Maersk cresce com crise da sul-coreana Hanjin
A Maersk Line, o maior grupo mundial de transporte marítimo de contêineres, está se beneficiando da aparente fuga rumo à segurança que se seguiu ao pedido de falência de sua concorrente sul-coreana Hanjin. A empresa dinamarquesa incorporou novos clientes em rotas comerciais significativas.
Jakob Stausholm, diretor de estratégia e de transformação da Maersk, disse que o grupo abriu uma rota transpacífica a fim de absorver a demanda formada pelos clientes da Hanjin.
“Neste exato momento, estamos observando uma grande demanda da parte dos clientes, que tentamos atender”, disse Stausholm. “Muitos clientes buscam soluções da nossa parte.”
Outro dirigente da Maersk afirmou: “Os clientes querem uma empresa financeiramente sólida, e é por isso que estão nos procurando.”
O pedido de falência da Hanjin Shipping repercutiu sobre todo o setor de transporte marítimo de contêineres, que amarga uma baixa recorde das taxas de frete em meio a um excesso de capacidade crônico.
Em termos do número de contêineres envolvido, a falência da Hanjin é mais de seis vezes maior que a de qualquer outra do setor marítimo até agora, de acordo com a provedora de dados de transporte marítimo Alphaliner.
Isso levou Gerry Wang, o diretor executivo da empresa de arrendamento de navios porta-contêiner do armador canadense Seaspan, a dizer à Bloomberg que “as consequências da [falência da] Hanjin Shipping são como as da [falência do] Lehman Brothers para os mercados financeiros”. A Seaspan gere quatro navios para a Hanjin e tem outros três afretados para o grupo sul-coreano.
M/V Cosco Vietnam, de propriedade da Seaspan, afretado a Cosco
Dezenas de navios da Hanjin – a sétima maior linha de contêineres do mundo – estão parados no mar, portando uma carga estimada em US$ 14 bilhões.
Stausholm minimizou o impacto da falência, argumentando que colapsos desse tipo são normais quando as empresas enfrentam dificuldades, como é o caso, atualmente, de muitas do setor de transporte marítimo de contêineres. “Não deveríamos encarar isso como tão dramático”, disse ele. “Está certo que se trata de um setor muito competitivo, e está certo que as taxas de frete alcançaram uma baixa recorde de todos os tempos. Mas, quando as empresas não estão gerando fluxo de caixa, fica difícil continuar.”
FONTE: Valor, via Portos e Navios
Fotos: Silvio Roberto Smera e Marcelo ‘MO’ Lopes