Fotos: a Esquadra da MB neste início de 2016, na Base e no Arsenal
No segundo final de semana de janeiro de 2016, ao final de um voo São Paulo – Rio com pouso no aeroporto Santos-Dumont, foi possível fotografar alguns ângulos da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ, na Ilha de Mocanguê, do lado de Niterói da Baía de Guanabara) e do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ, na Ilha das Cobras, no lado do Rio de Janeiro da mesma baía).
Compartilho com os leitores essas imagens que mostram praticamente a totalidade da Esquadra da Marinha do Brasil (MB), com seus navios atracados aos cais das duas organizações. Oportunidade para que os leitores, nem todos familiarizados com os navios e organizações da MB, tenham uma visão geral sobre os meios da Esquadra, onde se encontram e porquê, e sobre essas duas importantes organizações de apoio (AMRJ e BNRJ).
A foto de abertura desta matéria mostra o AMRJ a partir de seu Cais Leste, junto à Ilha Fiscal, mas voltaremos a essa imagem mais à frente. Nosso passeio pelas fotos vai começar pela BNRJ, onde em geral ficam atracados os navios que se encontram prontificados para operações – embora haja exceções, como veremos – ou realizando reparos de menor complexidade que os realizados no Arsenal, entre uma comissão e outra.
Na imagem abaixo, tomada de uma distância ainda considerável para se ver mais detalhes (ainda assim, vale a pena clicar para ampliar), podemos ver o pier da base, em formato de “F”. Naquela manhã de 9 de janeiro, estavam atracados na “perna” mais externa desse “F” oito navios da Esquadra: cinco fragatas classe “Niterói” (uma delas com a proa voltada para a baía), uma fragata classe “Greenhalgh”, o navio-tanque Marajó (G27) e um navio de desembarque de carros de combate (NDCC), aparentemente o Garcia d’Avila (G29).
Ainda na imagem acima, podemos ver que na outra “perna” estavam quatro navios, uma fragata classe “Greenhalgh”, um navio-patrulha oceânico classe “Amazonas” (este afeito ao 1º Distrito Naval – 1ºDN – e não à Esquadra), um NDCC, aparentemente o Almirante Saboia (G25) e o navio de desembarque-doca (NDD) Ceará (G30). Entre as duas “pernas” do “F”, estava atracado o navio veleiro Cisne Branco (U20). Percebe-se a ausência da corveta Barroso (V34), atualmente em comissão no Mediterrâneo (UNIFIL), assim como do navio-escola Brasil (U27).
Seguindo pelo pier onde estava o navio veleiro, pouco além do ponto em que este se conecta ao cais da Ilha de Mocanguê, pode-se ver semi-encobertos pelas árvores parte da superestrutura e dos mastros de uma corveta classe “Inhaúma”. No caso, a conclusão provável é que se trata da Frontin, desincorporada recentemente (nota: após a publicação desta matéria, um de nossos leitores informou tratar-se da Inhaúma – voltaremos a esse assunto).
É comum que navios recém-desincorporados sejam ainda vistos na BNRJ, e parece ser também o caso de uma das fragatas classe “Greenhalgh” vistas na imagem. Isso porque a Bosísio foi desincorporada há pouco tempo e, como veremos, das duas que restam comissionadas, uma estava atracada ao cais do AMRJ (a Rademaker) naquele dia, restando assim (por exclusão) na BNRJ a Grenhalgh, ainda na ativa, e a desativada Bosísio.
Na imagem acima, outro ângulo que destaca os navios atracados ao pier externo da BNRJ, embora a distância (e o fato de ser uma foto tirada de celular, com zoom) não permita ver detalhes das embarcações. É possível notar também uma barcaça a contrabordo de uma das fragatas classe “Niterói”.
Continuando a nossa aproximação para pouso no Santos-Dumont e deixando a BNRJ, a foto abaixo mostra o Cais Norte do AMRJ, onde tradicionalmente é atracado o navio-aeródromo da Esquadra – no passado, o NAeL Minas Gerais (A11) e atualmente o NAe São Paulo (A12). Independentemente dos porta-aviões estarem em reparos ou não, o Cais Norte do AMRJ sempre serviu como sua base ao longo das décadas, mesmo após a inauguração da BNRJ em 1977 (ainda como Estação Naval, renomeada Base Naval em 1986). Aliás, mesmo antes de navios-aeródromos fazerem parte da MB, e antes da implantação da BNRJ, quando o AMRJ fazia as vezes tanto de Arsenal como de Base, os grandes navios da esquadra como os encouraçados São Paulo e Minas Gerais atracavam no Cais Norte, que é o mais extenso do Arsenal.
Podemos ver nas imagens acima e abaixo que o São Paulo tem a companhia próxima, no Cais Norte, de uma fragata classe “Greenhalgh”. Clicando na foto abaixo para ampliar, percebemos ser a Rademaker (F49). Um pouco além, está uma fragata classe “Niterói”, a Defensora (F41). Esta última se encontra há vários anos realizando PMG (Período de Manutenção Geral) no Arsenal.
Junto à proa do São Paulo, pode-se ver parte da porta (pintada de preto) do dique Almirante Régis, o maior do AMRJ, capaz de docar o navio-aeródromo de 265 metros de comprimento, 51m de boca e cujo deslocamento totalmente carregado ultrapassa 32.000 toneladas. Na foto acima, percebe-se ao fundo o recém-inaugurado Museu do Amanhã com sua arquitetura surpreendente, construído sobre o antigo Pier Mauá. Falaremos dele mais tarde. Mais além, dois navios de cruzeiro.
A imagem acima mostra, também junto à entrada do dique, o navio-tanque Almirante Gastão Motta (G23). Percebe-se que estão sendo feitos trabalhos de manutenção no convés de sua superestrutura, à ré da chaminé, o que é denunciado pela pintura vermelha anticorrosão exposta.
Nas três fotos abaixo, além do Gastão Motta atracado ao Cais Norte já podemos ver o NDCC Mattoso Maia (G28) atracado ao Cais Leste. O navio é mais uma unidade da Esquadra que passa por um longo PMG.
Já próximos de tocar a pista do Santos-Dumont, surge em destaque junto ao Mattoso Maia a Ilha Fiscal, que é ligada à Ilha das Cobras por um molhe (atracável) formando uma grande doca abrigada (não confundir com dique). Esta doca abriga tanto parte do Cais Leste quanto o Cais Sul Interno.
Nesse trecho abrigado do Cais Leste podemos ver na foto abaixo (a mesma da abertura desta matéria) uma corveta classe “Inhaúma”. Provavelmente é a própria líder da classe (V30), embora o indicativo visual esteja coberto por pintura cinza, pois há alguns anos o navio ocupa essa posição, passando por longos reparos. (Nota: após a publicação desta reportagem, um de nossos leitores comentou que o navio seria, na verdade, a desativada Frontin, o que faria sentido por já se ver diversos sensores e armas retirados, além de pintura cinza cobrindo o antigo indicativo no casco, contrastando com a visão dos sensores instalados na corveta parcialmente visível na BNRJ, mencionada mais acima.)
Já na parte interna do Cais Sul, estão atracadas há alguns anos outras duas corvetas da classe, a Júlio de Noronha (V32) junto ao cais, com a Jaceguai (V31) a contrabordo. A Júlio de Noronha está mais próxima de terminar seu período de manutenção, após sofrer reparos extensos, em especial no sistema de propulsão.
Continuando na foto acima, vale acrescentar que, atrás das duas corvetas atracadas ao Cais Sul, está o navio-patrulha oceânico Warao (PC 22) da Venezuela, que passa por reparos no AMRJ após ter se acidentado no litoral brasileiro. Também a título de curiosidade, já que não fazem parte da Esquadra (objeto desta matéria), podemos ver quatro navios-patrulha do 1º Distrito Naval no Molhe Sul, que se inicia junto às carreiras de construção e conecta-se ao Molhe Leste (o qual está conectado à Ilha Fiscal). Três deles, mais à esquerda na imagem, são da classe “Grajaú”, seguidos por um exemplar da classe “Macaé”.
Mais atrás, perto das carreiras, estão outras embarcações de pequeno porte. Os navios-patrulha do 1º DN utilizam esse molhe como base. Bem ao fundo da parte esquerda da foto, e já no cais do continente, está atracado o navio-museu Bauru do Espaço Cultural da Marinha (atualmente fechado devido às obras viárias que se seguiram à derrubada da Perimetral).
Ainda sobre as corvetas, no dia 11 de janeiro, durante o taxiamento no Santos-Dumont para o voo de volta a São Paulo, foi possível fotografá-las em outro ângulo a partir da janela da aeronave. São as duas imagens abaixo. Na primeira vê-se também a proa do Mattoso Maia, enquanto na segunda, olhando mais à esquerda, destacam-se o galpão da Oficina de Submarinos (com a sigla AMRJ sobre sua grande para entrada e saída dos submarinos), estando atracado no cais contíguo o dique flutuante Almirante Schieck. Pelo ângulo raso das imagens, não foi possível conferir se algum submarino estava naquele dique, o que era uma visão bastante comum nos últimos anos para qualquer um que frequentasse a região do AMRJ, seja naquele cais ou no Cais Oeste.
Falando em submarinos, do dia 10 de janeiro uma visita à área externa do recém-inaugurado Museu do Amanhã (já mencionado mais acima) permitiu tirar fotos de vários detalhes do Cais Oeste do AMRJ, onde normalmente se concentram esses meios quando em manutenção. Os mais atentos perceberão claramente o perfil de um submarino classe “Tupi” perto do centro da imagem abaixo, que mostra todo esse lado do Arsenal.
A imagem seguinte, bem mais aproximada, permite ver com clareza o perfil do submarino e identificá-lo como o líder da classe, o Tupi (S 30), que há pouco tempo havia chegado às etapas finais de seu segundo PMG. Outros detalhes estão mais “escondidos” na imagem completa acima, e vale a pena checar outras fotos para percebê-los.
Na imagem abaixo, na direção da proa do Tupi, estão as portas dos outros dois diques do AMRJ, o Almirante Jardim, mais próximo à proa do submarino e cuja porta está pintada de preto, e o menor deles, o dique Santa Cruz, mais distante e com porta na cor cinza. Este último recebeu uma cobertura há alguns anos e passou a ser empregado prioritariamente na docagem de submarinos da Marinha. Aliás, clicando na imagem e olhando com atenção, por entre os pilares da cobertura, uma pequena silhueta escura denuncia a existência de uma vela de submarino em seu interior.
Para não haver dúvidas, a imagem abaixo, com a câmera apontada diretamente para a entrada do dique, mostra claramente a vela no centro do mesmo. Conclui-se que outro submarino dos cinco da classe “Tupi” / “Tikuna” da MB está docado no Almirante Jardim. Somando-se ao Tamoio, que em novembro de 2014 foi colocado na Oficina de Submarinos em manobra de “Load In” para corte de casco, troca e revisão de componentes internos em seu PMG em andamento (e que por isso mesmo não teria como aparecer nas fotos), podemos concluir que ao menos três dos submarinos passam por fases diferentes de manutenção no AMRJ. (Nota: outra fonte do Poder Naval informou, após a publicação desta matéria, que o submarino no dique é o Tikuna, que sofreu danos em seu casco externo de fibra durante comissão no Sul do Brasil em meados de 2014 e para o qual foi encomendado um hélice sobressalente ao final daquele ano – há matérias sobre esses assuntos aqui no site.)
Finalizando as imagens captadas a partir da área externa do Museu do Amanhã (cujas vistas que proporciona e a própria arquitetura impactante convidam a dedicar algum tempo a essa área exterior), podemos ver a já mencionada fragata Defensora, que passa por PMG também há vários anos no Arsenal.
Olhando com atenção, é possível ver que, além dos radares de busca e de navegação não estarem dos mastros (o que é comum durante os reparos, pois são levados para as oficinas do Arsenal), uma outra ausência bem menos comum é percebida: o lançador do lançador de foguetes antissubmarino Boroc foi retirado da plataforma logo atrás do canhão principal. Uma fragata classe “Niterói” sem o Boroc, mesmo em reparos, não é uma visão frequente.
Em resumo, pudemos conferir nas imagens acima os seguintes navios da Marinha do Brasil atracados à BNRJ e ao AMRJ:
Base Naval do Rio de Janeiro: cinco fragatas classe “Niterói”, duas fragatas classe “Greenhalgh” (uma delas desativada), um navio-tanque, dois navios de desembarque de carros de combate, um navio de desembarque-doca, um navio-patrulha oceânico (classe “Amazonas”, do 1º Distrito Naval), um navio-veleiro e uma corveta (desativada).
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro: uma fragata classe “Niterói”, uma fragata classe “Greenhalgh”, um navio-aeródromo, um navio-tanque, um navio de desembarque de carros de combate, três corvetas classe “Inhaúma” e dois submarinos classe “Tupi” / “Tikuna”, além de quatro navios-patrulha (do 1º DN, que utilizam o Molhe Sul como base).
Ausências percebidas foram da corveta Barroso (V34) que como mencionamos está no Mediterrâneo, do navio-escola Brasil (U27), que no final do ano passado completou sua 29ª Viagem de Instrução, mas acabou não enquadrado em nenhuma foto (outro leitor comentou que o navio está docado no dique da BNRJ, não mostrado nas fotos) e dos demais submarinos da Esquadra, devido a um deles estar oculto pela Oficina de Submarinos do AMRJ e, quanto aos restantes, por não ter sido fotografada a Base Almirante Castro e Silva, que abriga as unidades quando não passam por reparos extensos ou navegam em suas comissões.
ADEREX 2016 – Uma parte dos navios da Esquadra que vimos atracados à BNRJ nas fotos daquele primeiro final de semana de janeiro suspenderam (saíram) em comissão uma semana depois. Trata-se da ASPIRANTEX 2016, iniciada no dia 18 e programada para terminar no próximo dia 28. São seis meios da Esquadra que participam da comissão: NDCC Garcia D’Avila e Almirante Saboia, fragatas Constituição, Liberal e Greenhalgh, e submarino Tapajó.