita do dia 7, e que se assemelha ao TTI ao seu lado, incorpora dois “joysticks” para controle remoto da alça e do canhão.
Atrás do Compartimento de Operações, há ainda o de Comunicações, não disponível para visitarmos (o que é praxe em qualquer navio da Marinha). É hora de seguir rumo à popa do Macaé. Deixamos o passadiço pela porta de bombordo (que pode ser vista duas fotos acima, entre as duas cadeiras), que dá acesso à chamada asa do passadiço, ou “lais”.
Da “asa”, tem-se uma boa visão do convés de proa e, como já informamos, este também pode ser acessado por escada que conecta esse convés a uma pequena porta, vista na imagem abaixo. Sob o convés de proa, diferentemente de navios maiores (ou mesmo navios de porte similar, como o já mencionado monitor Parnaíba) não estão situados compartimentos habitáveis, como os alojamentos da tripulação (a chamada “coberta”). Apenas paióis diversos ocupam o convés inferior na área da proa. A coberta para cabos e marinheiros, assim como seus banheiros, fica exatamente sob a superestrutura, abaixo dos alojamentos de oficiais. Os alojamentos de sargentos / suboficiais ficam sob a área de popa do convés.
Acima, mais duas vistas do mastro do navio, onde estão instalados os dois radares Sperry Marine, antenas diversas de comunicações, além da pequena plataforma (vista na parte mais baixa, à esquerda na imagem) para a alça eletro-óptica que, como já mencionamos, havia sido retirada para manutenção.
Caminhando ainda neste nível em direção à popa, chegamos ao local de instalação das metralhadoras GAM BO1 de 20mm, uma por bordo. Segundo o comandante Francesconi, para a maior parte dos contatos engajados em missões de patrulha naval, as metralhadoras têm se mostrado intimidadoras o suficiente.
Acima, fotos da Bandeira de Faina do Macaé gentilmente arvorada por tripulantes do navio, incluindo detalhe da bandeira com destaque para a figura do herói da mitologia grega Hércules.
Chegou a hora de deixar a parte superior do navio, rumo à popa, por uma escada a boreste da chaminé. Mas antes, do alto, ainda vimos que uma série de tambores ocupava a lateral de uma das duas plataformas destinada a botes infláveis de casco rígido (RHIB) utilizados nas missões do Grupo de Visita e Inspeção (GVI) e do Grupo de Presa (GP). Os tambores recebidos continham óleo para trabalhos de manutenção que se realizava, na ocasião, nas máquinas do navio. Os botes são baixados e recolhidos por um guindaste instalado entre as duas plataformas, sendo que na de ré repousava o único bote então embarcado no navio (protegido por uma lona). Mais à popa, está a posição para içamento e entrega de cargas por helicópteros, marcada com a letra “H”.
Olhando para baixo nessa mesma posição, percebe-se uma pequena chaminé. Ela serve para exaustão do gerador auxiliar (de emergência), situado logo abaixo de onde estávamos. A posição desse gerador, junto à superestrutura, é compatível com um navio destinado a missões de patrulha em tempo de paz, mas no caso de um navio de guerra em geral ele é posicionado em posições menos vulneráveis, preferencialmente abaixo do convés ou mesmo da linha d’água, distante dos motores / geradores principais.
Acima e abaixo, fotos do compartimento do gerador auxiliar, ao pé da escada. O posicionamento do mesmo, sobre o convés principal (main deck), pode ser conferido em mais uma seção do plano geral que reproduzimos logo abaixo.
Nesta mesma seção do plano, podemos ver o convés inferior (lower deck), onde estão instalados os motores da propulsão do navio e os geradores principais de eletricidade. Como estava sendo realizada uma manutenção nos motores, não foi possível visitar a praça de máquinas na ocasião, assim como os alojamentos de cabos / marinheiros e sargentos / suboficiais, contíguos. Porém, quando da passagem do navio ao Setor Operativo, em 2012, também foi possível fotografar os motores e o Centro de Controle de Máquinas, e reproduzimos aqui as fotos tiradas àquela época.
O navio é dotado de dois motores MTU modelo 16V 4000, de 3.650 BHP, capazes de levar o Macaé a uma velocidade máxima mantida de 21 nós. Os motores são acoplados a dois eixos e dois hélices de três pás e passo fixo. A eletricidade é fornecida por 3 geradores de 270 kVA.
O controle e monitoramento da propulsão fica a cargo de um sistema nacional, conhecido pela sigla SCM (Sistema de Controle da Propulsão). Trata-se de uma versão simplificada do SCM desenvolvido para a corveta Barroso, utilizando hardware de uso comercial (COTS, ou “de prateleira”) e software totalmente desenvolvido pelo IPqM. O SCM é composto de 3 subsistemas: o Subsistema de Controle e Monitoração de Propulsão e Auxiliares (SCMPA), o Subsistema de Controle de Avarias (SCAV) e o Subsistema Manual Remoto (SMR), este último um recurso que permite o comando direto de motores, em caso de baixa dos computadores do SCMPA. Já o SCAV auxilia na segurança física do navio, indicando a leitura de sensores que monitoram fumaça, temperatura alta e alagamento em compartimentos.
Na foto abaixo, pode-se ver em primeiro plano alguns detalhes de uma das plataformas de instalação de botes (em cuja lateral estão colocados provisoriamente os tambores de óleo já mencionados).
Contornando a área de popa, voltamos ao portaló, a bombordo, onde está o sino do navio. Mas nossa visita ainda não havia acabado. Fomos convidados pelo comandante do Macaé para voltar à praça d’armas, onde nos esperava um hospitaleiro café com frutas e biscoitos. Até mesmo a xícara destinada a almirantes em visita, com faixa dourada, fazia parte da mesa.
Conversando um pouco mais com o capitão de corveta Francesconi, soubemos que no planejamento original ele estava destinado a ser o primeiro comandante do navio-patrulha Maracanã, continuidade da classe “Macaé”, mas o atraso na sua construção levou-o a pedir para comandar outro navio e não perder a oportunidade de comando, sendo então destinado ao navio líder da classe.
É uma pena que navios relativamente simples como esta classe de navios-patrulha – ainda que esta visita mostre detalhes que demonstram uma maior complexidade de sistemas e equipamentos do que se imagina à primeira vista – estejam com suas construções atrasadas. Atualmente, apenas o Macaé e o Macau (este subordinado ao 3º Distrito Naval), se encontram em operação. Dificuldades com o estaleiro EISA, que constrói cinco navios da classe, levaram a sucessivos atrasos na entrega dos próximos navios.
O Maracanã, cuja quilha foi batida em 25 de novembro de 2009 e, em reportagem da revista Forças de Defesa do início de 2013 podia ser visto já em avançado estágio de construção (foto acima), atualmente tem sua entrega prevista apenas para o primeiro semestre de 2016, devendo operar no 4ºDN. Espera-se que o Mangaratiba seja entregue ao 1º DN no segundo semestre de 2016, o Miramar ao 3º DN no primeiro semestre de 2017, o Magé ao 1º DN no segundo semestre de 2017 e o Maragogipe ao 2º DN no primeiro semestre de 2018.
Esta programação de distritos navais a receber os navios pode eventualmente ser alterada: em outubro do ano passado, foi ativado o Núcleo do Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Sul-Sudeste, subordinado ao Comando do 8º Distrito Naval, em Santos (SP), e conforme as obras das instalações definitivas do Grupamento ficarem prontas, espera-se que um navio-patrulha da classe fique subordinado ao 8º DN e opere a partir de Santos (atualmente, navios desdobrados do 1º DN se revezam em Santos, em geral da classe “Grajaú”).
Fomos informados que é possível que um dos novos navios seja o destinado ao 8º DN, o que faria das saídas e chegadas da classe “Macaé” uma vista mais frequente para as lentes do Santos Shipphotos e do Poder Naval, em Santos. E oportunidades para mais visitas como esta que o comandante Francesconi, oficiais e praças do Macaé gentilmente nos concederam, com toda a hospitalidade e atenção, aos quais agradecemos, assim como ao pessoal da Capitania dos Portos.
Características principais do navio-patrulha Macaé (dados do estaleiro INACE)
- Tipo: navio patrulha de 500t, casco em aço e superestrutura em alumínio
- Comprimento total: 54,2m
- Boca máxima: 8m
- Pontal: 4,60m
- Calado: 2,3m
- Propulsão: 2 motores MTU modelo 16V 4000 de 3.650 BHP acoplados a dois eixos e dois hélices
- Velocidade máxima mantida: 21 nós
- Raio de ação: 2.500 milhas náuticas
- Armamento: um canhão de 40mm e 2 metralhadoras de 20mm
- Navegação: Ponte Integrada de Navegação (IBS) da Sperry Marine, Sistema Integrado de Comunicações da EID, Controle e Monitoração da Propulsão e Sistemas de Alarme e Controle de Avarias do IPqM
Para mais informações, recomendamos a consulta às matérias abaixo e ao artigo “Patrulha Naval: exercendo a soberania”, de autoria de Ícaro Luiz Gomes, publicado em duas partes nas edições 8 e 9 da revista Forças de Defesa.
Mais uma vez, nosso sincero agradecimento ao CC Francesconi, Oficiais e Guarnição do NPa Macaé, que tão gentilmente nos receberam a bordo !
TEXTO: Fernando “Nunão” De Martini
FOTOS DA VISITA E PRÉ-VISITA: Fernando “Nunão” De Martini, G. Strelniek, Marcelo “MO” Lopes e Paulo “Osso” de Oliveira Ribeiro
FOTOS DE ANOS ANTERIORES: Alexandre Galante, Fernando “Nunão” De Martini, Marcelo “MO” Lopes, Gustavo “Índio” Souza e Felipe Salles (Alide)
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Muito legais as fotos e esclarecedores os comentários.
Sei que a é função desses navios é a patrulha. Mas numa situação de guerra naval convencional, esses navios seriam de alguma serventia?
Eles podem ser usados para semear minas?
sds.
Caramba Nunão! Arrebentou a boca do balão! Bravo Zulu e 21 salvas de canhão! grande abraço
Nao ficou devendo nada em relacao ao artigo sobre os navios japoneses… BZ !!!
Baita reportagem…. Foi um tour… Parabéns ao poder naval!
Pois é, Bardini. Espero que depois desse “tour” nenhum leitor do PN que um dia visite um navio da classe Macaé se perca dentro dele, rsrsrsrs.
Matéria atualizada agora com mais uma imagem, com close das xícaras e colocada a pedido da patroa, que tirou várias das fotos e gostou muito da visita, bastante impressionada pela cordialidade do comandante, oficiais e praças.
Impecavel, parabens, sem querer abusar, vc poderia nos passar mais detalhes de outras aquisicoes nestes moldes, ficou otimo, aproveitando, se um dia estiverem proximos a Florianopolis, poderiam visitar a EAMSC, voltei la recentemente, apos 20 anos, levei minha esposa e filhos para vivenciarem a cordialidade do pessoal da marinha do Brasil.ate mais.
Parabéns ao pessoal, ficou muito bom e muito esclarecedora sobre a operação do navio.
Grande abraço
Fiquei fã desse navio. A matéria está uma obra prima.
Bravo Zulu. Ainda bem que vocês tinham a foto dos motores.
Off-Topic:
Amanhã é o último dia para o pagamento (R$ 100,00) para a quadragésima reunião das Turmas Oscar I,II e III, a ser realizada na EAMPE, em Olinda-PE. O oscariano que desejar participar terá que entrar em contato urgente com o SO Neilson, organizador do evento juntamente com outros colegas. Maiores detalhes acessem “Turma Oscar EAMPE 1975/76, no Facebook.
https://www.facebook.com/groups/143289652461319/
Obrigado
Parabéns pessoal. A matéria ficou ótima e sensasional as fotos tanto em quantidade como qualidade.
E a pergunta que não quer calar: Como tava o cafézinho?
Marcos,
Embalado na conversa, acabei esquecendo de tomar o café. Só tomei o suco da “jacubinha” e me lembro que estava bom.
Mas quem tomou o café elogiou.
Excelente reportagem. Esmiuçou o navio, e esclareceu até para os mais leigos! Pena que a Marinha hoje, esteja mais para um classe Macaé do que para uma FREEM.
Pronto Fernandinho, coloquei as que estavam comigo que faltavam, da bandeira de faina, Mastro principal e bolacha do Macaé
Bela matéria pessoal!
Excelentes fotos, parabens…
cafe de termica NUNCA eh bom, he he he
uma curiosidade, por que do excesso de madeira na área interna donavio ?? tem algum motivo ou apenas colocaram madeira ??
Parabéns pela excelente reportagem. As fotografias são excelentes, a reprodução da planta do navio, muito boa e, os textos são primorosos – como sempre – pela clareza e concisão. SDS.
Jorge, apenas a titulo de info, navios são Planos, não plantas, no caso o mostrado seria o plano de Arranjo Geral, dentre varios tipos de planos existentes sobre cada navio
Parabéns, uma reportagem digna de se ler varias e varias vezes, a todos muito obrigado pelo prazer da leitura e a apreciação das fotos!!
wwolf22, A madeira sempre que possível é aplicada no acabamento de embarcações, sejam estas civis ou militares. Como se trata de um navio de patrulha costeira, que foi criado para lidar com ameaças de baixa intensidade, não existe maiores preocupações com relação a utilização de acabamentos em madeira em seu interior. Já em embarcações de cunho combatentes classe Corveta para cima, estes acabamentos utilizados em tempos de paz, são instalados em estruturas modulares para que possam ser rápida e eficientemente removidas em caso de guerra. Nunão, Parabéns pela excelente reportagem e em nada me surpreende a histórica e sempre presente… Read more »
No Macaé também Lober, dependendo do TO e situ, tudo é removido tbm !
Em meio a tantas noticias ruins q pululam os noticiarios em todas as areas, eh bom saber q esta classe de NPa esta ativa e funcionando a contento, espera-se ansiosamente q o numero destas aquisicoes se situe conforme o noticiado a alguns anos atras, mesmo q demore todo este tempo. Enfim, otima visita e comentarios perfeitos, acabei de ter uma nocao muito melhor sobre esta belonave q ainda me deixava em duvida sobre suas capacidades. Parabens , ainda temos esperanca nesta Marinha ……vamos cobrar cada vez mais, vamos perseverar e apoiar a forca sempre q for necessario. Sds
parabéns …excelente reportagem, como comentário acima… quando não se tem FREMM – mais é outro navio, para outra finalidade! parabéns
Sou Modelista Naval e essas fotos servirão para construir um modelo mais detalhado desta bela imbarcação ! Agradeço ! abraço !
MO, chegastes a peguntar para o CC, se o navio era bom de mar grosso forte????
Grande abraço
hehehehe, joga muito, como qqr casco fino, mas ai seria dificil equacionar este problemaem embarcações do porte, acontece com qqr um
Excelente cobertura, parabéns!
Quanto ao canhão, parece haver uma deformação no material por onde passa o tubo-alma como se marcasse uma posição anterior do mesmo. É assim mesmo?
Parabéns pela reportagem e fotos, muito esclarecedora para um leigo como eu.
Os canais de comunicação da Marinha e das FAs como um todo deveriam ter mais matérias com essas características.
A mídia, em especial a impressa, poderia, em parceria com a trilogia e por exemplo, fazer uma reportagem igual a essa mensalmente, para que as pessoas começassem a se habituar com o tema.
Irmão vontade não falta, o problema eh o tempo eo trampo que isso demanda, não desconsiderando o principal, a possibilidade … infelizmente nada é taõsimples em qqr estagio, seja sua disponibilidade, permissibilidade, possibilidade, fazemos o que pudemso … me arrastei com o femur quebrado em consolidação para conseguir isso e se não fosse o Paulo Osso e o Fernandinho, nada disso aconteceria … E nem sempre vale tanto esforço (para nos sim, mas para o publico em geral, nem sempre o esforça é recompensado em atenção devida … fazemos por que gostamos muito, mas muito mesmo, mas nem sempre conseguimos… Read more »
Parabéns pelo excelente artigo. Deu vontade de voltar a ter idade para tentar ingressar na Marinha.
Proponho um artigo explicando para os leigos, como eu, o significado de termos navais/militares como passadiço e tijupá. Creio que ajudaria muito aos entusiastas.
Alguns termos eu conheço apenas no inglês mas não consigo associar imediatamente aos equivalente em português. Outros termos são grego mesmo :p
glossario do poder naval, tem tudo isso lá …
Adam
Passadiço = Bridge
Tijupá = Monkey Island
Em tempo maisumado Santos Shipphotos
110.000 t. 9,400 teus de capacidade, 48,20 m de boca =
http://santosshiplovers.blogspot.com.br/2015/08/mv-msc-giselle-3fpx4-9400-teus-de.html
5 photos
Obrigado pela pertinente “correção” do que foi mencionado por este aficcionado em assuntos militares, mas, “totalmente leigo e lesado”. Agradecido e tenha certeza que a correção foi devidamente anotada para eventual uso posterior. SDS.
Excelente matéria, parabéns! Tenho uma pergunta: os canhões da Macaé e Macau também serão substituídos pelos Bofor para se estabelecer uma padronização da classe?
Adorei as xícaras com café….
Mo
Concordo com vc sobre o publico em geral, no trabalho, no meio familiar, no curso de mecanica industrial, sempre comento sobre algumas aquisicoes das FFAAs, no geral e isso mesmo, pouco interesse e muito sarcasmo, porem, comecei a me desfazer de algumas revistas e deixa-las em locais como barbearia, consultorios, e ate no servico, espero que alguem leia e se interesse pelos assuntos.
Sabe Leandro, por
nosmim compovadamente nao adianta tudo que foi investido eh tiro na agua, se nem entre os que gostam dão valor, imagina entre quem eh curioso, espero que mude, mas tive péssimos feed back em coisas extremamente diferentes que fizemos, sabe é otal negocio proporcional e como mero exemplo “Linda Foto” … ai vc pergunta: i ??? … fica no vacuo … se é que me entende …MO, Paulo e Nunao,
BZ! Ficou excelente, para mim que gosto e admiro a Patrulha Naval ficou fora de série.
Eu tenho umas fotos do Grajau, ja lhe mandei MO?
Nein Jok
A integraçao da Alça EO com o canhao é uma boa novidade.
Muito criativo o cartaz com os 12 trabalhos de Hércules,
são coisas assim que dão personalidade à um navio !
E o controle (se não me engano ) de X BOX na mesa e as capas, ao que parece, de jogos no rancho.rs Isto que é descansar em alto estilo.rs Deve rolar até campeonatos entre os tripulantes ,quando possível é claro.
Sds, parabéns pela excelente matéria.
Eu gostaria de saber quantos MR, MO, EL, DT, EF, CO, etc, é lotado em navio Classe Macaé.
Já li várias vezes a matéria. Realmente está fantástica. E as fotos que foram acrescentadas deram uma satisfação a mais.
De bate pronto tenho a foto da placa da1a guarnição, da para se ter uma ideia, vou ver com calma e te falo
Parabens! Excelentes fotos. Agora até animei fazer um modelo deste aí.
Muito bom. Parabens mesmo.
Excelente materia! Obrigado a todos, em especial ao “ostra”, pelo esforço. Valeu!
Parabéns pela lindas fotos. Só os apaixonados da trilogia para um trabalho como esse.SDS
O corte das chapas não se unem…parece uma colcha de retalhos…diferente dos Classe Amazonas…será mesmo que estamos aptos a fazer navios?
Não li esta matéria, na época estava doente ou fui suspenso(não lembro).
Matéria excelente, fotos lindas.
Parabéns atrasado a todos, coisa de Patrão como diz o JM.
Agradeço em nome do Poder Naval e do amigo Marcelo, que estava lá comigo para esta e outra matéria que, talvez, você também não tenha visto por ser na mesma ocasião. Fica a sugestão de leitura:
http://www.naval.com.br/blog/2015/08/13/esquadrao-de-treinamento-da-marinha-japonesa-em-santos-muito-mais-do-que-uma-visita/