Corte no orçamento prejudica projetos da Marinha do Brasil
Fernanda Balbino
Os cortes de orçamento do Governo Federal já afetam os planos da Marinha do Brasil. O projeto de renovação da esquadra, que incluía a compra de 27 embarcações, está suspenso e o sonho nacional de construir o primeiro submarino de propulsão nuclear do Hemisfério Sul, aguardado há 35 anos, será adiado. A Força Armada ainda precisou fazer ajustes nos cronogramas de patrulha naval para garantir a segurança das águas brasileiras.
“Temos que enfrentar essa realidade e precisamos dar a nossa contribuição, nos adaptando às novas condições de orçamento que recebemos. O que não podemos é desistir e nos desesperar. Agora, sem dúvida nenhuma, uma série de projetos da Marinha sofrerá atrasos e vamos enfrentar tal situação com essa repactuação e com esse replanejamento dos cronogramas de nossos projetos”, destaca o comandante da Marinha do Brasil, o almirante-de-esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira.
Em 2015, a previsão era de que R$ 320 milhões fossem destinados especificamente para o projeto de construção do primeiro submarino nuclear brasileiro. De acordo com o cronograma inicial, a embarcação seria lançada ao mar em 2025.
No entanto, neste ano, apenas R$ 250 milhões foram repassados pelo Governo. A previsão para 2016 também não é muito animadora. Com isso, vários planos precisaram ser revistos, inclusive a construção do reator nuclear. E não há previsão para a conclusão do projeto.
O lançamento do submarino nuclear brasileiro vai proporcionar à Marinha mais capacidade e agilidade para patrulhar e defender a zona costeira do País. A alta capacidade de mobilidade, já que o motor nuclear atinge maior velocidade, é uma característica que permite a patrulha em grandes extensões, como é o caso da costa do Brasil.
Segundo o almirante-de-esquadra, ainda há outro desafio, que é o tecnológico. “Estamos aprendendo sozinhos. Ninguém ensina a gente, pelo contrário. Há uma forte oposição do mundo, dos países que detêm a tecnologia nuclear, de transferir qualquer coisa para os trabalhos do Brasil”.
Inauguração do Grupamento de Patrulha Naval, em Santos, está suspensa
A intensificação da fiscalização das atividades relacionadas à exploração de petróleo na região de alto-mar também foi prejudicada pelo corte no orçamento da Marinha do Brasil. A patrulha continua. Porém, o plano de construção de 27 navios, que também seriam utilizados para este fim, foi suspenso por tempo indeterminado.
Esses novos navios substituiriam embarcações como o Navio de Desembarque Doca (NDD) Ceará, que já tem 59 anos de uso e deve deixar de navegar nos próximos dois anos. O NDD Rio de Janeiro é outros que já foi aposentado pela Armada.
“Realmente, uma das áreas mais afetadas é a nossa capacidade de exercer a patrulha naval no pré-sal, com área afastada, de 150 milhas da costa. Então, estamos diminuindo a quantidade de dias de mar que nós passamos naquela área e também reduzindo a encomenda de navios que se faziam necessários para que tenhamos uma patrulha eficaz na área do pré-sal”, destaca o comandante da Marinha.
FONTE: A Tribuna online, via Portos e Navios